No caso de "abissurdo", creio tratar-se do desconhecimento da tonicidade da palavra, acrescido da falta do padrão português: consoante + vogal. O que faz o falante perante a sequência "bs"? Facilita sua vida inserindo vogal onde não existe. O mesmo ocorre em "corrupição" em vez de corrupção.
No segundo caso, "inguenorante", acredito que haja alguma relação com o prefixo negativo in-, usado a todo momento: infeliz, inculto, incapaz, intransigente. Quanto ao n acrescentado, o falante que faz este tipo de "erro" conhece a palavra ignorância, que, possivelmente, também vai pronunciar " inguinorância".
Há inúmeros outros casos, como "adevogado"/ "adivogado" em vez de advogado, "ad(i)vertir", "ob(i)soleto", "impreg(ui)nar", entre tantas outras. A verdade é que falantes brasileiros tem dificuldades em pronunciar sons consonantais sem vogais, seja em português ou em quaisquer outras línguas. Ex: 'strada em português de Portugal passa a ser "istrada" ; 'star (também no português europeu) passa a "istar".
No que diz respeito ao caso citado em inglês, a tendência é basear a língua falada pela forma escrita, sempre um equívoco, e no caso do inglês um suicídio, já que a língua inglesa escrita não sofreu reformas ortográficas ao longo dos tempos, o que causa dificuldades para os próprios nativos, a tal ponto, que o processo de alfabetização é bem mais longo do que que entre nós.
Até hoje o velho ditado não é dispensado em todos os países de língua inglesa. No português a interpretação oral de cada letra é relativamente clara e constante. No inglês, além de ser pouco clara, possui alta irregularidade, sendo outras vezes muda. O fato é que o inglês, como as demais linguas germânicas, é rico na ocorrência de consoantes e o português brasileiro abundante na ocorrência de vogais e demais combinações de vogais (ditongos, tritongos).
Para terminar, os problemas acima não ocorrem entre os que tiveram melhor escolaridade, maior acesso à cultura, o que significa uma pequena parcela do povo brasileiro, especialmente da classe política.
N. E. – Resposta alterada em 23/0/2019.