1. A propósito do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura, celebrado a 5 de maio, Margarita Correia, presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), num artigo intitulado "Viva a língua portuguesa!" (originalmente publicado no Diário de Notícias de 5/05/2019), faz o ponto da situação relativamente a algumas ações levadas a cabo no âmbito da promoção da língua e do Acordo Ortográfico de 90, com especial destaque para o lançamento (em 2017) e desenvolvimento do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC), que, atualmente, inclui já os vocabulários nacionais do Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste, estando preparado para receber os restantes vocabulários dos países da CPLP.
2. A pena de Ferreira Fernandes, jornalista do Diário de Notícias, leva-nos numa viagem pelas sonoridades do português que se fala no mundo: de Portugal a Angola, de Brasil a Moçambique, de Malaca ao Havai. Uma língua burilada ao longo de séculos, que se herda e se guarda.
3. Também em louvor da língua portuguesa, Marco Neves, tradutor e docente universitário, explora uma compilação de vinte e três palavras do português, aproveitando para recordar que a língua pertence a todos os falantes (palavra Camões), que o erro é característico da língua (palavra filhos) bem como os mitos em seu redor (palavra queria) e outras tantas curiosidades a partir de palavras de A a Z (texto originalmente divulgado na plataforma eletrónica Sapo 24 e no blogue Certas Palavras).
4. O género feminino em nomes de profissões tradicionalmente masculinas é a problemática que está na base do apontamento de Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, no qual sublinha um conjunto de fenómenos neste processo de adequação da língua à realidade feita no feminino (e quiçá também no masculino).
5. No Consultório, encontramos uma questão relacionada com uma história que assenta em questões de correção e estilo pessoal que teve lugar entre o escritor Augusto Abelaira e um gramático. A atualização traz ainda dúvidas a propósito do uso da palavra rímel, da possibilidade da locução de sempre poder ser um deítico temporal e do campo lexical de praia.
6. Destacamos as seguintes notícias relacionadas com a língua portuguesa:
— A recomendação de algumas alterações ao Acordo Ortográfico de 90 feita pelo grupo de trabalho constituído pelo parlamento português (notícia do semanário Expresso, aqui transcrita). Este artigo merece, contudo, algumas correções, uma vez que alguns exemplos selecionados para ilustrar as palavras que deverão sofrer alterações têm grafias que não se devem ao acordo (como é o caso de reabilitar, que já antes do acordo se grafava com esta forma) ou não sofreram alteração com o acordo, ao contrário do que se afirma (como acontece com o verbo pôr, que continuou a ter acento gráfico). Importa ainda lembrar que qualquer alteração ao Acordo Ortográfico em Portugal ou em qualquer outro país onde ele se encontre em vigor oficialmente só poderá ocorrer no âmbito multilateral do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, o instrumento para a gestão comum da idioma oficial dos Estados-membros da CPLP*;
* conforme as orientações traçadas na VI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, realizada em São Tomé e Príncipe, em 2002.
— A conferência de Carlos Reis, professor Catedrático da Universidade de Coimbra, intitulada "Malhas que o cânone tece: a língua em contexto de diversidade", que abordará questões relacionadas com a diversidade linguística, o cânone literário e traumas e condicionantes da língua, com lugar na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, no dia 8 de maio, a partir das 8h30; e
— A publicação em Portugal da lei 31/2019, que permite a utilização de dispositivos digitais para a reprodução de documentos e o uso da fotografia digital para uso pessoal, em bibliotecas e arquivos públicos, a partir de 1 de junho (notícia aqui).