Numa perspetiva estritamente normativa, as gramáticas consagram o uso do masculino plural como uma forma que se pode referir ao género masculino e ao género feminino em simultâneo (o que não tem lugar com o feminino plural). Assim, enunciados que incluam nomes como amigos, senhores, companheiros poderão referir os dois géneros.
Sabemos, porém, que, socialmente, tem sido contestada uma certa “masculinização” da língua, o que tem levado à defesa de que a língua deve também promover a igualdade de géneros. Esta não é, à partida, uma questão gramatical, mas sim uma questão política e social que não tem, aliás, sido pacífica (recorde-se, a propósito, a controvérsia que teve lugar também aqui).
Assim sendo, embora gramaticalmente expressões como «amigas e amigos» sejam redundantes, estas podem ser utilizadas numa perspetiva de convocar valores que se pretende projetar socialmente. O mesmo se dirá da colocação do nome do género feminino à cabeça da expressão. Esta opção reivindica um destaque que se pretende atribuir ao género feminino (o que pode acontecer até por razões de cortesia linguística).
Assim sendo, cabe à consulente optar pela forma que pretende utilizar, sendo certo que a opção tomada poderá ir além da norma, marcando uma posição pessoal de natureza social e ética.
Cf. Governo substitui “direitos do Homem” por “direitos humanos”
+ A linguagem inclusiva, esse "perigo público" + La gramática no tiene sexo, no es incluyente ni excluyente