Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Pelourinho
Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.
A propósito de <i>contacto</i>, «dezenas de milhares»<br> e <i>catenária</i>
Uma variante menos adequada, uma forma pouco correta e um erro sem discussão

O uso de contato em lugar de contacto, que é a forma corrente em Portugal,  o erro "dezenas de milhar" e a dispensável nasalidade do a da primeira sílaba de catenária ("cantenária") são imprecisões e erros que se recolhem nas notícias que circularam em Portugal nos primeiros dias de outubro de 2025. O comentário de Carlos Rocha.

Vamos lá falar português!
Incúria e abandono

«Ficamos comovidos quando lemos ou ouvimos que em partes remotas da Malásia ainda há comunidades a falar português, ou aparecem referências a palavras portuguesas que os japoneses têm no seu léxico. O amor à nossa língua obriga também a que mostremos indignação pelo desprezo a que muitos compatriotas lhe dedicam no presente.»

Apontamento da página do Facebook (30/09/2025) de Rui Henriques, no qual se tecem críticas contra o excesso de palavras e expressões inglesas no espaço público em Portugal. Texto escrito segundo a norma ortográfica de 1945.

 

Trema!
Uma história difícil para a cidadania

Um episódio da atual vida política portuguesa recuperou do esquecimento um sinal gráfico que há muito não se usa em Portugal, embora há cerca de duas décadas ainda fosse empregado no Brasil: o trema, ou seja, o sinal de separação vocálica (diérese). Um apontamento de Carlos Rocha.

Na imagem, pormenor do cartaz associado à promoção dos cursos de língua alemã do Goethe Institut em Portugal no ano letivo de 2025/2026 (fonte: página do Goethe Institut Portugal no  Facebook, 12/09/2025). Tradução das palavras e da frase em alemão: Hamburger = hambúrguer; Hamburg = Hamburgo; Bürger = cidadão; Ein Bürger der Stadt Hamburg isst ein Hamburger = «um cidadão da cidade de Hamburgo come um hambúrguer».

Descurar «entes queridos»
Plural e composição de palavras

Comentário linguístico da consultora Inês Gama a propósito do erro "ente-queridos" encontrado no site de um crematório português, com esclarecimentos sobre a hifenização e a concordância nominal da locução «ente querido», frequentemente usada em contextos fúnebres.

A praga do «eu diria que...»
Um modismo que já irrita

«Muitos jornalistas [...] julgam de boa oralidade começar a sua intervenção com o batido "eu diria que"» – refere o jornalista Victor Bandarra neste apontamento em que retoma o tema do modismo «eu diria que...», um marcador de discurso que, em Portugal, se repete sem imaginação na comunicação social. Texto publicado em 31  de agosto de 2025 no jornal Correio da Manhã e aqui divulgado coma devida vénia.

 

«Fizeram com que se reerguesse», <br>e não
A confusão entre o pronome se e a terminação verbal sse

Dois equívocos num só erro é como se pode descrever o caso comentado pelo consultor Carlos Rocha, que recorda o cuidado a ter para não confundir o pronome se com a terminação verbal sse do imperfeito do conjuntivo.

<i>Entreteve</i>, e não
Tropeçar com a mulher de César e derivados de ter

Os verbos derivados de ter não perdoam aos incautos que se fiam na regularidade da conjugação verbal. E, em  Portugal, num comentário televisivo sobre Mário Centeno, ex-governador do Banco de Portugal, mais uma vez se confirmou que entreter é tão traiçoeiro como conter, deter, reter ou manter. O consultor Carlos Rocha dá conta deste caso.

Para quê tantos anglicismos nos CTT?
A propósito da expressão «hora de corte»

Em Portugal, nas lojas e pontos dos serviços dos CTT, lê-se «hora de corte» com o significado de «hora limite para recolha de correio». O consultor Carlos Rocha interroga-se sobre o sentido de corte na referida expressão, num apontamento que revela igualmente como um serviço de correios, com longa tradição em Portugal, usa anglicismos esquecendo-se do vernáculo.

Errar <i>ad nauseam</i>
Equívocos televisivos

Há expressões erradas que se repetem ad nauseam, e tudo piora quando esta locução latina é também mal pronunciada. Um apontamento do consultor João Nogueira da Costa.

Sobre vidas sob ataque
Quando a paronímia atrapalha a ortoépia

As preposições sobre e sob tendem a confundir-se, quantas vezes a favor da primeira, no contexto errado. A troca é recorrente e detetou-se mais uma vez nas reportagens e comentários à volta dos doze dias de bombardeamentos entre Israel, o Irão e os EUA, como se assinala neste apontamento do consultor Carlos Rocha.