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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. As palavras têm a capacidade de mudar o mundo, mas são também os acontecimentos que vão tendo lugar neste nosso mundo que desencadeiam a mudança lexical. O 25 de Abril, evento marcante na sociedade portuguesa do século XX, cujos 45 anos se comemoram, funcionou como agente de mudança e inovação lexical. A liberdade que o 25 de Abril trouxe influenciou também o léxico, como bem o atestou o uso generalizado de palavras como democracia, socialismo, comunismo, igualdade e da própria liberdade, termos que até então pouco integravam o léxico ativo dos falantes. O Ciberdúvidas evoca esta data, recordando alguns artigos associados ao tema: Palavras que nasceram com a década [1974-1984], de José Mário CostaO 25 de Abril no léxico português, de Margarita Correia, Nos 30 anos do 25 de Abril, de José Manuel MatiasJosé Mário Costa e ainda O 25 de Abril e a afirmação da língua portuguesa em África

Primeira imagem: 25 de Abril sempre, pintura mural

2. Neste mesmo dia 25 de abril comemoram-se ainda os 43 anos da Constituição Portuguesa, documento redigido pela Assembleia Constituinte e ratificado em 25 de abril de 1976. O vocábulo constituição tem estado na origem de diversas perguntas que aqui recordamos:  Anticonstitucionalmente e antoconstitucionalissimamenteA pseudopalavra 'inconstitucionalissimamente'Sobre a palavra 'inconstitucionalissimamente'"Inconstitucionalissimamente", de novoDivisão silábica de incontitucionalissimamente e Anticonstitucionalissimamente.

3. A mudança tem sido uma constante do século XXI sobretudo no âmbito tecnológico. A era digital tem a capacidade de gerar novas realidades que exigem uma constante renovação lexical. Este processo de mudança fica bem patente no conjunto de vocábulos / expressões que já sofreu um processo de adaptação à língua portuguesa: internetês, impressão digital ou identidade digital, são disso exemplo. Este fluxo lexical é contínuo e tem origem sobretudo na língua inglesa. Alguns destes termos entraram no português mantendo ainda a sua forma original: glamping, gummies, lamer, meme, muppies, plogger, vloger e outros tantos (cf. significados no apontamento do sítio Delas). Outras palavras acusam um processo de adaptação ao português ainda em curso, exibindo marcas como a flexão verbal em -ar: deletar, scanear ou googlar (que deveria assumir a forma guglar, esta sim verdadeiramente portuguesa) ou stalkear (stalquear?).

Recorde-se, neste âmbito, o artigo Português ganha 6000 novas palavras, que, no final do século XX, já antecipava um fenómeno de grande vitalidade lexical no mundo digital, e reações como Mais português, por favor, e menos estrangeirismos. 

4. De mudança também nos fala Miguel Esteves Cardoso, cronista do Público, num texto que mostra que a inovação lexical não se associa apenas à introdução de novos vocábulos, mas também à extensão do significado de vocábulos já existentes na língua: uma reflexão a partir dos usos recentes dos verbos evitar dispensar.

5. Há quem defenda que a mudança linguística deveria também ocorrer no sentido da eliminação de palavras marcadas por significados pejorativos ou histórica e eticamente censuráveis. É o caso dos termos/expressões que convocam noções racistas como denegrir, doméstica ou "trabalho de preto" ou ainda o adjetivo negro presente em expressões como "mercado negro", "lista negra" ou "ovelha negra" (cf. as 10 expressões racistas que deveríamos tirar do nosso vocabulário, uma proposta da jornalista brasileira Natália Eiras, divulgada na plataforma Universa). 

6. Os acontecimentos podem não produzir novas palavras, mas simplesmente convocá-las, trazendo-as a inúmeros textos orais e escritos. Foi o que aconteceu a propósito da tragédia que teve lugar no Sri Lanca (aportuguesamento de Sri Lanka - cf. aqui) que trouxe ao discurso mediático vocábulos como mortandade, ataque, carnificina, detonação, suspeito ou atentado

A descrição de situações desta natureza torna pertinente recordar algumas questões colocadas ao Ciberdúvidas: Assassínio e não "assassinato", Homicídio e assassínio, A diferença entre assassínio, assassinato e homicídio, Ainda o homicídio e o assassínio, A etimologia do substantivo e adjetivo assassino

7. A nova atualização do Consultório traz resposta a dúvidas relacionadas com a construção frásica («Qual a frase correta: «Estás a ver, meu estúpido» ou «Estás a ver, seu estúpido»?», «O verbo imaginar constrói-se com uma completiva com modo indicativo ou conjuntivo?» e «A construção «ter de/que» pede ênclise ou próclise do pronome átono?»), com a classe de palavras («Dele é pronome possessivo?») e com a edição («Quando usar idemibidem em citações bibliográficas?» e «Que ortografia adotar na referências a títulos de publicações antigas?»)

8. Destacamos ainda duas publicações e uma notícia:

— Na Montra de Livros apresenta-se a publicação Políticas linguísticas em português, com coordenação de Paulo Feytor Pinto  e Sílvia Pfeifer, uma obra que aborda assuntos variados relacionados com diferentes variantes do português;

— A publicação intitulada Portugiesisch – Weltsprache des Rechts, apresentada num artigo de Macaísta Malheiros, juiz desembargador reformado, onde se evidencia a importância da língua portuguesa no Direito mundial;

—  Notícia do portal Ibahia que refere que a falta de conhecimentos de língua portuguesa é um dos principais motivos para a recusa de candidatos a um emprego. Entre os problemas apontados encontram-se os erros ortográficos, o uso de abreviaturas, o léxico diminuto e a incapacidade de adequação lexical.

9. O fenómeno do contacto linguístico em Angola será o tema desenvolvido por Liliana Inverno, investigadora do CELGA-ILTEC, em entrevista ao programa Língua de Todos, emitido na RDP ÁfricaUma conversa onde abordará ainda as perspetivas para uma política linguística em Angola (na sexta-feira, dia 26/04, depois do noticiário das 13h00*, com repetição no dia seguinte, pelas 9h15). O programa Páginas de Português, da Antena 2, terá como convidada Ana Sousa Martins, consultora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e responsável da Ciberescola da Língua Portuguesa, para falar sobre a sua recente obra intitulada Contos com Nível, destinada à aprendizagem do português como língua estrangeira (domingo, dia 28/04, às 12h30 *, com repetição no sábado seguinte, dia 4 de maio, às 15h30*).

 * Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui. 

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1. Coincidindo com a interrupção letiva da Páscoa em Portugal, o Ciberdúvidas também faz uma pausa, para voltar às suas atualizações regulares em 24 de abril. Durante este período, fica, portanto, inativo o formulário do Consultório para envio de dúvidas, mas permanecem disponíveis para consulta as mais de 35 000 respostas  em arquivo, bem como os quase 4000 textos  das diferentes rubricas do Ciberdúvidas (Pelourinho, O Nosso Idioma, Ensino, Notícias, Montra de Livros, etc.). Ver, a propósito, Como (e o que) consultar no Ciberdúvidas. E como sempre nestas circunstâncias, não deixaremos de assinalar nos Destaques (em baixo) e no Facebook do Ciberdúvidas textos e notícias da língua de relevância informativa.

Para se saber mais acerca do vocabulário alusivo a esta época, sugerimos a leitura de "Etimologia e significado de Páscoa", "A primavera e as estações do ano", "Etimologia de Quaresma, Pascoela...", "Feira das 'endoenças'" , "Visita do compasso", "Aleluias", "A pronúncia de ressurreição + geração + aleluia" e "Feriados conhecidos pelas datas: maiúsculas e minúsculas".

 2.Consultório da presente atualização centra-se mais uma vez em problemas de análise gramatical, que tanto preocupam alunos e professores: qual é a função sintática do adjetivo na expressão «classe social»? E, na frase «o pó espalhou-se pelas ruas», como classificar «pelas ruas»? Mas noutras áreas de atividade igualmente se levantam questões: por exemplo, quanto à melhor variante de uma palavra ou sobre uma expressão a que o avanço tecnológico talvez tenha retirado sentido.

3. Em O nosso idioma, a professora Lúcia Vaz Pedro, continuando a abordar o tema de dois textos anteriores da sua autoria, Acentuação atual – o que não mudou e O que mudou na acentuação (II), recorda a ortografia de algumas palavras graves (paroxítonas) como boia, heroico e leem. Na rubrica dedicada ao Acordo Ortográfico, D'Silvas Filho resume os critérios que defende e segue, em alternativa às soluções adotadas pelos vocabulários ortográficos editados em Portugal, no contexto da norma em vigor. Trata-se de um apontamento transcrito do seu mais recente livro Histórias que o avô deixou... Sobre o poder feminil. Outros contos. Ensaios. Crónica,  edição CSC.Reticências, 2018.

4. A forma inglesa Twitter, nome da conhecida rede social, motiva diferentes aportuguesamentos, como o Ciberdúvidas tem apontado (ver aqui e aqui). Justifica-se, portanto, seguir com atenção a perspetiva bem brasileira que o linguista Aldo Bizzocchi  propõe no blogue Diário de um linguista, num artigo que analisa morfologicamente duas dessas adaptações, tuíte e tuitar, e comenta outras.

É interessante observar como o português do Brasil diverge do de Portugal, quando o autor se refere ao inglês bluetooth («tecnologia de transmissão de dados sem fios») e ao francês cordon-bleu («panado de carne de vaca recheado com fiambre e queijo»): entre brasileiros, as palavras podem soar como "blutufe" e "cordomblê", pronúncias que se afigurarão provavelmente estranhas em Portugal, onde tais estrangeirismos tenderão a transmutar-se foneticamente em "blutusse" e "cordomblâ".

5. Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para rádio pública portuguesa, os temas abordados ficam semanalmente assinalados  nos Destaques (em baixo) e  na rubrica Notícias.

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1. São erros persistentes que apoquentam os professores sempre que contactam com os textos escritos por alunos. Erros cuja origem importa procurar determinar porque este conhecimento poderá motivar abordagens didáticas suscetíveis de produzirem efeitos positivos. Este é o tema do novo apontamento trazido pela professora Carla Marques, disponível na rubrica Ensino.   

2. O questionamento linguístico é uma forma de procurar evitar erros. A adoção desta atitude explica por que se procura  determinar a normatividade de expressões como «Esqueceu-se-me de comprar o pão» ou a correção da colocação dos pronomes em «trar-se-mo-á» e ainda a legitimidade do termo sulano enquanto gentílico correspondente a São Pedro do Sul. Na atualização do Consultório, encontramos ainda perguntas relacionadas com funções sintáticas: por um lado, procura-se estabelecer a diferença de função entre os constituintes introduzidos pela preposição a em «ceder ao sentimento» e «prestar atenção à leitura» e, por outro, analisam-se as funções de alguns constituintes do poema D. Dinis, de Fernando Pessoa (Mensagem). 

3. Brexiteiros foi a inovação lexical que o jornalista e escritor Miguel Esteves Cardoso utilizou na sua crónica, no jornal "Público" de 2/04/2019, relacionada com o desenvolvimento do processo de saída do Reino Unido da União Europeia. A nova palavra resulta da associação do sufixo -eiro ao nome Brexit (que, por seu turno, resultou da amálgama de elementos truncados de «British exit» («saída britânica»), criando assim um vocábulo aportuguesado que significa "conjunto de indivíduos que realizam determinada ação" (neste caso a defesa do Brexit), mas que transmite também a noção, mais negativa, de "ação excessiva". 

4. Jogos didáticos versando o bom uso da língua portuguesa é uma iniciativa da página ncultura. Com a devida vénia, ficam também disponíveis na rubrica O Nosso Idioma (Testes e Vídeos), com o título Como estamos de conhecimentos de português?

5.  Algumas notícias relacionadas com a língua:

— A nova sessão do "Camões dá que falar", iniciativa do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, que conta  a presença da secretária-geral ibero-ameicana Rebeca Grynspan. No dia 11 de abril, em Lisboa, pela 17h00, abordando o tema "Dois continentes e duas línguas numa mesma comunidade: diálogo ibero-americano"; 

— A divulgação em Madrid de uma folha manuscrita restaurada do Livro da Montaria, que foi mandado fazer por D. João I de Portugal, na primeira metade do século XV. Este documento, identificado pelo Arquivo Provincial de Lugo, foi recuperado a partir de fragmentos usados para proteger escrituras notariais do século XVIII (notícia aqui); 

— O lançamento, pelo Instituto Politécnico de Macau, de um sistema automático de tradução chinês-português-inglês com base em reconhecimento de voz (notícia aqui).

6. No que respeita aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para rádio pública portuguesa, na presente semana.

— Língua de Todos, emitido na RDP África, trará à antena a professora Ana Sousa Martins, que virá falar sobre o seu novo livro Os contos com nível, criada especificamente para alunos de português língua estrangeira com cerca de um ano de aprendizagem (na sexta-feira, dia 5/04, depois do noticiário das 13h00*, com repetição no dia seguinte, pelas 9h15);

— No Páginas de PortuguêsFrederico Lourenço, poeta, professor universitário e autor da recém-publicada Nova gramática de latim, estará à conversa à volta do latim, língua que não se gasta e que ele gostaria que fosse «ensinada nas escolas a partir dos 10 anos». Programa transmitido na Antena 2, no domingo, dia 7/04, às 12h30 *, com repetição no sábado seguinte, dia 13 de abril, às 15h30*.

 * Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

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1. Embora Malawi pareça ter sido em tempos a forma mais corrente para, em Portugal, designar o país africano assim chamado, existe hoje o aportuguesamento Maláui, que já se documenta oficialmente. Este é um dos tópicos abordados na nova atualização do Consultório, entre os quais também se conta a regência do adjetivo propício, a sintaxe do verbo ceder no sentido de «não resistir», a locução prepositiva «até a» e o plural de leite (que não denota uma simples multiplicação).

2. As formulações da linguagem inclusiva para combater o sexismo continuam a gerar polémica por todo o mundo, como é o caso, no México, das declarações da linguista Concepción Company Company à revista Zeta. Num trabalho intitulado "La gramática no tiene sexo, no es incluyente ni excluyente" – isto é, «a gramática não tem sexo, não é inclusiva nem exclusiva» – a referida especialista faz várias considerações sobre o alegado sexismo de certas construções, entre elas, o masculino plural, empregado em espanhol para referir ambos os géneros, tal como acontece em português. Acerca deste ponto, citamos (tradução livre): «A gramática é uma série de convenções seculares, até milenárias, sedimentadas sob a forma de regras, hábitos e rotinas, de muito lenta transformação, e devemos perceber, como é sabido, que o masculino não reflete sexo, reflete uma convenção indiferente ao género. Se eu perguntar «quantos filhos tem?», suponho que [quem me ouve] pensa em filhos e filhas, em todos; mas, se lhe perguntar «quantas filhas tem», ficam excluídos [os filhos]; esta é a prova de o masculino ser indiferente.»

Acerca deste tema, ver, no Ciberdúvidas, "Machista e heteropatriarcal, a língua portuguesa?", do linguista João Veloso. Consultem-se ainda os seguintes artigos: "Calem-se!",  "Elas são eles e eles são elas?", "Os cidadãos e a gramática", "O sexo das palavras",  "Quem fala assim não é gago nem gaga", "Gramática ainda não tem sexo", "Car@s leitorxs e utentas", "@ entre acentos, géneros e beijos", "A que propósito aparece a crónica de RAP no Ciberdúvidas?", "Sobre índices temáticos e género gramatical", "O uso de @ para marcar o género de palavras" e  "'Amigas e amigos' e 'amigos e amigas'.

3. Sabemos que o árabe tem nomes para os dias da semana que são homólogos dos portugueses na estrutura e no sentido. Basta mencionar  (yawm) al-ithnayn, que significa «segundo dia», para imediatamente encontrar semelhança com segunda-feira. Estaremos, então, perante mais um exemplo do impacto do idioma arábico sobre a nossa língua? Nada disso, como bem explica o escritor e tradutor português Marco Neves em "Por que razão não chamamos 'primeira-feira' ao domingo", um apontamento publicado em 31/03/2019 no blogue Certas Palavras.

Do mesmo autor, a respeito da comparação do português com outras línguas, recorde-se um outro texto, de 6/12/2014, intitulado "Cinco palavras espanholas que enganam os portugueses". Do passado  e do presente das palavras, bem como dos seus problemas de análise, fala também o linguista Aldo Bizzocchi, no apontamento vídeo "Como criar palavras e – desmontá-las" no canal Planeta Língua (Youtube, 29/03/2019).

Na imagem, lápide datada de 618 d.C., que se encontra na Igreja de São Vicente (Braga). A terceira linha do texto epigrafado atesta a expressão latina secunda feria, que está na origem de segunda-feira (foto de Joseolgon, disponível no artigo "Dias da semana" da Wikipédia).

4. «Será que quanto mais se puser a tónica na expressão, menor é a comunicação?» – pergunta o tradutor Vítor Santos Lindegaard no blogue Travessa do Fala-Só, desenvolvendo uma breve reflexão à volta das necessidades nem sempre compatíveis de expressão e comunicação no uso das línguas. Um texto que aborda outra dualidade, a existente entre convenção e criação artísticas, ilustrada por um poema de Alexandre O'Neill (1924-1986), em jeito de evocação do seu génio irreverente.

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1. Os acontecimentos mediáticos convocam muito frequentemente termos específicos através dos quais se procura descrever a realidade em questão. As situações menos frequentes ou mesmo inusitadas podem exigir a criação de novos vocábulos, o recurso à extensão semântica ou a recuperação de palavras que não integram o léxico ativo dos falantes. Todavia, a utilização de palavras com as quais se contacta menos frequentemente pode gerar uma opacidade semântica que dificulta a interpretação ou pode levar à dúvida no momento da seleção do vocábulo. Esta última realidade parece justificar a hesitação que se tem verificado na utilização das palavras endogamianepotismo como forma de descrever a existência de relações familiares entre membros do Governo português, a polémica que caracteriza a atual situação política em Portugal. A consultora Carla Marques deixa a sua sugestão relativamente ao termo mais adequado, num apontamento disponível em O Nosso Idioma

2.Acordo Ortográfico de 1990 determinou algumas alterações no campo da acentuação de que são exemplo a forma verbal para ou os nomes pelo ou pera. A professora Lúcia Vaz Pedro traz-nos uma síntese que recorda algumas das mudanças que tiveram lugar e algumas grafias que se mantêm. 

3.  Quando uma marca registada é assumida como designação do próprio produto, podem colocar-se problemas relacionados com a grafia e com a pronúncia do vocábulo. É esta a questão levantada pela generalização da marca comercial X-ACTO® enquanto nome comum de um objeto. Um problema cujos contornos são analisados no Consultório. Entre as respostas que integram a nova atualização, encontramos ainda a divisão das orações de duas frases («Amanheceu chovendo» e «É difícil ver ou prever que todos veem menos programas generalistas») e a identificação das primeiras referências escritas à expressão «ser burro de Vicente».

 

4. Entre os acontecimentos relacionados com a língua, registe-se a análise de publicações de tradução em França no ano de 2018, divulgada pela revista Livres Hebdo, que refere que a língua portuguesa apresentou um aumento de 47% no número de traduções em França.

5. Os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa trazem à antena o professor universitário Tjerk Hagemeijer  (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa ), para falar sobre a situação linguística em São Tomé e Príncipe (no programa Língua de Todos, emitido na RDP África, na sexta-feira, dia 29/03, depois do noticiário das 13h00*, com repetição no dia seguinte, pelas 9h15), e Paulo Feytor Pinto, professor do Ensino Secundário, acompanhado de Sílvia Melo-Pfeifer, professora da Universidade de Hamburgo, que vêm apresentar a obra que coordenaram,  Políticas Linguísticas em Português (LIDEL), uma publicação que visa dar a conhecer as políticas linguísticas dos países africanos de língua oficial portuguesa, assim como as de Portugal, do Brasil e da cidade de Macau (no programa Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, dia 31/03, às 12h30 *, com repetição no sábado seguinte, dia 6 de abril, às 15h30*).  

 * Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

 

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1. Contrariando um mito linguístico, sabemos hoje, talvez com desapontamento, que o japonês arigato não vem do português obrigado. Mas uma volta ao mundo depressa nos compensará com a descoberta das numerosas palavras de origem portuguesa que andam dispersas por diferentes línguas. É o caso da denominação da laranja, que se diz burtuqāla, em árabe, portakal, em turco, ou portocală, em romeno, vocábulos que remontam ao nome próprio Portugal. A viagem também nos levará a reconhecer os empréstimos que entraram no português ou a desvendar o parentesco longínquo da nossa língua com o russo, o persa ou o hindi. Tudo isto e muito mais nos revela o tradutor e escritor português Marco Neves num novo livro intitulado Palavras que o Português Deu ao Mundo – Viagens por Sete Mares e 80 Línguas, obra que se apresenta na rubrica Montra de Livros, num apontamento da linguista Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas.

2. No Consultório, além de se comentarem o regionalismo catacus, o uso da locução «ao vivo» e a construção «outro que não...», identificam-se a forma correta de um verso camoniano, a regência do adjetivo faminto e a figura de estilo associada à frase «o temporal rugia lá fora».

3. Comemora-se o Dia Mundial do Teatro, que se assinala em Portugal com várias estreias. Entre os espetáculos, saliente-se o da Companhia de Teatro de Braga no Theatro Circo, uma apresentação noturna cuja receita reverte para apoiar as vítimas do ciclone Idai, que atingiu Moçambique.

A propósito desta data, leiam-se os seguintes conteúdos em arquivo: "Os conceitos de hiperonímia e de hiponímia em arte, cinema, teatro, pintura e escultura", "Aderecista, caracterizador e maquilhador, profissionais da máscara (teatro)",  "O significado de estásimo e de párodo (teatro)", "Fosso (de orquestra)", "A origem da palavra coxia", "Forrobodó, farrobodó e farrabadó", "A Geringonça, mas a da 'Esopaida' de António José da Silva" , Diga?, "Teatro".

4. Retomando a questão dos mitos sobre a língua, façamos referência a mais outro contributo de Marco Neves para a divulgação de temas da linguística como seja o da definição de erros e incorreções do uso. Trata-se de "'Os dois pais' é erro de português?", um texto assinado por este autor no blogue Certas Palavras.

5. Justifica-se também como registo de  atualidade o Festival da Língua Portuguesa (FELPO), que se realiza em Salvador da Bahia de 28 a 30 de março. Este evento reúne figuras das artes e das letras do Brasil, de Angola e de Portugal (mais informação aqui).

6. Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

– no Língua de Todos, emitido na RDP África, na sexta-feira, dia 29/03, depois do noticiário das 13h00* (com repetição no dia seguinte, pelas 9h15), destaque para uma conversa com o professor universitário Tjerk Hagemeijer  (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa ), que fala sobre a situação linguística em São Tomé e Príncipe;

– no Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, dia 31/03, às 12h30 * (com repetição no sábado seguinte, dia 6 de abril, às 15h30*),  Paulo Feytor Pinto, professor do Ensino Secundário, e Sílvia Melo-Pfeifer, professora da Universidade de Hamburgo, falam de  Políticas Linguísticas em Português (LIDEL), obra que coordenaram para dar a conhecer as políticas linguísticas dos países africanos de língua oficial portuguesa, assim como as de Portugal, do Brasil e da cidade de Macau.

* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

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1. A criatividade linguística pode levar os falantes a dificuldades de interpretação, que têm tendência a agravar-se se os falantes são estrangeiros. É o que se verifica na questão sobre o significado da expressão «emagrecer abaixo do tutano» (de Mia Couto) ou sobre a correção de «boca do metro». São estas duas das quatro novas respostas disponíveis na atualização do Consultório, onde se regista ainda uma dúvida sobre a função sintática de pública em «opinião pública» e uma outra sobre a colocação do pronome com o advérbio já

(Primeira imagem: Retirantes, de Candido Portinari, 1944)

2. O ciclo da vida está presente na língua, que não é alheia às suas diferentes fases. Veja-se o caso da morte, que oferece terreno fértil para a criatividade lexical, dando origem a inúmeras expressões tanto disfémicas, como «abotoar o sobretudo de madeira», como polvilhadas de algum humor (negro), como «foi estudar botânica por baixo», ou eufemísticas, como «abandonar esta vida». Uma viagem pelas formas de dizer morte, proposta pelo sociólogos e escritor João Pedro George, numa crónica publicada originalmente na revista Sábado que transcrevemos, com a devida vénia, na rubrica O Nosso Idioma.

     O vocábulo morte tem desencadeado algumas dúvidas que aqui recordamos: «morrer de morte», «morrer de/por/com» e «morrer no presente do indicativo?» E ainda, no Pelourinho: «Arrisca-se a vida... não a morte».

3. O ciclo da natureza, assinalado no Dia da Meteorologia, deu azo a um artigo da jornalista Marta Leite Ferreira, publicado no diário digital Observador, abordando os provérbios populares relacionados com o tempo. Como os avaliam, a seis dos mais conhecidos, os especialistas, desde enólogos a climatologistas? Será verdade que em «Tarde vermelha e manhã cinzenta, não esperes chuva nem tormenta» ou que «De Espanha, nem bons ventos nem bons casamentos»? 

    O provérbios relacionados com o tempo têm passado pelo Ciberdúvidas em diversas ocasiões. Por exemplo: «Provérbios do mês de outubro», «Sol e chuva, casamento de viúva» e «Outono, ou seca as fontes, ou salta as pontes».  

4. Um registo final para a comemoração dos 150 anos de Calouste Gulbenkian – o filantropo arménio que tanto marcou Portugal, criando, por testamento, a Fundação Calouste Gulbenkian, que mantém até hoje uma importante atividade no domínio da cultura, da ciência, do ensino e da beneficência no país. Uma efeméride assinalada em «Calouste: uma vida, não uma exposição».

    A este propósito, recorde-se que a pronúncia correta é /Gulbenkiã/ e não "Gulbênkian" (ver aqui)

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1. Em português, as palavras distinguem-se não só pelo timbre dos sons constituintes, mas também por outra dimensão sonora, a do acento tónico, que dá proeminência ou maior intensidade a uma sílaba entre as demais. Falamos, por isso, de sílaba tónica, que no caso de anel corresponde à última sílaba (é uma palavra aguda ou oxítona),  no de casa à penúltima (é uma palavra grave ou paroxítona) e no de mágico à antepenúltima (é uma palavra esdrúxula ou proparoxítona). Como se representam na escrita estes três tipos de palavra? Em O nosso idioma, um apontamento professora Lúcia Vaz Pedro, revela como é importante saber distinguir acento tónico de acento gráfico.

2. No Consultório, são quatro as novas questões em linha:

– Com a expressão «dois terços da população», um  verbo concorda no singular («votou») ou no plural («votaram»)?

– Uma locução como «à medida que» tem de se adaptar ao funcionamento das outras palavras do contexto? Poderá dizer-se «à medida a que nos movemos»?

– Se capitã é palavra legítima, então por que razão Captain Marvel, título de um filme e nome da protagonista, se traduz por Capitão Marvel em Portugal?

– Como se chama um natural ou residente da Sertã, vila do distrito de Castelo Branco, no centro de Portugal?

3. Ainda a propósito da tragédia ocorrida no centro de Moçambique, causada pelo ciclone Idai*, o amplo noticiário sobre o envolvimento solidário de Portugal e dos portugueses no socorro humanitário às populações afetadas no país irmão do Índico não se livra da incorreções já assinaladas na Abertura de 20/03/201. São os casos da pronúncia dos nomes Sofala e Rovuma: soam "Sufala" e "Ruvuma", e não "sòfala", nem "ròvuma"; do topónimo Beira, que se usa com artigo definido (donde ser «cidade da Beira», e não «cidade "de" Beira»; do adjetivo humanitário, que é incompatível com palavras como crise, catástrofe, desastredrama, tragédia (explicamos porquê aqui); e do emprego do verbo evacuar, que significa «esvaziar» espaços ou recipientes, não se aplicando a pessoas (pelo que urge falar em «regiões evacuadas» e evitar a velha pecha das «populações “evacuadas"»).

* Sobre a dimensão anormal do ciclone Idai, ver o trabalho que a jornalista Marta Leite Ferreira assina no jornal digital Observador em 21/03/2019.

4. Registamos a entrevista concedida em 21/03/2019 ao jornal português Diário de Notícias por  Frederico Lourenço, classicista e professor da Universidade de Coimbra, defendendo a iniciação ao estudo do latim a partir dos 10 anos. Numa época em que parece difusa a consciência das origens latinas do português, as declarações deste especialista, que acaba de publicar a Nova Gramática do Latim (Lisboa, Quetzal, 2019), podem surpreender, não deixando de ser um alerta para recuperar um património linguístico que é também nosso, como ele próprio faz questão de sublinhar: «O latim trazido pelos romanos continua vivo, visto que o português, o espanhol, o italiano e o francês (para dar só estes quatro exemplos) constituem, na realidade, formas de latim faladas hoje por quase mil milhões de pessoas. Não falamos, atualmente, o latim do tempo de Cícero, mas sim o resultado da evolução dessa língua. Uma das intenções da minha Gramática é chamar a atenção para o elo inquebrantável entre o latim e o português.» (Notícia aqui + Frederico Lourenço: «Acho que o grego tornou-se uma espécie de droga para mim».)

5. Entre os diversos cursos e encontros que têm por tema a nossa língua comum, realce para:

– a ação de formação Correção Linguística, organizada pela Associação Sindical de Professores Licenciados e ministrada por Lúcia Vaz Pedro, especialista na língua portuguesa e colaboradora do Ciberdúvidas – em Lisboa, nos dias 25 de maio, 1 e 8 de junho (ver aqui);

– a realização do III Congresso de Estudos Internacionais – Galiza e a lusofonia perante os desafios globais, no campus da Universidade de Vigo em Pontevedra (Galiza), 27 e 28 de março.

6.Em destaque nos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para rádio pública portuguesa: no Língua de Todos, da RDP África, difundido na sexta-feira, dia 22 de março, às 13h15** (com repetição no sábado seguinte, após o noticiário das 09h15**), um projeto de investigação da Universidade Eduardo Mondlane  sobre as produções escritas dos alunos universitários moçambicanos; e no  Páginas de Português, transmitido pela Antena 2 no domingo, 24 de março, às 12h30** (com repetição a 30 de março, às 15h30**), a publicação em português da obra História das Línguas, de Tore Janson.

**  Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A 20 de março, tem início, no hemisfério norte, a primavera, uma estação que se prolonga até 21 de junho e à qual se dão hoje as boas-vindas (evocando a dúvida frequente: «dá-se ou dão-se as boas-vindas?»). A palavra primavera, que se passou a grafar com minúscula após o Acordo Ortográfico de 1990, teve origem na expressão do latim tardio prima vera (ver José Pedro Machado, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa), que se referia ao início da estação («a primeira estação») que antigamente se designava verão (recorde-se a etimologia dos nomes das estações aqui e aqui). 

[Primeira imagem: A primavera (fresco), Museu Nacional Arqueológico de Nápoles]

2. Algumas datas motivam textos e eventos: 

— O Dia do Pai, comemorado a 19 de março em Portugal, foi celebrado por Marco Neves, professor e tradutor, com um artigo que leva o leitor numa viagem à origem da palavra pai (crónica publicada originalmente no blogue Certas palavras);

     (A propósito, recordamos aqui algumas respostas do Consultório: "Pai, merónimo de família", "Padre", "O aumentativo e o diminutivo de pai" e "Maiúscula inicial em mãe e pai".

— Nesta data, 20 de março, assinala-se o Dia Internacional da Francofonia. As relações de proximidade entre a língua francesa  e a língua portuguesa têm já uma longa história, motivada por variadíssimas razões de ordem política, social ou cultural, que contribuíram inequivocamente para o enriquecimento lexical do português (como bem se recordou neste apontamento). Por esta razão, são inúmeros os galicismos na língua portuguesa que foram de tal modo absorvidos que os falantes deixaram de os considerar estrangeirismos. Desta realidade temos dado conta em diversas respostas que trataram vocábulos como comprometer, detalhe, abajur, nombrilismo, etapa ou guepardo. De igual modo, temos abordado vocábulos que foram introduzidos no português para os quais não é difícil encontrar um equivalente: recordamos os casos de réchampir ou démarche. Algumas propostas de tradução têm passado também pelo consultório: «Maudit soit qui mal y pense» ou «Parti pris». E ainda os casos particulares de naïf, déjà-vu e fétiche

3. No Consultório, ficam em linha seis novas respostas que se centram na diferença entre prossecução e persecução, na inexistência do vocábulo "chinfrineira" e no uso de «pagar-se de». Respostas ainda abordando o valor modal de uma frase iniciada pelo advérbio talvez, a colocação do advérbio  na frase e a correção da expressão «fazer mais mal a alguém». 

4. Na crónica intitulada "Erros de português e outras guerras", o tradutor e professor universitário Marco Neves aborda duas questões: as línguas ficcionais, inventadas por exemplo pelo escritor J.R.R. Tolkien ou pelo linguista David J. Peterson, e os erros que o não são, como as construções «ter pagado» ou «dever de» (texto publicado originalmente na plataforma digital SAPO 24 e no blogue Certas palavras)

    (A questão da correção da expressão «dever de» foi já também abordada nesta resposta disponível no arquivo do Ciberdúvidas.)

5. Sobre a atualidade internacional::

— Deixamos aqui registado o nosso profundo pesar face à terrível tragédia que se abateu sobre Moçambique e, em particular, devido à sua gravidade, sobre a cidade da Beira. Este acontecimento trouxe de novo para primeiro plano do discurso mediático o uso incorreto do adjetivo humanitário, que, como já se recordou em diversas ocasiões, significa «conducente ao geral da humanidade; bondoso; benfazejo; filantrópico» (cf. Dicionário Priberam), tendo, portanto, um significado positivo que não se coaduna com a descrição de realidades como crise, catástrofe, desastre ou tragédia (vide a explicação mais detalhada da diferença entre humanitário e humano aquiaqui e também aqui).

– Ainda a propósito dos terríveis efeitos do ciclone Idai na região centro de Moçambique, importa recordar que Sofala (nome de uma das  províncias mais afetadas) se deve pronunciar /Sufala/ – e não "Sófala", com o o aberto, como frequentemente se continua a ouvir nos noticiários em Portugal. E é «cidade da Beira»,  e não «cidade "de" Beira» (pelas razões invocadas nesta explicação);

 —  O anglicismo fakenews continua na ordem do dia e a ele associa-se um outro: deepfake. Ambos designam novas realidades que obrigam a muitas reflexões. Uma delas ocorre no plano linguístico e prende-se com a sua tradução para outras línguas. Para fakenews a tradução mais óbvia é «notícias falsas». Quanto ao segundo termo, deepfake*, a Fundéu BBVA propõe para o espanhol  a palavra ultrafalso – expressão perfeitamente adequada também para o português.

* Deepfake, no original inglês, refere-se a uma técnica de síntese de imagem e de voz humana com recurso a sistemas informáticos que permitem desenvolver vídeos manipulados extremamente realistas e convincentes.

6. A competência de produção escrita dos estudantes universitários dá o mote para a conversa com Emília Marrengula, professora da universidade moçambicana Eduardo Mondlane, durante a qual apresenta algumas propostas metodológicas que se encontra a investigar com vista à melhoria da produção de géneros textuais específicos. Uma conversa que poderá ser acompanhada no programa Língua de Todos, da RDP África, difundido na sexta-feira, dia 22 de março, com repetição no sábado seguinte, após o noticiário das 09h15*. O linguista João Veloso, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, estará no  programa Páginas de Português, na Antena 2, para falar sobre a obra de Tore Janson, História das Línguas – Uma introdução, para cuja tradução portuguesa (com divulgação, já, na rubrica Montra de Livros) escreveu o prefácio. Trata-se de uma obra de grande êxito na Suécia e nos países anglo-saxónicos que aborda a origem das línguas naturais, a qual se poderá conhecer melhor no domingo, dia 24 de março, às 12h30* (com repetição a 30 de março, às 15h30).

* Hora oficial de Portugal continental, ficando o programa disponível, posteriormente, aqui e aqui.  

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No Consultório, retoma-se o tema da pontuação do discurso direto e das frases intercaladas associadas, bem como o emprego de terno na aceção de «indumentária de três peças» (aquilo a que se chama fato em Portugal). Três perguntas completam a atualização, uma sobre a identificação dos valores aspetuais de uma frase, outra a respeito do aportuguesamento de um latinismo e outra, ainda, acerca dos significados de predisposição, suscetibilidade e vulnerabilidade na área da saúde.

2. A região do Alentejo é conhecida pelos seus apelidos, muitos com origem em alcunhas, como é o caso de Cavalão, nome de família que pode ter origem na alusão ao feitio irrequieto de um antepassado. A propósito deste tema, a Montra de livros apresenta o Tratado das Alcunhas Alentejanas, da autoria de Martins Ramos e Carlos Alberto da Silva (Edições Colibri, 4.ª edição, 2013), que reúne perto de 13 mil alcunhas alentejanas, precisando a sua origem e distribuição nesta região do sul de Portugal.

Em Portugal, apelido e alcunha são, respetivamente, sobrenome e apelido no Brasil.

3. Na rubrica O Nosso Idioma fica em linha um apontamento da linguista Ana Sousa Martins sobre o uso do pronome pessoal nós no discurso público referente ao problema da violência doméstica em Portugal (texto originalmente lido na rubrica "Cronigramas", do programa de rádio Páginas de Português, do dia  17/03/2019).

4. Capitão tem o feminino capitã, segundo os dicionários gerais, mas o título do filme norte-americano Captain Marvel, em exibição, levanta problemas à tradução. No Brasil, diz-se e escreve-se Capitã Marvel, mas, em Portugal, a obra é anunciada como Capitão Marvel, porque, conforme declarações prestadas à revista Visão pelo gabinete de Relações Públicas da Forças Armadas Portuguesa, «não existe capitã nem aqui, nem em nenhum ramo das Forças Armadas». Por outras palavras, em Portugal, falando de hierarquia militar, os postos são denotados pelos nomes masculinos, que assim se tornam nomes comuns de dois géneros, como já assinalámos na resposta "Ainda o feminino de capitão" (19/03/2013). 

5. Dois registos finais para eventos organizados com o objetivo de conhecer melhor e promover a nossa língua comum:

– a experiência estimulante que foi trazer a companhia de teatro Furabolos, da Galiza a Lisboa, para descobrir que, afinal, portugueses e galegos ainda se entendem (pelo menos, linguisticamente), conforme relata Fausta Cardoso Pereira, no texto "Galego-português – da teoria à prática", publicado na revista digital galega Palavra Comum em 15/03/2019;

– o anúncio da realização do XXXI Colóquio da Lusofonia, marcado para  os dias 12 e 15 de abril de 2019, em  Belmonte (Castelo Branco), em Portugal – em destaque os 20 anos do referendo que conduziu à independência de Timor-Leste.