1. Decorre até 13 de outubro, em Osaca* (Japão), a Expo 2025, subordinada ao tema genérico "Conceber a sociedade futura para as nossas vidas". Toda a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) está representada: o Brasil, com um pavilhão dourado que evoca a luz, a energia e a renovação do Sol; Cabo Verde, expondo os bons resultados da cooperação com o país anfitrião; a Guiné-Bissau tem o pavilhão "Herança e Inovação: a Guiné-Bissau, uma Ponte entre a Tradição e o Futuro”; Moçambique está presente, para potenciar a sua máxima de política externa, «fazer mais amigos e estabelecer mais parcerias»; Portugal participa com o pavilhão "Oceano, diálogo azul" (consultar página); São Tomé e Príncipe marca igualmente presença; e junta-se ainda Timor-Leste, centrando-se na promoção cultural e na cooperação regional. É uma exposição que dá também visibilidade aos países da CPLP, mas há dúvidas quanto à extensão do uso do português neste acontecimento**. Na verdade, além do japonês, do mandarim e do coreano, as páginas da Expo 2025 só oferecem a opção de leitura em três línguas ocidentais, o inglês, o francês e o espanhol. Parece, portanto, que a projeção do português fica por conta dos participantes que lhe dão estatuto oficial. Seja como for, sobre a sensação causada por um jovem português afrodescendente, que disse um poema em língua portuguesa no pavilhão de Portugal, transcreve-se em Lusofonias o testemunho do compositor Dino D'Santiago, que pergunta: «o que queremos fazer com esta língua que nos une?»
* Acerca da forma portuguesa do nome da cidade internacionalmente conhecida como Osaka, leia-se "Osaca ou Ósaca". Na imagem, biombo nanban, atribuído a Kanō Sanraku (c. 1559-1635) e da coleção do Museu Suntory de Arte (Tóquio, Japão). Sobre as relações históricas Portugal-Japão, ler "Chegada dos Portugueses ao Japão" (Infopédia).
** Relativamente a um alegado uso deficitário do português na participação de Portugal na Expo 2025, leia-se, de Pedro Almeida Vieira, "Portugal apaga o português na Expo 2025" (Página 1, 23/05/2025). Ler publicação de Ana Paula Laborinho (Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura – OEI) a desmentir que a língua portuguesa esteja pouco presente no pavilhão português – Facebook, 01/06/2025.
2. A relação com a China é o contexto de mais um obra apresentada em Montra de Livros. Intitulado Festivais Tradicionais Chineses, trata-se de uma publicação bilingue de 2025, da Escola Secundária Luís Gonzaga Gomes, em Macau.
3. A propósito da final da Taça de Portugal, disputada em 25/05/2025, foi dito que um jogador conhecia «o misticismo do Estádio Nacional». Em O Nosso Idioma, o consultor Carlos Rocha comenta os significados de misticismo e mística quando referidos ao futebol.
4. Se a palavra sofrência existe, o termo mais correto e corrente não será sofrimento? A resposta faz parte do conjunto de cinco novas respostas do Consultório. Outros usos lexicais também abordados são os de viragem, saca, contactante e viagem.
5. Relativamente aos projetos em vídeo do Ciberdúvidas: no episódio 36 de Ciberdúvidas Responde, explica-se a razão para evitar pleonasmos como «um acontecimento aconteceu»; no episódio 31 de O Ciberdúvidas Vai às Escolas, lembra-se que a terminação -te nunca se separa de entraste ou de outras formas da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo.
6. Registe-se a entrevista que o sociólogo francês Dominique Wolton deu ao Diário de Notícias (25/05/2025) à margem da sua participação na conferência BEIRA – Observatório de Ideias Contemporâneas Azeredo Perdigão. Este especialista adverte que «atualmente é o rolo compressor do inglês que se sente em todo o mundo» e que é preciso «compreender o mais rapidamente possível que se não salvarmos as outras línguas, haverá guerras contra a língua inglesa».
7. Em dois dos programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa, são temas de entrevista:
– Em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 30/05/2025, 13h20*; repetição no dia seguinte, c. 09h05*), a professora Margarita Correia (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) refere-se à obra do gramático brasileiro Evanildo Bechara, falecido em 22/05/2025.
– Também o perfil académico de Evanildo Bechara, apresentado pela professora universitária Margarita Correia, é o tema central do programa Páginas do Português (Antena 2, domingo, 01/06/2025, às 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 07/06/2025, às 15h30*). Esta especialista ainda fala da obra mais emblemática de Bechara, a Moderna Gramática Portuguesa, publicada pela primeira vez em 1961 e constantemente atualizada desde então.
* Hora oficial de Portugal continental.
8. Regista-se com pesar o falecimento do linguista e escritor Fernando Venâncio. Nascido em 1944, em Mértola, Fernando Venâncio foi professor na Universidade de Amesterdão, onde se doutorou 1995, com um estudo sobre as «ideias de língua literária em Portugal no século XIX». Escreveu no Jornal de Letras (JL), no semanário Expresso e na revista Ler e autor dos romances Os Esquemas de Fradique (1999) e El-Rei no Porto (2001) e da antologia Crónica Jornalística. Século XX (2004). Nos últimos anos deu particular atenção às origens do português, à sua relação com o galego e ao contacto do português europeu com o português Brasil, nos livros Assim Nasceu uma Língua (2019) e O Português à Descoberta do Brasileiro (2022).
N. E. – O ponto 1 desta abertura foi atualizado em 03/06/2025.