1. Coincidindo com a interrupção escolar dos meses de verão em Portugal, também o Consultório entra em pausa nas próximas semanas, de 21 de junho até 31 de agosto. Como é hábito neste período, deixa de estar ativo o formulário para envio de dúvidas e abranda o ritmo das atualizações destas páginas, mas não se deixará de disponibilizar conteúdos nas demais rubricas – Na 1.ª Pessoa, Atualidades, Outros –, sempre que o interesse ou a atualidade do tema o justifiquem. Entretanto, neste dia, entram ainda quatro novas perguntas no Consultório: «é difícil declarar que seja necessário» ou «declarar que é necessário»? O que quer dizer «chega mudei de cor» no português do Brasil? Como se dizia riso em português medieval? O que significa o turco ebru?
Para assuntos que não digam respeito a consultas sobre gramática e língua portuguesa, continuam acessíveis os contactos indicados aqui. Na imagem, Praia de Cascais (aguarela sobre papel, 1906), de D. Carlos de Bragança (1863-1908), Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves (crédito da imagem: Wikipédia).
2. O que se entende por «guerra cultural», termo tão frequente hoje na comunicação social? Segundo o investigador e analista político João Ferreira Dias (Centro de Estudos Internacionais do Iscte-IUL – CEI-Iscte), a expressão aplica-se às «disputa[s] por valores, identidades e o rumo da sociedade», que favorecem narrativas maniqueístas, que «reduzem debates complexos a visões incompatíveis e lineares, fortalecendo identidades rígidas e suprimindo a possibilidade de diálogo, motor essencial para a construção de um espaço comum na democracia» (Guerras Culturais. Os Ódios que nos Incendeiam e Como Vencê-los, Guerra e Paz, 2025, pp. 11 e 14). Em Montra de Livros, apresenta-se outro livro sobre o tema, com o curioso título de Hipocritões e Olhigarcas (Guerra e Paz), da autoria do historiador e político Rui Tavares.
3. Ainda a propósito das comemorações dos 500 anos de Camões, partilha-se com a devida vénia, na rubrica Literatura, um artigo de Ana Cristina Alves, investigadora auxiliar e coordenadora do serviço educativo do Centro Cultural e Científico de Macau, a respeito das recriações poéticas da biografia de Camões e da sua passagem por Macau.
Sobre a vida e obra de Luís Vaz de Camões, recorde-se que, em 2024, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte. Biografia de Luís de Camões, de Isabel Rio Novo foi obra muito aplaudida não apenas em Portugal. Por exemplo, em O Trapézio, publicação digital dirigida às comunidades de línguas espanhola e portuguesa, teve destaque num artigo intitulado "Nova biografia de Camões demonstra que o poeta maior da língua portuguesa também era um homem de carne e osso" (18/12/2024). Sobre este livro, ler também "A biografia de Camões, o poeta a quem foi diagnosticada ingratidão".
4. Quanto aos projetos em vídeo do Ciberdúvidas: no 39.º episódio de Ciberdúvidas Responde, fala-se do uso do acento agudo em palavras graves – ou paroxítonas – como telemóvel; e no 34.º episódio de O Ciberdúvidas Vai às Escolas explica-se o uso de c antes de consoante no português europeu, em palavras como facto, pacto e contacto.
5. Outros registos:
– em 14/06/2025, o falecimento da escritora Teresa Rita Lopes (n. 1937, Faro), «uma das investigadoras mais relevantes da fase inicial dos estudos pessoanos», que «durante o Estado Novo, impediu que o espólio do escritor saísse do país» (Público, 15/06/2025);
– em 24 de junho, no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, o lançamento do n.º 129 da revista Colóquio Letras, em homenagem do poeta Nuno Júdice (1949-2024), de quem acaba de ser editado o inédito Livro de Caligrafia (mais informação aqui);
– na mesma data, a sessão Vento Leste. Luso-orientalismos nos filmes da ditadura, por Maria do Carmo Piçarra (Universidade Nova de Lisboa), no âmbito do ciclo de conferências Orientalistas de Língua Portuguesa, promovidas pela Biblioteca Nacional de Portugal.
6. Conteúdos de dois dos programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa:
– Em Língua de Todos, na RDP África, transmitido na sexta-feira, 20/06/2025, pelas 13h20* (repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00), a professora Clara Keating (Universidade de Coimbra) discute até que ponto as variedades não dominantes do português continuam ou não a ser invisibilizadas.
– Em Páginas de Português, na Antena 2, domingo, 22/06/2025, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 28/06/2025, às 15h30*), a professora Graça Índias Cordeiro (CIES-Iscte) aborda a relevância da língua portuguesa para comunidades migrantes e os seus descendentes. O programa inclui ainda um apontamento gramatical da professora Carla Marques sobre funções sintáticas.
* Hora oficial de Portugal continental.