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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No Consultório, retoma-se o tema da pontuação do discurso direto e das frases intercaladas associadas, bem como o emprego de terno na aceção de «indumentária de três peças» (aquilo a que se chama fato em Portugal). Três perguntas completam a atualização, uma sobre a identificação dos valores aspetuais de uma frase, outra a respeito do aportuguesamento de um latinismo e outra, ainda, acerca dos significados de predisposição, suscetibilidade e vulnerabilidade na área da saúde.

2. A região do Alentejo é conhecida pelos seus apelidos, muitos com origem em alcunhas, como é o caso de Cavalão, nome de família que pode ter origem na alusão ao feitio irrequieto de um antepassado. A propósito deste tema, a Montra de livros apresenta o Tratado das Alcunhas Alentejanas, da autoria de Martins Ramos e Carlos Alberto da Silva (Edições Colibri, 4.ª edição, 2013), que reúne perto de 13 mil alcunhas alentejanas, precisando a sua origem e distribuição nesta região do sul de Portugal.

Em Portugal, apelido e alcunha são, respetivamente, sobrenome e apelido no Brasil.

3. Na rubrica O Nosso Idioma fica em linha um apontamento da linguista Ana Sousa Martins sobre o uso do pronome pessoal nós no discurso público referente ao problema da violência doméstica em Portugal (texto originalmente lido na rubrica "Cronigramas", do programa de rádio Páginas de Português, do dia  17/03/2019).

4. Capitão tem o feminino capitã, segundo os dicionários gerais, mas o título do filme norte-americano Captain Marvel, em exibição, levanta problemas à tradução. No Brasil, diz-se e escreve-se Capitã Marvel, mas, em Portugal, a obra é anunciada como Capitão Marvel, porque, conforme declarações prestadas à revista Visão pelo gabinete de Relações Públicas da Forças Armadas Portuguesa, «não existe capitã nem aqui, nem em nenhum ramo das Forças Armadas». Por outras palavras, em Portugal, falando de hierarquia militar, os postos são denotados pelos nomes masculinos, que assim se tornam nomes comuns de dois géneros, como já assinalámos na resposta "Ainda o feminino de capitão" (19/03/2013). 

5. Dois registos finais para eventos organizados com o objetivo de conhecer melhor e promover a nossa língua comum:

– a experiência estimulante que foi trazer a companhia de teatro Furabolos, da Galiza a Lisboa, para descobrir que, afinal, portugueses e galegos ainda se entendem (pelo menos, linguisticamente), conforme relata Fausta Cardoso Pereira, no texto "Galego-português – da teoria à prática", publicado na revista digital galega Palavra Comum em 15/03/2019;

– o anúncio da realização do XXXI Colóquio da Lusofonia, marcado para  os dias 12 e 15 de abril de 2019, em  Belmonte (Castelo Branco), em Portugal – em destaque os 20 anos do referendo que conduziu à independência de Timor-Leste.

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1. Os erros devem ser evitados e corrigidos. Não é novidade. Novidade será eventualmente pensarmos que há erros que persistem e que se expandem a tantos falantes que parece que passaram a ser moda. No Nosso Idioma, a linguista Carla Marques traz-nos um apontamento sobre cinco erros de ortoépia que ouvimos frequentemente.

 2. O ensino da língua pode ser perspetivado de inúmeras formas. A professora Lúcia Vaz Pedro desenvolve uma reflexão sobre a importância da literatura no processo de ensino-aprendizagem do Português. Um percurso estruturante que não descura a fruição. 

3. Também sobre ensino, agora da escrita, reflete a professora Rosa Maria Oliveira, que divulga no jornal digital Observador um artigo (aqui transcrito com a devida vénia) sobre a possibilidade de motivar os alunos para o desenvolvimento desta competência através de processos criativos e significativos. 

4. Não obstante a persistência de muitos erros, os falantes revelam preocupação com a correção linguística, como o comprova a questão relacionada com a correção das construções «estar a caminho», «pôr-se a caminho» ou «ir a caminho». Por vezes, são as combinações de palavras que intrigam os utilizadores da língua: há diferença entre «estar para vir» ou «estar por vir»? A evolução das palavras e das expressões é também um assunto que cativa os falantes: como se processou a evolução fonológica de dous para dois? E qual a expressão que surgiu em primeiro lugar: «siga para Vigo» ou «siga para bingo»? Ainda uma hesitação na classificação de um ato ilocutório: diretivo ou expressivo? Estas são as respostas disponíveis na nova atualização do Consultório.

5. Entre os eventos relacionados com a língua, destacamos o projeto Café com Letras – Encontro com a Literatura, que vai promover uma conversa aberta com Fátima Fernandes, professora da Universidade de Cabo Verde e membro da cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa. Acontecerá no dia 15 de março, na cidade da Praia, em Cabo Verde. 

6. De língua e de política de língua fala Edleise Mendes, professora da Universidade Federal da Bahia, no programa Língua de Todos, transmitido na RDP África, na sexta-feira, dia 15/03, às 13h15* (com repetição  no dia seguinte, depois do noticiário das 09H15*), abordando a questão do papel do Brasil na promoção do português no mundo e particularmente em África, no âmbito do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e a sua articulação com Portugal. No programa Páginas de Português, na Antena 2, Paulo Dias, reitor da Universidade Aberta de Lisboa, detalha as  novas ofertas de ensino a distância em língua portuguesa (no domingo, dia 17/03, às 12h30 **, com repetição no sábado seguinte, dia 23/03, às 15h30**)

* Hora oficial de Portugal continental, ficando o programa disponível, posteriormente, aqui e aqui.  

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A diferença de significado entre as formas verbais vivo e vivi não se resume a uma questão de valores temporais pelo contraste entre presente e pretérito, porque há que considerar também os chamados valores aspetuais, como evidencia uma pergunta dirigida ao Consultório, onde também se aborda outro tema da semântica, a modalidade. Outras perguntas desta atualização: diz-se «grato a alguém», ou «grato por alguma coisa»?  Aluno e estudante são sinónimos? Qual a origem do nome próprio Gertrudes?  Por último, um retorno à questão de saber se, a par de «cancro do estômago», com artigo definido, se pode empregar «cancro de estômago», sem artigo definido depois da preposição.

2. Sabemos como, em Portugal e noutros países, a variação linguística regional está a passar por grandes transformações, mas há regiões que vão mantendo uma forte personalidade dialetal, como parte do seu património – é o caso do Alentejo.  Na Montra de Livros, apresenta-se Dialeto Alentejano, publicado pela primeira vez em 2011 e da autoria da Manuela Florêncio, que o escreveu como trabalho académico, visando sistematizar os estudos do grande filólogo português Leite de Vasconcelos (1858-1941) sobre os dialetos alentejanos. Na mesma rubrica, a reedição do Dicionário de Insultos, da autoria de Sérgio Luís Carvalho e agora com colaboração do jornalista Fernando Alvim, é motivo para uma nota de atualização na apresentação que, em 2014, o Ciberdúvidas dedicou a este livro.

3. Mandado ou mandato? Descriminar ou discriminar? Adesão ou aderência? São todas palavras corretas, mas umas são parónimas, outras são da mesma família e quase sinónimas, pelo que é fácil confundi-las e a questão está em saber usá-las. Da edição eletrónica da revista Visão (10/03/2019), a rubrica O nosso idioma transcreve com a devida vénia um texto da professora e consultora linguística Sandra Duarte Tavares, no qual se retoma o tema de Pares Difíceis da Língua Portuguesa (2015) e Mais Pares Difíceis da Língua Portuguesa (2017), obras escritas com Sara de Almeida Leite.

4. As notícias publicadas em Portugal continuam a dar conta das negociações do Brexit, isto é, da saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Uma palavra sobressai, nem sempre traduzida pela comunicação mediática portuguesa – falamos de backstop,  termo inglês que se distingue pela polissemia. Geralmente evoca a ideia do que se põe atrás de alguma coisa, como barreira, vedação ou apoio (cf. Oxford English Dictionary). Assim se compreende que, na terminologia do beisebol (ou basebol), se conte como designação da rede de segurança por trás do recetor para proteger o público das bolas (mal) arremessadas. No contexto do Brexit, o anglicismo aplica-se à situação da fronteira entre o Reino Unido e a República da Irlanda, para a qual a UE propõe uma solução de recurso, de modo a garantir o livre trânsito entre as duas Irlandas num período de transição. Em português mediático, já ocorreram expressões como «solução de recurso» e «rede de segurança» (ver artigo da jornalista Sara Antunes de Oliveira, "Brexit. 5 pontos para compreender o impasse de uma fronteira", no jornal Observador, 18/10/2019); mas, olhando para o lado, lendo o que se faz em espanhol, registe-se que a Fundéu-BBVA recomenda solución de salvaguardia (ou de salvaguarda), solución de último recurso ou simplesmente salvaguardia (ou salvaguarda), traduções que encontram formas semelhantes ou até iguais em português. Em resumo, o caprichoso termo inglês equivale, entre outras opções, a salvaguarda, a «solução de recurso», ou, ainda, evitando seguidismo do português relativamente ao castelhano, garantia – quando o tema é o Brexit, cujo nome, recorde-se, se pronuncia "brécsit" ou "brégzit".

5. Entre notícias à volta da dinâmica das línguas e da sua interação em diferentes pontos do globo, mencione-se um texto publicado no jornal Público (12/03/2019), a respeito de como a hegemonia do inglês à escala mundial parece dar agora espaço à concorrência de outros idiomas – o espanhol, por exemplo. E registe-se ainda um artigo em inglês sobre a comunidade dos burghers portugueses do Sri Lanka, uma comunidade que conserva um crioulo de base portuguesa, em risco de desaparecimento.

6. Qual o papel do Brasil na promoção do português no mundo e particularmente em África, no âmbito do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e a sua articulação com Portugal? Este é o tema principal do programa Língua de Todos, na RDP África, de sexta-feira, dia 15/03, às 13h15* (com repetição  no dia seguinte, depois do noticiário das 09H15*), em conversa com Edleise Mendes, professora da Universidade Federal da Bahia. O programa Páginas de Português, na Antena 2, no domingo, dia 17/03, às 12h30 ** (com repetição no sábado seguinte, dia 23/03, às 15h30**), centra-se numa entrevista a Paulo Dias, reitor da Universidade Aberta de Lisboa, sobre as novas ofertas de ensino a distância em língua portuguesa.

* Hora oficial de Portugal continental, ficando o programa disponível, posteriormente, aqui e aqui. 

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1. A nova atualização do Consultório mostra-nos as múltiplas abordagens que as palavras permitem: a sua pronúncia e história (nome xibolete), o seu significado metafórico (verbo girar), a sua função sintática (advérbio quase) e as suas relações semânticas (pai família).  

2.  No âmbito das notícias relacionadas com a língua, destaque para:

— As eleições legislativas na Guiné-Bissaurealizadas no domingo, dia 10 de março (para mais detalhes, consultar artigo do jornal Observador), que marcam um momento importante na história recente do país que aqui assinalamos recordando um conjunto de itens que foram publicados no Ciberdúvidas:

Algumas questões linguísticas relacionadas com a Guiné-Bissau disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: A língua e os nomes na Guiné-BissauCom 310 mil palavras de cinco países, VOC é um monumento da  lusofonia + a notícia da eleição de Icanha Itunga para diretor-executivo do IILP e algumas respostas relacionadas com a grafia e gentílicos (aqui, aqui e aqui). Também alguns programas de rádio, da responsabilidade do Ciberdúvidas na RDP África e na Antena 2, com assuntos deste âmbito foram tratados aqui, aqui e aqui). E, ainda, os artigos de Odete Semedo, escritora e investigadora do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas da Guiné-Bissau;

— O lançamento de dois cursos em língua portuguesa, no próximo ano letivo, na Universidade da Califórnia, relacionados com a literatura portuguesa, brasileira e cultura açoriana (mais detalhes na notícia);

— O alargamento do programa de ensino complementar do português à Suiça, um projeto que já deu os primeiros passos no Luxemburgo e na África do Sul (notícia IILP). 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O ensino da gramática é uma necessidade. Em O nosso idioma, um apontamento da professora Lúcia Vaz Pedro sublinha a importância do conhecimento explícito do funcionamento da língua na aprendizagem formal e na comunicação do dia a dia. Na mesma rubrica, o episódio de uma mãe apreensiva com as queixas  do filho, numa urgência hospitalar em Luanda, é pretexto para o jornalista e professor angolano Edno Pimentel criticar o abuso de termos especializados numa crónica que, com a devida vénia, se transcreve do semanário angolano Nova Gazeta, do dia 7 de março de 2019.

2. Ao consultório, regressam os problemas de análise gramatical com duas respostas, uma à volta de orações subordinadas e outra sobre os complementos do verbo encontrar. Recorda-se também que o acento gráfico de certas palavras desaparece nos seus derivados, como acontece em cafezinho, formado a partir de café ou de Alvarinho, diminutivo (ou melhor, hipocorístico) de Álvaro. E, evocando ainda o Carnaval de 2019, fala-se de nógado, nome de um doce muito apreciado em certas sub-regiões do Alentejo.

3. Comemora-se, na data de 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, depois de na véspera se ter assinalado pela primeira primeira vez em Portugal o Dia de Luto, em protesto contra a chamada violência de género e o machismo, que infelizmente continuam a fazer vítimas. Entre os eventos de caráter político e cultural destas datas, conta-se o I Mulherio das Letras em Portugal, que decorre até 10 de março p. f., em diferentes pontos de Lisboa, com o «objetivo de contribuir para a difusão da produção cultural e artística de autoria feminina» (notícia da agência Lusa de 7/03/2019, difundida em diversos meios de informação). No encontro, participam Maria Teresa Horta, Lídia Jorge, Ana Paula Tavares, Julieta MonginhoAna Margarida de Carvalho e Rita Taborda Duarte (idem).

Sobre estes temas, consultar no Ciberdúvidas: "Machismo, feminismo e igualitarismo", "Os avós e o machismo da língua portuguesa", "Feminismo e 'femeísmo'", "Feminicídio ≠ uxoricídio", "Ginocídio e feminicídio", "'Machista' e 'heteropatriarcal', a língua portuguesa?", "Os géneros das palavras", "Eles são elas e elas são elas?", "O símbolo @ nos plurais que denotam ambos os géneros".

4. A visita oficial do presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, a Angola, marca um novo ciclo das relações diplomáticas dos dois países – ultrapassado que foi o «irritante [caso] Fizz» e os incidentes ocorridos nos finais de janeiro em Portugal, no Bairro da Jamaica, no Seixal. Pretexto para o Presidente português, com sua conhecida eloquência, recorrer a um curioso jogo retórico, tirando partido do uso nominal dos adjetvos irritante, insignificante e importante: «Verdadeiramente significativos não são os "irritantes" do passado, nem os "insignificantes" do presente, mas, sim, os importantes do futuro. (...) [A] diferença entre um político e um estadista é que o político se prende aos "irritantes" e aos "insignificantes" e o estadista olha para os importantes.»

Sobre o português de Angola, consultem-se os registos áudio e as sinopses de Mambos da Língua, um programa de José Mário Costa para a Rádio Nacional de Angola, transmitido entre 2014 e 2015. Ver também "A língua portuguesa em Angola". Acerca da política de língua deste país e da sua resistência ao Acordo Ortográfico de 1990, leiam-se os seguintes artigos: "Sobre a aprendizagem das línguas nacionais em Angola", "Angola, o Acordo Ortográfico e o seu vocabulário nacional", "Angola e o Acordo Ortográfico", "Angola em desacordo".

5. Entre as notícias respeitantes à língua portuguesa, fazemos registo:

– do falecimento da professora galega Pilar Vázquez Cuesta (1926-2019), grande académica e estudiosa da língua portuguesa e das suas literaturas, que muitos conhecerão por uma obra fundamental, primeiramente publicada em espanhol, pela Editorial Gredos, e depois traduzida para português pelas Edições 70 – falamos da Gramática da Língua Portuguesa, escrita com Maria Albertina Mendes da Luz;

– da primeira edição do Abecedário_Festival da Palavra, a decorrer em Lisboa de 8 a 11 de março, para valorizar a língua e a literatura portuguesas, bem como divulgar pequenas livrarias de rua (mais informação aqui e nas Notícias).

– da posição cimeira do português entre as línguas faladas no hemisfério sul;

– do lançamento de dois cursos em Língua Portuguesa e Estudos Portugueses na Universidade Estadual da Califórnia, em Fresno, nos Estados Unidos, no ano letivo de 2019/2010.

6. Nos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para rádio pública portuguesa* são temas principais:

– no Língua de Todos, emitido na RDP África, sexta-feira, 8 de março, às 13h15* (com repetição no sábado dia 9 de março, depois do noticiário das 9h00*), o estudo O Mito da Facilidade e o Ensino da Gramática no Processo de Ensino - Aprendizagem de PLE em zona fronteiriça entre o sul da Andaluzia e o Algarve – alguns casos de estudo, de Giselle Menezes Mendes, professora de Português da Universidade Pablo Olavide de Sevilha;

– no programa Páginas de Português, na Antena 2, no domingo, dia 10/03, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, dia 16/03 de março, pelas 15h30*), a importância da utilização de diversos géneros textuais no ensino da língua, numa conversa com Maria Antónia Coutinho, professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

* Hora oficial de Portugal continental, ficando o programa disponível, posteriormente, aqui. e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No Consultório da presente atualização do Ciberdúvidas, comenta-se um exemplo de elipse linguística, revela-se o contributo de um advérbio para dois tipos de coesão textual e mostra-se que os adjetivos aceitam a junção de sufixos de aumentativo. Além disso, retoma-se um tema dos estudos de dialetologia em Portugal e procura-se um critério para o uso da vírgula para certos casos menos convencionais de colocação frásica.

Na imagem, ilustração de Stuart Carvalhais (1887-1961) na capa da revista Ilustração Portugueza, em 6/03/1916.

2. Comparando línguas, notamos frequentemente que a verbalização de um mesmo conceito em diferentes línguas manifesta visões do mundo contrastantes, se não opostas. Em O nosso idioma, transcreve-se o texto que o jornalista e escritor brasileiro Nelson Motta assinou na edição de 15/02/2019 do jornal brasileiro O Globo, a propósito de como os idiomas podem esconder atitudes muito diferentes perante as finanças, a política e a justiça.

3. Quatro registos da atualidade:

– O apontamento do tradutor e escritor Marco Neves, que no blogue Certas Palavras, falando de um livro de um outro escritor, o chefe de cozinha Anthony Bourdain (1956-2018), evoca a cidade norte-americana de Provincetwon, no Cabo Cod (Massachusetts), cuja cultura era até há poucas décadas marcada pela presença de portugueses, dos quais hoje pouco mais resta a não ser memória. Assinale-se, porém, que, na costa nordeste dos Estados Unidos, perduram ainda comunidades portuguesas, sobretudo de origem açoriana, que têm chamado a atenção de quantos intervêm em matéria de política linguística. Sobre este assunto, leia-se, por exemplo, um estudo já com alguns anos, O Ensino da Língua Portuguesa nos EUA, coordenado por Luís Reto.

– O alerta feito em 28/02/2019 na Universidade da Beira Interior (Covilhã), na sessão de lançamento do livro Portugal/Brasil/PALOP – Relações Culturais, no sentido de evitar que as diferenças "saudáveis" entre os vários países de língua oficial portuguesa se tornem disparidades e levantem “muros” ou acarretem discriminação.

– Uma nova encenação de um dos maiores textos clássicos do teatro em português, Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett (1799-1856). A estreia é em 1 de março em Lisboa, no Teatro Nacional D. Maria II.

– A publicação do terceiro volume de Contos com Nível, uma publicação da Lidel com autoria de Ana Sousa Martins, coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa. Trata-se de um livro que apresenta contos concebidos para quem estuda o português como língua segunda ou língua não materna.

4. Recordemos os temas centrais dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa. No Língua de Todos* (emitido pela RDP África) convida-se José Carlos Adão, adjunto da coordenação do Instituto Camões em Nova Iorque, para falar do projeto-piloto que elevou o português (em novembro de 2018) a uma das dez línguas ensinadas na Escola Internacional das Nações Unidas. No Páginas de Português** (na Antena 2), entrevista-se Cristina Vieira da Silva, professora da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti do Porto sobre a importância do conhecimento gramatical entre futuros docentes.

 Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 1 de março, 13h15, com repetição no sábado, dia 2 de março, depois do noticiário das 9h00 + **Páginas de PortuguêsAntena 2, 3 de março, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 8 de março, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

5. Em tempo de Carnaval, as atualizações do Ciberdúvidas fazem uma brevíssima pausa durante este tempo festivo, com regresso marcado já para 8 de março p. f. Entretanto, respiguemos ditos que, sobre o tema, se fixaram na língua: do convite à transgressão do recorrente «é Carnaval, ninguém leva a mal» ao prudente «lá por ser Carnaval, há quem leve a mal», passando pelo melancólico ditado «namoro de Carnaval, não chega ao Natal», em contraponto às máscaras da folia. Mas, enquanto não chega a Quaresma, juntemo-nos à festa (enquanto ela dura), lendo uma seleção das respostas e artigos em arquivo: "Portugal, Alentejo, no Carnaval", "'Enfezar o Carnaval': etimologia", "'Enfezar o Carnaval', mais uma vez", "Entrudo, novamente", "Natal, Carnaval, Páscoa: palavras variáveis", "A palavra confete", "Do Carnaval ao futebol", "O Carnaval e o futebol são o ópio do povo", "Partidas de Carnaval", "Chrónica de Carnaval", "Sobre a origem de Quaresma".

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1. Os falantes procuram muitas vezes a palavra que expressa uma determinada ideia. É esse o fundamento de uma das questões colocadas no Consultório que procura a expressão que signifique "a um só tempo". Noutras situações são os sentidos que são sondados, como acontece em «Qual a diferença entre trabalho cooperativo e trabalho colaborativo?» Os usos estão também, agora e sempre, na base de inúmeras dúvidas com que os falantes se deparam na sua experiência de língua: «Diz-se «O tempo é de cerca de 30 minutos» ou «O tempo é cerca de 30 minutos»?», «Cancro de mama ou da mama?», «Posso dizer "nem nenhum"?» e «Quais os modos verbais a usar numa oração subordinada exclamativa introduzida por "Que bom"?». Ainda uma nova nota na resposta relativa ao símbolo do litro (ml ou mL?)

2. Os pais podem assumir um papel fundamental na orientação do estudo dos filhos. Centrando-se na especificidade da disciplina de Português, a professora e formadora Lúcia Vaz Pedro inicia a sua colaboração regular no Ciberdúvidas com um conjunto de conselhos envolvendo diferentes áreas do português. Uma forma de orientar o trabalho dos alunos, disponível na secção Ensino

Cf. Volta ao mundo a bordo da palavra pai

3. A força da narração de histórias é-nos trazida pela professora Sandra Tavares Duarte, que, na sua crónica, nos explica a importância das narrativas na comunicação e, em particular, no mundo dos negócios (na área da publicidade, por exemplo). Uma ferramenta que desperta o lado emocional dos seres humanos e que, por essa mesma razão, é muito eficaz (disponível na rubrica O Nosso Idioma).

4.  Na Montra de Livrosapresenta-se a obra O Piropo Nacional, da Editora Guerra e Paz. Uma obra onde se reúnem piropos de diferentes naturezas e origens: do mais galante ao mais brejeiro. 

5. Registo para algumas curiosidades de âmbito linguístico:

— No mundo, encontramos línguas plenas de vitalidade, faladas por milhões de pessoas. De acordo com o sítio Ethnologue, a língua portuguesa é a sétima língua mais falada do mundo (com cerca de 220 milhões de falantes), numa lista em que o chinês, com os seus dialetos, ocupa o primeiro lugar, seguido do espanhol, do inglês,  do hindi (língua oficial da Índia), do árabe e do bengali (língua oficial do Bangladesh) (mais informações aqui). 

— Noutro plano, muitas línguas vivem uma fase de declínio, estando à beira da extinção. É o caso do ladino, língua também conhecida como judeu-espanhol, que está em risco de desaparecimento, apenas com cerca de 100 mil falantes, muitos dos quais já idosos. Esta era a língua falada no passado pelas comunidades judaicas em Portugal e em Espanha. Segundo a linguista Susanna Zaraysky, «a língua tem duas variantes principais, a Haketia, originária do Norte de África – uma mistura do espanhol do século XV com árabe, hebreu e francês – e os dialetos de judeu-espanhol que se desenvolveram nos Balcãs e na Turquia – uma mistura do espanhol do século XV com influências de turco, grego, hebreu, árabe, francês e línguas eslavas» (notícia desenvolvida aqui);

— No interior da própria língua, assistimos à criação e ao desaparecimento de palavras. Uma nota para a palavra parassuicídio, um termo inusitado que refere atitudes suicidas que não implicam risco de morte ou comportamentos de risco que revelam que o indivíduo não se preocupa com a possibilidade de poder desencadear a sua morte (Dicionário Infopédia em linha). Esta é uma palavra formada pela junção do prefixo para-, que significa «além de»  ao nome suicídio. A junção do prefixo a uma base iniciada por -s- determinou a grafia com dois -ss-, de acordo com a regra já presente no Acordo Ortográfico de 1945

 6Divulgamos aqui os temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa. O Língua de Todos* (emitido pela RDP África) contará com José Carlos Adão, adjunto da coordenação do Instituto Camões em Nova Iorque, para falar do projeto-piloto que elevou o português (em novembro de 2018) a uma das dez línguas ensinadas na Escola Internacional das Nações Unidas, um estabelecimento de ensino privado fundado em 1947, em Nova Iorque, onde estuda a generalidade dos filhos dos funcionários da ONU. No Páginas de Português** (na Antena 2), passará uma entrevista com Cristina Vieira da Silva, professora da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti do Porto sobre o conhecimento gramatical de futuros docentes: implicações para a formação de professores.

 Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 1 de março, 13h15, com repetição no sábado, dia 2 de março, depois do noticiário das 9h00 + **Páginas de PortuguêsAntena 2, 3 de março, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 8 de março, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Na noite de 25 de fevereiro teve lugar a sempre muito esperada atribuição dos Óscares no mundo da sétima arte, que cumpriu a sua 91.ª edição. A este propósito, duas notas relacionadas com a língua portuguesa:

— A palavra Óscar, com a sua forma plural Óscares, já entrou há muito no léxico português, como tradução da palavra inglesa oscar/oscars, mas a hesitação no momento de grafar a palavra continua a verificar-se, como se observa em diferentes títulos do Jornal de Notícias: "Passadeira, ensaios, estatuetas... Imagens dos preparativos para os Oscars", "Bradley Cooper e Lady Gaga nomeados para os Oscars" ou "Hollywood prepara-se para os Oscars entre polémicas, canábis e merchandising". Recordemos ainda que a palavra Óscar tem várias palavras derivadas como oscarizar, oscarizado ou oscarizável (como se recordou na Abertura de 24/02/2017);

     (Já em 2000, João Carreira Bom, um dos fundadores do Ciberdúvidas, alertava para a existência do termo óscares, como forma de evitar o angliscimo. Mais recentemente, o professor Carlos Rocha esclarecia outra dúvida recorrente: «Nomeado para 10 óscares». Vide, ainda, a resposta sobre o onomástico Óscar e respetiva origem.) .  

— Os títulos dos filmes oriundos sobretudo de Hollywood continuam a evidenciar um gradual domínio do inglês face às traduções em português, como uma breve incursão por dois dos títulos ao Óscar de melhor filme comprova: Black Panther e Bohemian Rhapsody. Uma opção que tem vindo também a conquistar terreno é a que resulta da combinação do título original em inglês com uma proposta de título em português, como acontece em Green Book – Um Guia Para a Vida ou Blackkklansman: O Infiltrado.

   (Maria Eugénia Alves também já dava conta de alguns destes aspetos no seu apontamento "Hollywood em Lisboa")

2. No Consultório, regressam as questões relacionadas com a correção linguística. A ortoépia (área da gramática que estuda a pronúncia das palavras) continua a ser um assunto que preocupa quem pretende falar em bom português. Desta feita, a dúvida recai sobre a pronúncia correta de gaivotinha. É ainda a correção dos usos que está subjacente à dúvida em «Diz-se 8.ª da geral?» e em «Com que tempos do conjuntivo se usa a conjunção quando?». Ainda uma questão de sintaxe relacionada com a função sintática do constituinte «da juventude» na expressão «momento libertário da juventude». 

 

3. No que se refere às notícias relacionadas com a língua portuguesa, destaque para:

— Os 530 anos da 1.ª edição da obra O Sacramental, considerada a primeira obra impressa em Portugal, no ano de 1488. Embora o seu autor seja um clérigo leonês, de nome Clemente Sánchez de Vercial (c. 1370-1426), terá sido na cidade de Chaves que terá tido lugar a sua primeira impressão. Trata-se de uma obra com muita expansão na Península Ibérica, que aborda assuntos como a alimentação, as relações familiares, o trabalho, entre outros aspetos característicos da sociedade medieval (notícia aqui);

— A comemoração do Dia Internacional da Língua Materna, no dia 21 de fevereiro, uma iniciativa criada pela UNESCO em 1999, que visa proteger todas as línguas faladas no mundo. A propósito deste evento, realçamos a preocupação da UNESCO que alerta para o risco de desaparecimento de quase metade das 7 mil línguas faladas. Noutro plano, assinalamos também a importância da língua portuguesa, atualmente falada por cerca de 250 milhões de pessoas;

— O lançamento da plataforma Corpus de Português Académico, que disponibiliza materiais de investigação relacionados com a comunicação formal em língua portuguesa feita em contexto académico, nas variedades de português língua materna e português língua não materna (disponível em acesso livre aqui). Este projeto foi desenvolvido no âmbito da investigação da linha temática Discurso de Práticas Discursivas Académicas, do CELGA-ILTEC, e visa o mapeamento dos usos disciplinares do português.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.  Qual é o nome da capital do Camboja? A cidade é conhecida pela sua denominação internacional, Phnom Penh, embora exista o aportuguesamento Penome Pene, que consta do Vocabulário Toponímico do Vocabulário Ortográfico Comum (Instituto Internacional da Língua Portuguesa). Outra forma também se emprega, Pnom Pene, proposta pelo Código de Redação para o uso do português na União Europeia. E como se chamam os naturais ou os habitantes de Penome Pene? Além disso, continuando na Indochina, como designar quem mora ou nasceu em Hanói, capital do Vietname (Vietnã)? De repente, dá-se um salto até Portugal, onde igualmente surgem dúvidas com os gentílicos de localidades tão discretas como Foz do Arelho e Arelho. O Consultório responde a todas estas questões, que envolvem a toponímia e a formação de gentílicos, mas não fica por aqui e dedica ainda atenção a duas perguntas de sintaxe: diz-se «aborrecia-se por não fazer nada», ou «aborrecia-se de não fazer nada»? O que será mais correto: «analisando-se o documento, verifica-se...», ou «analisando o documento, verifica-se...»? Uma última dúvida: com que sinal de pontuação há de terminar uma frase introduzida pela locução «com que então»?

Na imagem, carta de António Sanches,1641, in Alfredo Pinheiro Marques, A Cartografia Portuguesa do Japão (Séculos XVI-XVII), Lisboa, Fundação Oriente, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, Imprensa Nacional-Casa da Moeda,1996, p.223 (foto disponível em Bartolomé Leonardo de Argensola, A conquista das ilhas Molucas, em 22/02/2019). No centro da foto, a representação da Indochina, entre a China, a norte, e o arquipélago indonésio, a sul.

2. Uma referência a um apontamento no sítio do Clube do Jornalistas Futebol, em que o autor, João Alferes Gonçalves, chama a atenção para um recurso espanhol que pode bem ser um modelo de aconselhamento linguístico à atividade mediática. Trata-se do blogue Periodismo Deportivo de Calidad, que dá recomendações sobre aspetos da estilística do espanhol para melhorar a qualidade dos textos relacionados com a atualidade desportiva. Alguns exemplos: a expressão inglesa final four, que, melhor que «final a quatro», se dirá «fase final» ou «semifinal» (para o português, ler o comentário feito na Abertura de 21/01/2019); o cuidado a ter com a propriedade do uso de derechazo (= «direitada»), que, obviamente, não se aplica a quem for canhoto; o vocábulo machada (de macho, o mesmo que macho em português), a evitar, pelas suas conotações machistas, sobretudo quando hoje a modalidade é também praticada por mulheres. Sobre o vocabulário do futebol, leia-se, entre outros textos disponíveis em arquivo, o que já se escreveu no Ciberdúvidas: «Incidências do futebolês»O «dialecto luso» em futebolês; Viva o «futebolês»!; O futebolês entre a Eurocopa e a Copa América; "Internetês" e "futebolês" A origem e o significado do anglicismo derby (dérbi em português)" ; Futebolês... arasador«Amarrar a bola» ("futebolês"); "FUTEBOLÊS";  "O "futebolês, outra vez".

3. Mencionando alguns textos que promovem o conhecimento do português e da sua relação com outras línguas:

– Ainda a propósito do anúncio de um novo livro de Marco Neves, conhecido divulgador de temas linguísticos – falamos de Palavras que o Português Deu ao Mundo – Viagens por Sete Mares e 80 Línguas –, leia-se o texto de pré-publicação que este autor disponibilizou em 21/02/2019, no seu blogue Certas Palavras.

– A crónica que o linguista brasileiro Aldo Bizzocchi publicou em 19/02/2019, no seu blogue Diário de um Linguista, à volta das quilométricas palavras do alemão, quando confrontadas com as portuguesas.

4. Quanto aos temas principais dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, recordamos que, na presente semana, no Língua de Todos* (emitido pela RDP África) o destaque vai para uma entrevista com Cristina Vieira da Silva, professora da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti do Porto, sobre o papel do conhecimento da gramática na formação de professores do 1.º e 2.º ciclos. No Páginas de Português** (na Antena 2), fala José Eduardo Franco, coordenador da obra Os Leitores Perguntam, O Padre António Vieira Responde, para dar a conhecer o essencial do pensamento universalista do «Imperador da Língua Portuguesa».

Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 22 de fevereiro, 13h15, com repetição no sábado, dia 23 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00.

** Páginas de PortuguêsAntena 2, 24 de fevereiro, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 2 de março, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui. 

5. Um registo final, de pesar, pelo falecimento do historiador goês Teotónio R. de Souza (1947-2019). Residente em Lisboa desde 1995, onde era professor catedrático na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, o Ciberdúvidas teve o privilégio de contar com a sua qualificada colaboração***.

*** Da colaboração de Teotónio R. Sousa (1947-2019) no Ciberdúvidas destacamos estes 16 artigos da sua área de especialização: Acompanhando a lusofonia em GoaNos 200 anos do nascimento do orientalista português Cunha Rivara«O que interessa é a Língua Portuguesa e não a Língua à portuguesa»Gilberto Freyre na Índia e o “luso-tropicalismo transnacional”O caso de GoaOs Descobrimentos e eu ... (8)Os Descobrimentos e eu ... (7)Os Descobrimentos e eu ... (6)Os Descobrimentos e eu ... (5)Os Descobrimentos e eu ... (4)Os Descobrimentos e eu... (3)Os Descobrimentos e eu... (2)Os Descobrimentos e eu… (1)Portugal e Vasco da Gama nas redes dos nautas e cibernautasA literatura indo-portuguesaOs portugueses no folclore goês.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A impropriedade do uso da palavra ditadura na expressão «a ditadura da pobreza», usada no subtítulo de uma notícia da rádio TSF, dá o mote ao apontamento de Ana Martins, consultora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e responsável da Ciberescola da Língua Portuguesa. Denuncia-se, deste modo, um uso que conduz ao esvaziamento de uma palavra que urge ser preservada para que possamos sempre reconhecer inequivocamente a realidade hedionda que evoca (disponível em O Nosso Idioma).

Na primeira ilustração, pintura de Elza Carvalho (Não ver, não ouvir. 2011

2. Ainda na rubrica O Nosso Idioma, o uso de palavras como engajar ou engajamento é pretexto para uma crónica de Carla Marques, consultora do Ciberdúvidas, num texto onde reflete sobre a falta de afetividade que caracteriza a relação dos falantes com as palavras de sonoridades feias.

3. Na presente atualização do Consultório, encontramos dúvidas que convocam áreas muito diversificadas: a ortoépia (a pronúncia da palavra hemóstase), a lexicografia (licitude do termo monotético), a classe de palavras (restrito é exclusivamente adjetivo?), a sintaxe («Diz-se «faz-me sentido»?», «Quando se usa «por o arco-íris» e «pelo arco-íris»?» e «Como se combina o constituinte «altas horas» com as preposições a ou até?») e o texto (coesão referencial e lexical). 

 4. Os estrangeirismos têm incomodado desde sempre os defensores mais puristas da língua, que procuram soluções para que se fale bom português. Porém, até os escritores mais reputados não conseguiram resistir aos estrangeirismos, como nos conta Carlos Maria Bobone, num texto que faz uma viagem por vários gramáticos, publicações e propostas que, ao longo dos tempos, procuraram corrigir erros e resolver os problemas colocados pelos usos de empréstimos lexicais (artigo transcrito do jornal digital Observador, com a devida vénia).

5. Destaque para duas novidades editoriais na área da linguística: 

Marcos Neves, tradutor e docente universitário, lança no início de março uma nova obra, Palavras que o português deu ao mundo (Edições Guerra e Paz). Uma obra que parte em busca das palavras que a língua portuguesa emprestou ao mundo: da Inglaterra às Maldivas, passando pela Roménia e pelo Japão, entre outros (pré-lançamento disponível no blogue do autor);

— O lançamento, em março, da Nova Gramática do Latim, da autoria de Frederico Lourenço, professor universitário, autor e tradutor da bíblia para português. Uma obra com a chancela da Quetzal que invoca o ensino do latim e o interesse pela língua como motivos para a sua publicação (notícia aqui).

6. Dois apontamentos relacionados com a promoção da língua:

— Uma nota para o início da 20.ª edição do Correntes de Escrita, encontro dedicado à literatura e à escrita que teve início na Póvoa de Varzim e que se prolonga até dia 23 do mesmo mês. Um encontro maior e um marco na defesa da língua portuguesa e da sua literatura que conta com a presença de inúmeros autores. Neste encontro, foi já anunciado que distinguiu, entre doze finalistas, o escritor Luís Quintais, com o livro A noite imóvel(notícia aqui);

— O projeto que envolve os Institutos Camões e Cervantes com o objetivo de mostrar e promover o poder das línguas ibéricas. A propósito desta parceria, Luís Faro Ramos, presidente do Instituto Camões, defendeu que o objetivo é mostrar que “o português e o espanhol que, por si só, já valem muito – o português com mais de 260 milhões de falantes, o espanhol com mais de 300 milhões – se se juntarem e procurarem sinergias valerão ainda mais”. (notícia aqui)

7. Temas  dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, na presente semana:

– No Língua de Todos* (emitido pela RDP África) passará uma entrevista com Cristina Vieira da Silva, professora da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti do Porto sobre a formação de professores do 1.º e 2,º ciclos, no domínio do português.

– E no Páginas de Português** (na Antena 2) José Eduardo Franco, coordenador da obra Os Leitores Perguntam, O Padre António Vieira Responde, dá-nos a conhecer o essencial do pensamento universalista do «Imperador da Língua Portuguesa».

Língua de TodosRDP África, sexta-feira, 22 de fevereiro, 13h15, com repetição no sábado, dia 23 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00 + Páginas de PortuguêsAntena 2, 24 de fevereiro, 12h30, com repetição no sábado seguinte, dia 1 de março, pelas 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

8. Renato Borges de Sousa (1935 – 2019) foi um denodado amigo da língua portuguesa, a cuja promoção pelo mundo fora dedicou toda a sua vida. Com profundo pesar, deixamos o registo do seu recente falecimento, em Lisboa, com o essencial do que lhe ficamos gratos para sempre. Com particular realce para as 20 edições da  Expolíngua Portugal  – Salão Português de Línguas e Culturas.