Apesar de nas gramáticas só encontrarmos atestada a expressão disjuntiva correlativa1 «seja... seja...» (veja-se, a título de exemplo, a Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara, 37.ª edição, pág. 321), a verdade é que encontramos a alternativa «seja... ou...» atestada em autores da língua portuguesa que contribuem para a construção do modelo literário e da norma. Veja-se:
(1) « [...] contando que eles sejam dispensados segundo as fórmulas consagradas, que importa que o sacerdote seja santo ou pecador?» (Eça de Queirós, O Crime do Padre Amaro, 1875)
(2) «Ninguém lhe diz que seja amanhã ou depois» (Machado de Assis, Quincas Borba, 1891)
(3) «Enfim já quero que se pagasse uma renda jeitosinha, que ele cada um também precisa, seja pobre ou rico.» (Aquilino Ribeiro, Terras do Demo, 1919).
Podemos encontrar ainda exemplos que demonstram que se pode proceder à elipse da forma verbal seja na conjunção disjuntiva correlativa, como em:
(4) «Nem o padre, nem o frade, Seja leigo ou seja abade...» (Luís da Gama, Primeiras Trovas Burlescas de Getulino, 1859).
Neste último exemplo temos a construção «seja... ou seja», em que a repetição da forma seja não é obrigatória e pode ficar subentendida noutros contextos, como acontece na frase em questão.
1 Conjunções disjuntivas correlativas (alternativas, em português do Brasil) «enlaçam as unidades coordenadas matizando-as de um valor alternativo, quer para exprimir a incompatibilidade dos conceitos envolvidos, quer para exprimir a equivalência deles» (Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, pág. 321, 2009).