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1. A atualidade internacional volta a ficar marcada pela guerra em Gaza e na Ucrânia, pela crise climática e pelo decionante impasse na COP28, no Dubai, entre muitos outros focos de tensão e conflito. No mundo de língua portuguesa, as notícias dão igualmente conta de alguma agitação, pelo menos, mais declarada na Guiné-Bissau, onde o parlamento foi dissolvido, ou em Portugal, com o chamado «caso das gémas». Bem mais pacífica e estimulante é com certeza uma novidade vinda de Angola: a publicação do livro Português de Angola: Fonologia, Sintaxe e Lexicografia, uma obra coordenada por três linguistas – dois angolanos, Márcio Undolo e Gaudêncio Kimuenho, e o moçambicano Alexandre António Timbane. Trata-se de um trabalho que visa dar contributos para a elaboração da norma do português angolano, conforme se regista nas Notícias.

Na imagem, as quedas-d'água de Calandula, na província de  Malanje, em Angola (fonte: "Quedas de Calandula", Wikipédia, consultada em 05/12/2023).

2. O que se faz e não faz pela inclusão e pela linguagem que a promove continua a dar abundante matéria de reflexão. Na rubrica O Nosso Idioma, a consultora Inês Gama mostra como  as questões de género e identidade geram um debate não despiciendo – adjetivo que ganhou relevo mediático em Portugal e que é comentado pela professora Carla Marques na mesma rubrica.

3. Quando se conjuga o verbo sair no presente do indicativo, como se escreve a forma da 3.ª pessoa do plural (eles, elas)? "Saiem"? No Pelourinho, a consultora Sara Mourato recorda que a grafia correta é saem, corrigindo o que se escreveu numa notícia sobre uma plataforma de encontros.

4. Quando o nome resto ocorre, por exemplo, em expressões como «o resto», não estaremos a usar um pronome indefinido? A resposta faz parte do conjunto de nove respostas que atualizam o Consultório e abordam outros tópicos: o gentílico de Bereia, o nome Via Sacra, a relação das conjunções com os modos verbais, um caso de oração subordinada comparativa, dois verbos homónimos (decorar), o verbo sentir seguido de oração adverbial, o superlativo relativo e o termo primitivabilidade.

5. Os jovens portugueses parecem perder as denominações de relações de família e parentescos menos próximos, como sejam, bisavó, tio-avô ou genro. Nada de comparável entre os falantes de mandarim, que memorizam um sistema de termos de parentesco muito complexo – revela a professora Dora Gago nas Diversidades, em crónica transcrita, com a devida vénia, da revista digital Algarve Informativo.

6. Na rubrica Ensino, inclui-se um comentário dos investigadores brasileiros Henrique BragaMarcelo Módolo incluído no Jornal da USP, acerca dos critérios de correção (no Brasil, gabarito) da prova de Linguagens do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

7. O "brasileiro" já não faz parte da língua portuguesa? Nas Controvérsias, o gramático brasileiro Fernando Pestana contesta a ideia de «língua brasileira», defendendo a unidade do idioma, que permite a qualquer aprendente estrangeiro comunicar tanto no Brasil como em Cabo Verde, Portugal, Angola, Moçambique, Timor-Leste ou mesmo na Guiné-Bissau.

8. À medida que 2023 se aproxima do fim, aparecem os já tradicionais passatempos da «Palavra do Ano». É o caso da votação organizada pela Porto Editora, que apresentou a seguinte lista, a traduzir bem as preocupações sociais e políticas dos últimos meses em Portugal: clima, conflitos, demissão, habitação, inflação, inteligência artificial, jornada, médico, navegadoras, professor. É de lembrar que, em 2022, guerra foi a palavra escolhida pelos participantes na escolha promovida pela Porto Editora.

 Acrescente-se que, para o inglês, a Oxford University Press (OUP), a segunda editora mais antiga do mundo, já anunciou a palavra do ano: rizz , nome do registo coloquial, que significa «estilo, charme ou atratividade; a capacidade de atrair um parceiro romântico ou sexual» (cf. jornal digital brasileiro Nexo e, em inglês, página da OUP).

9. Da atividade académica relacionada com a língua portuguesa, destacam-se:

– o anúncio da 1.ª chamada de trabalhos da conferência "De cada língua se constrói o futuro – a voz da sustentabilidade no ensino e aprendizagem das línguas", promovida pelo Centro de Línguas e Cultura (CLiC) do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL);

– a ação de curta duração "Ensino e aprendizagem do PLNM: estratégias e recursos", também do do CLiC do IPL, em parceria com a Escola Superior de Educação de Lisboa.

10. Devido ao feriado religioso de 8 de dezembro, celebrado em Portugal como noutros países, a próxima atualização do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa fica marcada para 12 de dezembro. Sobre o significado também histórico-político da data de 8 de dezembro, ler a Abertura de 27/11/2020.

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