Os verbos derivados de ter não perdoam a quem se fia na regularidade da conjugação verbal. E, em Portugal, num comentário televisivo sobre Mário Centeno, ex-governador do Banco de Portugal, mais uma vez se confirmou que entreter é tão traiçoeiro como conter, deter, reter ou manter.
Tudo aconteceu ao serão, em 25/07/2025, no canal RTP Notícias. Alguém dizia com bem achada eloquência*:
«O problema é que à mulher de César não basta ser honesta, é preciso parecer. Ou melhor, adaptando [a] este caso, à mulher de César não basta ser independente, é preciso parecer. Depois, isto entreteu todo um circo mediático...»
O jogo com a máxima da mulher de César, original e conseguido, redundou no "entreteu", em lugar da forma correta entreteve, o que praticamente fez desabar o sucesso do efeito retórico.
Quem cai também se levanta, e, portanto, para não voltar a errar, recorde-se que os verbos derivados de ter como conter, deter, reter, manter ou o que agora nos demora, entreter, não são verbos regulares e mantêm toda a conjugação irregular do verbo de base, o já mencionado ter (ver Textos Relacionados).
Dado o esclarecimento, continuaremos a percorrer a distância que vai de ser a parecer – mas sem tropeçar na língua, por favor.
* Agradeço ao consultor Paulo J. S. Barata a chamada de atenção para este caso.