A oração «ao contrário do que se pode pensar» pode ser considerada um tipo de oração subordinada conformativa1. Estas orações «envolvem epistemicamente o falante ou o ouvinte relativamente ao conteúdo da oração principal»2 e são tipicamente introduzidas pelos conectores como, conforme, segundo e consoante. Seguido a posição de Peres e Móia, poderemos considerar que estas são orações anticonformativas, na medida em que têm o mesmo comportamento das conformativas, mas exprimem um valor, não de conformidade, mas de disparidade3.
A construção «ao contrário do que se pode pensar» é composta por um conector, «ao contrário de», seguido de uma oração subordinada relativa, «o que se pode pensar»4.
1. Para mais informações sobre as orações conformativas, cf. Lobo in Raposo et al., Gramática do português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 2028 e ss.
2. Ibidem.
3. Cf. Áreas Críticas da Língua Portuguesa. Caminho, pp. 353-357.
4. Peres e Móia discutem ainda a possibilidade de constituintes como estas estruturas não serem oracionais, uma vez que, em muitas situações, o conector liga um sintagma nominal ou uma subordinada relativa a outro sintagma nominal, o que atribui ao conector características de uma preposição (cf. ibid., p. 355).