É possível confirmar a existência de trabalhos no campo da linguística descritiva que apontam para a possibilidade de o segmento fonológico /ɲ/ ser realizado com semivogal nasal – isto é, como um i nasal – em vários dialetos brasileiros. Mas não se diga que esta pronúncia corresponde ao padrão do Brasil; trata-se tão-só de uma tendência detetável no discurso oral de muitos falantes brasileiros.
Por exemplo: «[...] os movimentos de [ɲ] > [y] e [ɲ] > [ø] já foram descritos por outras pesquisas, como a de Aguiar (1937) que encontrou realizações como [põ´bĩʊ] (pombinho), e também de Penha (1972) que encontrou formas como [pa´mõyɐ] (pamonha) e [veh´gõyɐ] (vergonha)» (Neffer Pinheiro, O processo de variação das palatais lateral e nasal no português de Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, 2009, p. 21).
Já sobre a génese deste fenómeno, poderá defender-se que é resultado da ação de um substrato de língua banta ou outra da África subsariana, dada a deslocação de falantes dessas línguas durante o período em que o tráfico de escravos foi intenso. No entanto, não conhecemos trabalhos que fundamentem esta hipótese de forma plausível, até porque poderá também dever-se a um substrato ameríndio, o qual, aliás, pode criar o mesmo tipo de dificuldades quando se pretende detetá-lo na língua contemporânea. Do mesmo, não parece haver certezas quanto à possibilidade de esta articulação de nh ter origem em casos como o de vinho, que, no período galego-português, deveria apresentar uma vogal nasal intervocálica – vĩo –, provavelmente configurando uma pronúncia semelhante à que têm muitos falantes brasileiros.