1. No domingo, dia 18 de maio, Portugal foi a votos. O resultado das eleições ditou a vitória da AD (Aliança Democrática) e a derrota dos partidos da esquerda no seu geral, que reduziram, em muito a sua representatividade parlamentar (exceção feita para o Livre, o único a crescer). Na comunicação social, textos e títulos associaram os resultados da esquerda a uma imagem mental de estado de decadência com vários contornos ou causas. Surgiram expressões ligadas a um quadro de colapso, degeneração ou fracasso, como «o descalabro da esquerda» ou, com um cunho mais extremo associado ao aniquilamento total: «razia da esquerda». A situação foi, assim, descrita por meio da inserção da situação num quadro de falência ou de ruína, sendo o caso mais comentado o do Partido Socialista, que perdeu 20 deputados relativamente às últimas eleições, arriscando seriamente recuar para uma situação de terceira força política do país. A conceptualização do sucedido socorreu-se de metáforas de vária ordem, unidas por sentidos que vão do declínio à destruição total. Mobilizaram-se expressões como «derrota muito pesada», que colocam a tónica na associação do peso físico ao sentido figurado de cargo emocional que desencadeia tristeza e dor. A situação é também apresentada como um «desastre», sendo concebida como um evento que tem consequências associadas ao trauma físico («PS ferido») ou psicológico («humilhação política»). Mais visuais são as metáforas que apontam para um cenário de deslizamento ou colapso de rochas, «derrocada do partido» ou «enterrado entre os escombros», ou a um quadro de destruição total: «hecatombe no PS». Na política, como nos fenómenos naturais, depois da tormenta espera-se um período de acalmia. Então, novas metáforas abrirão caminho.
2. Ainda no quadro do contexto eleitoral, coloca-se a dúvida relativamente à construção com o verbo eleger. Qual a forma correta: «foi elegido» ou «foi eleito»? Esta mesma dúvida teve lugar a propósito da recente eleição do papa Leão XIV, momento em que o Ciberdúvidas forneceu a devida explicação. Assim sendo, para descrever, de forma correta, situações enquadradas no atual quadro de eleições, consulte-se aqui o terceiro ponto da explicação dada pelo coordenador executivo do Ciberdúvidas Carlos Rocha.
3. No Consultório, analisamos sintaticamente o verso d'Os Lusíadas «Tirar Inês ao mundo determina» no sentido de identificar a função desempenhada pelo constituinte «ao mundo». A literatura está também presente na frase retirado do Livro do Desassossego, de Bernardo Soares (semi-heterónimo de Fernando Pessoa), na qual se analisa o valor da conjunção mas. Na atualização, apresentamos ainda resposta a outras quatro questões relacionadas com os valores da posição do possessivo junto ao nome, a pronúncia de abrupto, no Brasil, o sentido de «ganhar a vida» e «ganhar vida» e a expressão «desmarcar uma marcação».
4. Qual a forma plural do nome composto arco-íris? Esta é a dúvida que analisa esta semana a consultora Inês Gama, cuja resposta se divulga nas redes sociais do Ciberdúvidas e no programa da Antena 2, Páginas de Português.
5. João André Costa, professor de português em Londres, apresenta um artigo no qual reflete sobre as inúmeras vantagens de aprender várias línguas e alerta para as consequências de eliminação do currículo escolar de disciplinas de língua estrangeira.