Sílvia Alberto, apresentadora do concurso “Dança Comigo”, da RTP-1 1, referindo-se ao professor de dança e a ela própria: «... o mestre e a sua aprendiz...»
Sendo certo que a Sílvia não deve ter dúvidas quanto ao seu género, conclui-se que é melhor aprendiza de dança do que de português.
Pelo menos, a avaliar pela correcção precipitada que fez a si própria, dirigindo-se desta feita a Daniela Mercury:
«Daniela, o destino trouxe-a, trouxe-la ao nosso salão de baile.»
Na verdade, é mesmo como dissera da primeira vez: trouxe-a = trouxe + a.
Houve aqui uma confusão com a forma la do pronome pessoal, que ocorre só quando a forma verbal à qual está ligada termina em -r, -s, ou -z.
Lo, la, los, las são as formas antigas do pronome (provenientes do latim ‘illum’, ‘illam’). Esses pronomes, no português antigo, escreviam-se unidos às formas verbais, sem hífen. Quando o emprego desses pronomes tem lugar junto às formas verbais terminadas em -r, -s ou -z, estas consoantes terminais assimilam-se ao l do pronome, ficando uma consoante geminada que, depois, se reduz a l simples.
Exemplos: (1) tu amas o rapaz = tu ama-lo (amas + lo > *amaslo > amallo > ama-lo); (2) ele faz a barba = ela fá-la (faz + la > falla > fá-la)
1 emissão de 17 de Junho p. p.