DÚVIDAS

Dialecto, crioulo e patoá

Crioulo e dialecto são dois conceitos distintos, não é assim? Como é possível dizer-se que nas ex-colónias portuguesas se fala um «dialecto crioulo»? O que é que se entende por «dialecto crioulo»?
Tenho lido alguns artigos onde afirmam que patois seria equivalente a dialecto. Se esta afirmação for correcta, e se entendermos dialecto por «subdivisão de uma língua oficial que tem por critério uma determinada zona geográfica» (de certa forma um regionalismo), como é possível dizer-se que em Macau se fala “patua”, se essa forma de falar é a representação de uma “crioulização” formada pela mistura da cultura ocidental com diversas culturas do Sudeste Asiático? (portanto aproximar-se-ia mais de um crioulo e não de um dialecto/patois).

Obrigado.

Resposta

Hoje em dia consideram-se os crioulos como línguas e não como dialectos.

Não se deve usar o termo “patois”, que é francês, mesmo aportuguesado em patuá, que é sinónimo de patiguá, ambos termos brasileiros, de sentido completamente diferente (significando «grande cesto de palha, bambu, etc.»).

Querendo, pode empregar patoá, com o significado de falar local.

Línguas crioulas ou crioulos são as que resultaram da interferência de pelo menos dois idiomas, um europeu e o outro ou outros, nomeadamente da África ou da Ásia.

Em Macau chama-se, de facto, patoá ao crioulo, que aliás se ouve muito raramente.

O moderno conceito de dialecto encara-o como um conjunto de isoglossas, ou seja linhas que delimitam as regiões em que se observam idênticos fenómenos linguísticos, por exemplo a troca do v por b.

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