Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Controvérsias
Polémicas em torno de questões linguísticas.
Afinal, que gramática queremos?
Entre registos informais e formais

«Como linguista que conhece várias línguas e estando no momento a conduzir uma análise comparativa do nível de complexidade gramatical das principais línguas europeias, posso adiantar a partir dos primeiros resultados que o português padrão apresenta, sim, uma gramática mais complexa do que idiomas próximos como espanhol, italiano, francês e inglês» – conclui o linguista brasileiro Aldo Bizzocchi (pesquisador do NEHiLP-USP) sobre a questão da definição da gramática, perante o conflito entre a prescrição da tradição normativa e a descrição da análise linguística. Texto publicado no blogue do autor Diário de um Linguista (20/01/2025), divulgado no mural Língua e Tradição (Facebook, 26/02/2025) e aqui transcrito com a devida vénia.

 

 

O <i>corpus</i> literário na tradição gramatical brasileira (I)
Língua escrita e definição da norma

«[A] descrição gramatical far-se-á obrigatoriamente em corpus de língua escrita dada a cabal impossibilidade de fazê-lo em corpus de língua oral» – sustenta Ricardo Cavaliere, linguista, filólogo e membro da Academia Brasileira de Letras, numa reflexão sobre a identificação os registos que facultam modelos de bom uso para as gramáticas prescritivas. Texto publicado na página Língua e Tradição (Facebook, 05/01/2025) e aqui transcrito com a devida vénia.

 A degradação das plataformas digitais
O anglicismo enshittification

O neologismo inglês enshittification descreve o processo de degradação de serviços e produtos, especialmente os digitais, à medida que se priorizam estratégias voltadas para o lucro em detrimento da experiência do utilizador. Se o traduzíssemos para português, como ficaria? "Enshitificação", "embostificação", "merdificação" seriam opções aceitáveis, ou a perífrase «degradação das plataformas em linha» é mais adequada? A esta pergunta responde a consultora Sara Mourato, num texto em torno de um anglicismo que ganhou vida em 2022.

Não é de hoje...
O português e o separatismo linguístico

«Já faz tempo essa ideia alarmista de que "daqui a X décadas", as variedades vão se separar de vez e se transformarão em línguas diferentes» – comenta o gramático Fernando Pestana a respeito da possibilidade de o português do Brasil se tornar uma língua autónoma, separada das atuais variedades do português. Apontamento publicado no mural deste autor no Facebook (31/10/2024).

 

A dimensão deôntica da linguagem
Língua e uso correto

«Assim como tudo na vida, a língua é um produto humano e, portanto, está sujeita ao valor deôntico que os seres humanos damos às coisas – isto é, ao "isso tem que ser assim, e não assado", ao "é necessário buscar o melhor, e o melhor tem que obedecer a certos parâmetros", ao "é um dever, uma obrigação, uma necessidade que algo seja bom, que entreguemos o nosso melhor".

Considerações do gramático brasilero  Fernando Pestana sobre o uso modelar da língua.

Extermínio cordial e harmónico do galego
A língua galega perde falantes para o espanhol
Por Xosé-Henrique Costas

«Um terço dos mais jovens não sabe falar galego. Onde está a sua "liberdade de escolha"?» – interroga-se Xosé-Henrique Costas, professor da Universidade de Vigo acerca dos dados alarmantes de um inquérito do Instituto Galego de Estatística (IGE), os quais revelam a descida preocupante do número de falantes de galego, principalmente entre os jovens. Artigo de opinião publicado no Diário Nós, em 11 de outubro de 2024 e aqui transcrito com a devida vénia, com título e subtítulo da responsabilidade editorial do Ciberdúvidas. Apresenta-se em primeiro lugar uma versão em português e depois o original galego.

Linguagem jornalística: fonte da norma culta?
Sobre (supostas) verdades assentes

«Quando se diz que a linguagem jornalística pode ser tomada como fonte, e repositório, e corpus da verdadeira “norma culta”, isso significa que quaisquer formas linguísticas desviantes da norma-padrão tradicional encontradas em abundância (!) nos textos jornalísticos já podem ser automaticamente consideradas próprias da norma culta escrita?»

 O gramático brasileiro Fernando Pestana reúne alguns dados e interroga-se criticamente a respeito do valor dos textos jornalísticos como fonte confiável e modelar da norma-padrão num apontamento publicado no  seu mural do Facebook  em 1 de outubro de 2024.

 

Na imagem, banca de jornais e revistas da rodoviária de Brasília (fonte: "Jornais impressos: circulação despenca 16,1% em 2022...", Poder360, 31/01/2023)

 

 

Sobre a língua brasileira
Pela união das variedades do português

«O português é a língua oficial de nove países espalhados pelo mundo. Formamos uma família, nem sempre muito unida, é fato, mas família.»

 

Ó pá, fique lá com o seu gerúndio<br>e deixe o Camões em paz!
A língua em Portugal e no Brasil

«Sr. Sérgio Rodrigues, fique lá com o seu gerúndio, que tanta graça lhe faz, e deixe-nos cá a nós com o Camões, velhinho de 500 anos. É que, não sei se sabe, às vezes é mais velho quem nasce em berço mais novo.»

Artigo de opinião do jornalista e escritor português Miguel Sousa Tavares, a propósito de uma entrevista que o também jornalista e escritor brasileiro Sérgio Rodrigues concedeu à Revista do Expresso em 24/08/2024. Texto transcrito com a devida vénia da edição de 29 de agosto de 2024 do referido semanário, escrito segundo a norma  ortográfica de 1945.

Sobre o português do Brasil
"Brasileiro", português brasileiro, português europeu...

«Não posso aceitar a designação de “brasileiro” para o português falado no Brasil» – declara o linguista José Pinto de Lima, docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, na secção "Cartas ao Diretor" do jornal Público em 15 de setembro de 2024. Mantém-se a ortografia de 1945, conforme o original.