Pergunta:
Esta dúvida surgiu-me quando estava a falar com uma colega sobre um texto que ela escreveu e que li, com o propósito de o rever.
Uma das poucas questões surgidas versou a pontuação quando se usava aspas. Esta é a frase:
«"Deve ser por isso que .... são iguais a ele.”, pensou.»
A minha colega argumentou que, quando uma frase entre aspas fica completa, a pontuação deve ficar dentro das aspas. Por isso, colocou um ponto final na frase que transcreve um pensamento, e uma vírgula a seguir.
Embora concorde com a afirmação de que a pontuação deve ficar dentro das aspas, tratando-se de uma frase completa, penso que este é um caso diferente, pois, tem ainda a intervenção do narrador. Em minha opinião, o ponto final só deve ficar a seguir à intervenção do narrador, como acontece nos diálogos.
Estarei enganada? Será diferente quando se trata de transcrever pensamentos?
Ficar-vos-ei muito grata pela vossa ajuda.
Resposta:
A questão levantada refere-se à pontuação a empregar com diálogos ou na representação de pensamentos. Neste caso, o ponto só se coloca dentro das aspas, se a fala ou o pensamento terminarem o período ou o parágrafo:
(1) «Deve ser por isso que.... são iguais a ele.»
Contudo, se a fala ou pensamento forem seguidos de uma frase que pertence já à narração, geralmente incluindo um verbo declarativo («disse ele/ela») ou um verbo de atividade mental («pensou ela/ele»), então, não se coloca ponto dentro das aspas:
(2) «Deve ser por isso que.... são iguais a ele», pensou. [ou «"Deve ser por isso que.... são iguais a ele" – pensou.»]
Fonte: Marco Neves, Pontuação em Português, Guerra e Paz, 2022, pp. 38-44.