Pergunta:
Ouve-se cada vez com maior frequência desejar a alguém «tudo de bom!».
Como se vê, nem se trata de uma pergunta, pois nunca ouvi ninguém perguntar «tudo de bom?», mas de um desejo, habitualmente numa despedida ou como remate de uma conversa telefónica.
A minha questão tem a ver com a inclusão da preposição de na frase. Não seria suficiente e correto dizer-se só «tudo bom!»...?
E, já agora, pergunta-se: «tudo bom?» ou «tudo bem?»?
Muito obrigado!
Resposta:
Não há nada de errado com a forma de despedida «tudo de bom». Aqui, bom é um substantivo1 e aquilo que se pretende dizer, quando a mesma é proferida, é «desejo-lhe tudo o que há de bom».
Esta construção – «tudo de bom» – contém em si a preposição de com valor partitivo. Este valor associa-se ao emprego de do, dos, da e das «junto a nomes concretos para indicar que os mesmos nomes [são] apenas considerados nas suas partes ou numa quantidade ou valor indeterminado» (Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara).
Neste caso, o de não é acompanhado de artigo, mas pode enquadrar-se na descrição da estrutura da expressão partitiva, tal como é descrita por Maria Helena Mira Mateus et al. (Gramática da Língua Portuguesa): Expressão de Quantidade + de + Artigo/Determinante + Nome. O nome bom parece sem artigo definido («de bom»), traduzindo uma designação, aqui, mais genérica.