1. A gramática e as suas áreas constitutivas têm, ao longo dos séculos, sido testemunhas de uma especialização cada vez maior. Ao longo dos tempos, os estudos gramaticais aprofundaram novas áreas de estudo no âmbito específico da gramática e também no da sua relação com outras disciplinas. Esta diversidade de abordagens que se tem desenvolvido nos estudos linguísticos está a par com a variedade de perguntas que chegam ao Consultório do Ciberdúvidas. Nesta nova atualização são tratadas questões na área da sintaxe («Qual a função sintática desempenhada pelo constituinte «breve e misteriosa» na frase «Teve vida breve e misteriosa?» e «O modificador integra o predicado?»), da etimologia («Qual a origem do adjetivo rupestre?» e «Por que razão variam em género os numerais um/uma e dois/duas?») e da lexicologia («Qual a expressão mais adequada: "Às claras", "pelo claro" ou "em claro"?).
2. Na Montra de Livros, é também uma gramática que divulgamos. Trata-se da mais recente publicação do tradutor e professor universitário Marco Neves: Gramática para todos – o português na ponta da língua, da Editora Guerra & Paz. Uma gramática construída em tom coloquial e que propõe uma abordagem simples das tradicionais partes da gramática, às quais se junta um capítulo para tratamento de erros e dúvidas frequentes e ainda um outro com pistas para a produção textual. Uma obra para iniciados, que procura tornar acessível o conhecimento gramatical.
3. De tradução à letra e dos seus resultados por vezes risíveis nos fala Ana Martins, colaboradora do Ciberdúvidas e responsável pela Ciberescola, num apontamento que recorda a obra O Novo Guia de Conversação Português e Inglês, do português Pedro Carolino, que reúne um conjunto de traduções de expressões portuguesas propostas por um autor que não falava inglês. Este detalhe final justificará a tradução de «Quem tem boca vai a Roma» como «With a tongue one go to Rome», que constitui um dos inúmeros casos que aqui se encontram e que parece antecipar, em 1855, alguns estranhos resultados da atual tradução automática.
4. A lexicologia, área da gramática que se dedica ao estudo das palavras e das relações que estabelecem entre si, dedica uma parte da sua atenção ao estudo do alargamento do significado das palavras. Este processo, designado extensão semântica, tem uma vitalidade assinalável e promove a dinâmica das línguas. A palavra redundância, utilizada pelo primeiro-ministro português António Costa a propósito das negociações do Estado português com o SIRESP, é um exemplo deste fenómeno de alargamento da significação inicial de um vocábulo no sentido de uma complexidade de sentido que por vezes parece roçar o contraditório. Sobre este aspeto da língua reflete o jornalista Luís M. Faria, num apontamento publicado e originalmente divulgado no Revista do Expresso.
5. Destaque para a decisão do jornal britânico The Guardian que anunciou a atualização do seu livro de estilo, introduzindo termos que descrevam com maior precisão e impacto a crise ambiental que o planeta enfrenta. Exemplo disto é a substituição da expressão "climate change" ("alterações climáticas") por "climate emergency" ("emergência climática").
6. A expansão e divulgação da língua portuguesa no panorama mundial fica patente nas seguintes notícias que aqui destacamos:
— A oferta de ensino de língua portuguesa nas escolas públicas do distrito escolar de Santa Clara, em Silicon Valley, nos Estados Unidos, num projeto agora iniciado em resultado de um acordo entre o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, a Presidente da Câmara de Santa Clara, Lisa Gillmor, e Stanley Rose, superintendente do distrito escolar (notícia aqui);
— O avanço lento do projeto da primeira escola internacional portuguesa, em São Paulo, no Brasil, um projeto cuja primeira pedra foi lançada em 2017 e que assegurará um ensino com dupla certificação e ainda um centro de formação de professores (notícia aqui);
— Portugal é o país convidado da Feira do Livro de Sevilha, que terá lugar de 22 de maio a 2 de junho de 2019, na cidade espanhola de Sevilha (mais pormenores aqui).
1. Os exageros podem ser literários – basta lembrar a hipérbole –, mas, no quotidiano, assalta-nos a desconfiança quando alguém desata a «prometer mundos e fundos», expressão que é o tópico de uma das cinco novas respostas do Consultório. Dúvidas também suscitam o verbo provar, a identificação de uma função sintática, as palavras que denotam os denominadores das frações e um caso de interrogativa indireta.
2. Entre alunos de 12, 13 ou 14 anos, terá a disciplina de língua materna a capacidade de concorrer com as muitas solicitações eletrónicas e extraescolares que os distraem? A professora Lúcia Vaz Pedro, consultora do Ciberdúvidas, explica como tornar as aulas de Português mais apelativas num apontamento escrito para a rubrica Ensino.
3. Falar em público não é só abrir a boca e dizer o que vem à cabeça – e quem julga o contrário anda muito enganado. Para evitar ilusões e dissabores, O nosso idioma disponibiliza um conjunto de preciosos conselhos práticos, dados pela linguista e consultora permanente do Ciberdúvidas Carla Marques, que os reuniu num artigo originalmente publicado na revista digital Leya Educação.
4. Corrigir os erros gramaticais dos outros é um dever social ou um exercício de personalidades obsessivas? O linguista brasileiro Aldo Bizzocchi discute o papel sociocultural da correção de erros linguísticos, num texto publicado no blogue Diário de um Linguista em 14/05/2019 e transcrito na rubrica O Nosso Idioma.
5. Entre as comemorações que vão preenchendo o calendário, três com atualidade:
– Em 17 de maio, o Dia Internacional contra a Homofobia assinala o aniversário da retirada da homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS)*. Na mesma data, refiram-se ainda as celebrações do Dia das Letras Galegas, feriado que, na Galiza, se dedica a uma figura notabilizada pelo seu contributo para a língua galega e que, neste ano de 2019, tem como homenageado o historiador, etnógrafo e geógrafo Antonio Fraguas (sobre a questão linguística da Galiza, ler "Mana Galiza", de Fernando Venâncio).
*À volta do tema da sexualidade e das questões de género associadas, leiam-se os seguintes textos: "Homofobia, homófobo e homofóbico"; "Sobre a formação de homofóbico e homofobia"; "Os sem palavras"; "'Relacionamento homoafectivo'"; A palavra sexualidade; «Intercurso sexual»; «Fazer sexo»; «Três irmãs "foram abusadas" sexualmente»; Homossexual ou "gay"?; "Casal 'gay' ou par 'gay'"?; Igualdade no/de género e entre os géneros; «Afetivo e sexual» e o composto correspondente; A sintaxe de assumir-se; A pronúncia de heterossexual; Auditorar/hetero-; Colectivo de dragão + heterossexual; Retrossexual; «Relacionamento homoafectivo»; Metrossexual.
– Festeja-se em 18 de maio o Dia Internacional dos Museus, marcado em Portugal pela entrada livre em vários espaços museológicos e por uma série de atividades para o público.
Referentes à palavra museu ou a esta alusivos, são vários os artigos e respostas em arquivo: "Da palavra museu à gramática de 'não dá'"; "O surpreendente Museu da Língua Portuguesa"; "O diminutivo de museu"; "Museu do Mar da Língua Portuguesa"; "'Museu Reina Sofia'... porquê?"; "Museu da Língua Portuguesa: um pouco de história"; "Horário de visita"; "Espólio dif. Acervo"; "São Paulo reconstrói o Museu da Língua Portuguesa"; "A vírgula e o á encalhados no Museu da Farmácia"; "Era uma vez um museu da língua portuguesa, em Bragança"; "O neologismo coquetelaria, ainda a locução «descargo de consciência» e a língua portuguesa como expoente máximo da interculturalidade".
6. Um registo final para lembrar que no programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, a linguista Sandra Tavares Duarte fala do português e do seu bom uso, abordando os casos do verbo fixar (fixado e fixo) e de «ter de» e «ter que» (na sexta-feira, dia 17 de maio, depois do noticiário das 13h00* e com repetição no dia seguinte, pelas 9h15*). No Páginas de Português, que irá para o ar na Antena 2, no domingo, 19/05/2019, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, dia 25 de maio, às 15h30*), entrevista-se Lúcia Vidal Soares, professora adjunta da Escola Superior de Educação de Lisboa, acerca da questão das línguas em Timor-Leste.
* Hora oficial de Portugal continental, ficando os programas Língua de Todos e Páginas de Português disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.
1. A riqueza do português caracteriza-se, entre outros aspetos, pela variação que compreende, marca distintiva das potencialidades de uma língua dinâmica. Algumas das dúvidas colocadas no Consultório emergem da tentativa de compreender alguns aspetos desta diversidade, as suas origens e as suas margens. Tal atitude fica clara na tentativa de conhecer a origem da pronúncia da palavra esôfago, do português do Brasil, que contrasta com a pronúncia europeia de esófago. Também os usos dos demonstrativos nas variantes brasileira e europeia causam dúvidas e hesitações. Ainda uma questão sobre o processo de formação de «poça de maré» e a dificuldade em distinguir o complemento de nome do modificador.
2. «Copo de água» é uma expressão usada com frequência em pedidos feitos em bares e cafés que motiva um fenómeno de hipercorreção linguística quando leva, por vezes, os falantes a substituí-la por «copo com água», o que não se justifica, como tem sido registado no Ciberdúvidas (ver explicação aqui). Um tema retomado num apontamento recente de Marco Neves, tradutor e docente universitário português, disponível no blogue do autor, Certas Palavras.
Sobre o tema, recordamos ainda a resposta «Copo de água» vs. «copo com água» e duas outras relacionadas com a expressão copo d'água («A origem da expressão copo d'água» e «Sobre a origem da expressão copo d'água»).
3. A atualidade política tem sido marcada, em Portugal, pela presença mediática da palavra desplante. Usada inicialmente pelo primeiro-ministro português António Costa num comentário às declarações do empresário Joe Berardo na comissão de inquérito da Assembleia da República (notícia aqui), vale a pena lembrar a sua origem. Desplante é um nome formado por derivação não-afixal a partir do verbo desplantar, que pode designar uma posição de esgrima, mas que, no contexto em que tem sido usado, significa a «qualidade de quem é ousado ou de quem não mostra o devido respeito pelas conveniências = Arrojo, Atrevimento.» ( in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea).
4. No âmbito da língua portuguesa no mundo, chega-nos a notícia de que a Faculdade de Estudos Hispânicos e Portugueses, em Pequim, a primeira faculdade de português na China continental, pretende aprofundar os estudos relacionados com a língua, abrindo cinco novas áreas de estudo: linguística, tradução, literatura, ciência política, economia e comércio. O objetivo deste alargamento centra-se no desenvolvimento do intercâmbio internacional da China com os países lusófonos (notícia aqui).
5. Do português e do seu bom uso se falará no programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, no qual a linguista Sandra Tavares Duarte abordará os usos do particípio duplo do verbo fixar (fixado e fixo) e de «ter de» e «ter que» (na sexta-feira, dia 17 de maio, depois do noticiário das 13h00* e com repetição no dia seguinte, pelas 9h15*). O programa Páginas de Português, da Antena 2, que irá para o ar no domingo, 19/05/2019, às 12h30**, com repetição no sábado seguinte, dia 25 de maio, às 15h30**, tratará questões relacionadas com Timor-Leste, em entrevista a Lúcia Vidal Soares, professora adjunta da Escola Superior de Educação de Lisboa.
** Hora oficial de Portugal continental, ficando os programas Língua de Todos e Páginas de Português disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.
1. Será aceitável dizer-se «aposto em como consigo dar um salto»? Não será melhor «aposto que consigo dar um salto»? Um pouco de pesquisa histórica é capaz de mostrar que não há razão para rejeitar o uso de apostar em como em lugar de apostar que, conforme se conclui numa das novas respostas em linha no Consultório. Esta atualização traz ainda dúvidas acerca de uma oração relativa introduzida por cujo, do uso frásico do advérbio estritamente e da concorrência entre dois geónimos, Malvinas e ilhas Falkland.
2. Às portas do fim da época de 2018/2019, o futebol português motiva mais uma confusão linguística no discurso mediático. Trata-se da troca do nome descrença por descrédito, conforme Sara Mourato assinala e corrige num novo apontamento do Pelourinho.
3. Ainda à volta de um trabalho jornalístico publicado no semanário Expresso de 4/05/2019 e aqui referido na abertura de 6/05/2019, na rubrica Acordo Ortográfico divulga-se "Contra o simplificacionismo imponderado do AO de 1990", um texto da autoria do consultor D'Silvas Filho.
4. Na data de 13 de maio, passam 102 anos desde as aparições de Fátima, em Portugal. É dia de oração e reflexão para crentes de todo o mundo; mas, pondo fé e confessionalismo a distância, considera-se igualmente o impacto deste santuário e da Igreja Católica na história contemporânea portuguesa. A respeito da marca que instituições e ritos católicos deixaram na língua, recomenda-se a consulta dos seguintes artigos e respostas: "Aparição", "Aparição e aparecimento", "A invocação do nome Nossa Senhora"; "As palavras do papa"; «Ser mais papista que o papa»; "Bíblia (escreve-se sem itálico)"; "Bíblia / biblioteca"; "A evolução semântica de igreja, bispo, ministro e missa"; "Padre, P. e Pe"; "A forma de tratamento de um padre"; "Padre, madre, abade, abadessa"; "O aumentativo de padre"; "Sobre a prática do catolicismo"; "Origem das palavras católico e catolicismo"; "Católico, 'catolicato' e 'catolicossato'"; "A origem da palavra igreja"; "Igrejas evangélicas"; "A origem da expressão 'roubo de igreja'"; "A história e o significado da expressão XPTO"; "XPTO"; "A.C. - d.C.; Jesus Cristo; a.I. - d.I."; "A. D. e d. C."; "A organização católica Opus Dei em português é feminina"; "O feminino da palavra bispo"; "Forma de tratamento de cardeal"; "Cheirar a bispo»/«entrar o bispo"; "Batizado"; "Batismo e batizado"; "A pronúncia da palavra batizado"; "Cruz de falecido e cruz de eclesiástico"; "A influência do latim eclesiástico"; "A pronúncia do latim (em escolas e universidades e no âmbito eclesiástico)"; "Maiúsculas em três casos específicos"; "Congreganismo"; "O acto de dar o dízimo (nas igrejas)"; "'Filho da Igreja', 'filho de Deus', 'filho das ervas' e 'filho das malvas'"; "Santo / São". Para compreensão dos topónimos Fátima e Cova de Iria, releiam-se ainda as respostas intituladas "Os topónimos Sobral de Monte Agraço, Monte Abraão e Fátima", "A pronúncia de palavras da família de cova", "O artigo definido e as personalidades históricas".
5. Nem sempre se pensa no cinema também como forma de afirmar e promover uma língua. Justifica-se, por isso, o registo do Festival Itinerante da Língua Portuguesa (FESTin), que tem nova edição no presente mês de maio, com o propósito de fomentar a interculturalidade, a inclusão social e o intercâmbio cultural nos países de língua portuguesa, valorizando a diversidade de cada povo. As sessões decorrem em Lisboa – nos cinemas São Jorge, no cinema City Alvalade e no Fórum Lisboa (ver programação aqui).
No contexto dos estudos fílmicos, outra área de investigação que vai ganhando maior força e expressão em língua portuguesa, refira-se igualmente a realização do IX Encontro da Associação de Investigadores da Imagem em Movimento (AIM), que no presente ano decorre de 13 a 16 de maio em Santiago de Compostela (mais informação aqui).
6. Por último, uma notícia com significado para a lexicografia de Portugal: Carlos Amaral, um dos fundadores da Priberam e diretor executivo desta empresa, foi considerado “Personalidade do Ano” pela revista Exame Informática, no âmbito dos prémios anuais “O Melhor do Portugal Tecnológico”. Na entrega do galardão, um dos membros do júri, José Tribolet, sublinhou que o premiado é «alguém que tem um papel muito importante na história da língua portuguesa», a quem se «reconhece o pioneirismo, a capacidade, engenho e perseverança neste longo percurso».
1. O infinitivo pessoal, ou seja, a forma flexionada do infinitivo, é um fenómeno linguístico particular da língua portuguesa que ocorre em situações específicas, mas que não deixa de gerar espaço para a liberdade expressiva e, claro, para hesitações dos falantes. É este facto que está na base da dúvida entre a escolha de «Trabalhavam para comer» e «Trabalhavam para comerem». Outras dificuldades podem também surgir quando se pretende classificar orações no quadro de uma abordagem gramatical tradicional. Como classificar a oração «ao contrário do que se pode pensar»? As dúvidas passam também pela correção de construções com expressões percentuais. Será adequado dizer «Uns exclusivos 25% de desconto»? E ainda qual a expressão correta: «com condições para» ou «em condições de»? Ainda nesta nova atualização do Consultório, o significado de «campo pelado».
2. «Vem para a minha beira» ou «fica ao pé de mim»? Embora as duas frases tenham um significado semelhante, sinalizam, desde logo, a origem de quem prefere uma ou outra. São, por isso, regionalismos, isto é, expressões características de determinadas regiões do país. Aqui não há lugar a juízos de valor sobre correção ou incorreção. É apenas a língua e os falantes em interação, como nos explica a lexicógrafa Ana Salgado numa crónica divulgada no sítio eletrónico Gerador, onde é possível encontrar outros textos sobre questões lexicais e outros temas da língua, da responsabilidade da mesma investigadora.
O tema dos regionalismos tem passado muitas vezes pelo Ciberdúvidas, como aqui recordamos: «Regionalismo», «Regionalismos», «Regionalismos I», «Regionalismos», «Pronúncia afectada, regionalismos e erros» e «A propósito de dicção, norma-padrão e regionalismos».
3. A variação da língua é também muito evidente quando cotejamos as realidades lexicais utilizadas no português europeu e no português do Brasil, como evidencia o contraste entre «Cadê meu estilete?» e «Onde está o meu x-ato?». Este é o assunto que está na base de outra crónica de Ana Salgado, divulgada no sítio Gerador.
A propósito do nome x-ato, recordamos aqui algumas respostas: «A origem de x-ato», «X-ato é uma marca» e «A pronúncia e grafia do substantivo x-ato». E quanto às diferenças lexicais Brasil - Portugal, entre outros textos disponíveis no arquivos do Ciberdúvidas: Brasil-Portugal: significados diferentes + Portugal-Brasil. Diferenças linguísticas + O modismo «manter o foco», recursos lexicais e gramaticais da língua e a apropriação do termo ideologia no discurso político brasileiro + Xerox, xérox + A origem da palavra bus + As diferenças linguísticas no mundo de língua oficial portuguesa + Sinónimos e variedades linguísticas + Oito séculos, oito palavras, oito países + "Abissurdo" – um caso da inserção do i na pronúncia brasileira + A pronúncia de nh no Brasil + Dialetos brasileiros + Brasil-Portugal: significados diferentes + Brasil-Portugal. E, ainda, 70 diferenças entre Portugal e Brasil por uma brasileira.
4. No âmbito das notícias relacionadas com a língua, destacamos:
— A nova sessão do «Camões dá que falar», promovida pelo Instituto Camões, desta feita dedicada à obra da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen, cujo centenário do nascimento se comemora, evento que conta com a presença de Augusto Santos Silva, Ministro dos Negócios Estrangeiros, e da escritora Lídia Jorge, com lugar a 17 de maio, pelas 17:00, no Auditório do Camões;
— O lançamento do guia de conversação vietnamita-português, desenvolvido pelo Instituto Português no Oriente (IPOR), num encontro que decorre na Universidade de Hanói, no Vietname;
— A notícia de que a Austrália emitiu cerca de 46 milhões de notas com um erro ortográfico ('responsibilty' em lugar de 'responsibility' (em português 'responsabilidade').
5. No programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, Ana Josefa Cardoso, responsável por um projeto de bilinguismo no Agrupamento de Escolas do Vale da Amoreira (Moita, Setúbal), abordará a questão da situação linguística de Cabo Verde (na sexta-feira, dia 10 de maio, depois do noticiário das 13h00* e com repetição no dia seguinte, pelas 9h15*). O programa Páginas de Português, da Antena 2, contará com uma entrevista à linguista Mafalda Mendes, investigadora do CELGA/ILTEC, na qual fará o relato de uma experiência pedagógica com alunos do 1.º ciclo de algumas escolas de Coimbra, centrada no contributo da construção de diálogos para o desenvolvimento de competências de escrita de textos narrativos (domingo, 12/05/2019, às 12h30**, com repetição no sábado seguinte, dia 18 de maio, às 15h30**).
** Hora oficial de Portugal continental, ficando os programas Língua de Todos e Páginas de Português disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.
1. «Estar à porta» é um uso mais correto do que «estar na porta»? A resposta não poderá ser categórica, como se observa no Consultório, que recebe ainda mais perguntas: como se usam os verbos indagar e abismar? Na frase «a personagem principal é a Sementinha», o predicativo do sujeito é realizado por que expressão? Como analisar e classificar os sintagmas «encontro de cientistas» e «encontro científico»? E por que razão se escreve coletânea (ou colectânea), e não "coletânia", quando na terminação da palavra se ouve um /i/?
2. «És muito lambriosa» e «delinga aí essas cordas» são frases portuguesas, sem dúvida, mas que quererão dizer o adjetivo lambriosa e o verbo delingar? Em O nosso idioma, revela-se o significado destes e de outros 18 regionalismos graças à jornalista Inês Ribeiro, que os recolheu com a colaboração da professora universitária e linguista Esperança Cardeira (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), para depois os listar e comentar num trabalho publicado em 2/05/2019 no magazine digital Magg.
3. A cidade do Porto tem sabido satisfazer a procura turística massificada, mas arrisca-se a perder a alma e... a língua portuguesa. É o diagnóstico sombrio da jornalista Catarina Pires num texto publicado no Diário de Notícias de 6/05/2019 e agora também disponível no Pelourinho.
4. Na rubrica Diversidades, com a devida vénia se transcreve do blogue Certas Palavras um apontamento de Ricardo Cartaxo, engenheiro eletrotécnico, que apresenta algumas curiosidades sobre a língua chinesa, explicando os processos cognitivos que estão na base da formação dos nomes dos dias da semana ou de expressões como «Cuidado!» ou semáforo.
5. Entre as notícias do continente africano, registem-se:
– a mensagem emitida pelo ministério da Educação de Angola, que pretende ver refletidos aspetos das línguas bantas nacionais no Acordo Ortográfico de 1990, «para que a realidade da linguística portuguesa de Angola possa ser retratada nas gramáticas contemporâneas»;
– na África do Sul, as sextas eleições gerais multirraciais que se realizam neste dia, 8/05/2019, 25 anos depois daquelas em que foi eleito Nelson Mandela.
Sobre a África do Sul, leiam-se os seguintes artigos e respostas: "Pronúncia do nome de uma língua da África do Sul: xhosa" ; "Africâner / africanês"; "Aprender português na África do Sul... ou por videoconferência"; "Mandela (1918 – 2013)"; "A mensagem que nos entrou diretamente no coração"; "'Em África' e 'na África'".
6. A elaboração de um dicionário exaustivo, para uso geral, é sempre um marco de enorme importância na afirmação política e cultural de um idioma. A este respeito, a lexicografia inglesa tem dado exemplos de trabalho árduo e prolongado, com o seu quê de obsessivo. Vem, pois, a propósito mencionar aqui a estreia nas salas de de cinema portuguesas do filme O Professor e o Louco, uma adaptação do livro com o mesmo título, escrito pelo jornalista inglês Simon Winchester, que conta a história de como foi criado o Dicionário Oxford, em 1857. Graças a dois homens excecionais – o irlandês James Murray (interpretado no filme por Mel Gibson), um professor sem estudos universitários mas com uma paixão desmedida pela sua língua, que aceita o desafio de criar o dicionário mais abrangente de sempre feito até então, com uma citação para ilustrar os vários significados de cada palavra; e o cirurgião William Chester Minor (com Sean Penn nesse papel), um veterano da Guerra de Secessão americana condenado por assassínio e preso num hospital psiquiátrico. O projeto – que demorou 40 anos a ser concluído, da letra A à letra Z – assentou numa rede de filólogos amadores que, voluntariamente, compilaram e foram enviando palavras dos livros que iam lendo. Coube a W.C. Mirror o principal contributo, com mais de dez milhões de definições.
7. A situação linguística de Cabo Verde é o tema focado pelo programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África na sexta-feira, 10/05/2019, depois do noticiário das 13h00* (com repetição no dia seguinte, pelas 9h15*), numa entrevista à professora Ana Josefa Cardoso, responsável por um projeto de bilinguismo no Agrupamento de Escolas do Vale da Amoreira (Moita, Setúbal). No programa Páginas de Português, que vai para o ar na Antena 2, no domingo, 12/05/2019, às 12h30** (com repetição no sábado seguinte, dia 18 de maio, às 15h30**), a linguista Mafalda Mendes, investigadora do CELGA/ILTEC, retrata uma experiência pedagógica com alunos do 1.º ciclo de algumas escolas de Coimbra, à volta do contributo da construção de diálogos para o desenvolvimento de competências de escrita de textos narrativos.
** Hora oficial de Portugal continental, ficando os programas Língua de Todos e Páginas de Português disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.
1. A propósito do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura, celebrado a 5 de maio, Margarita Correia, presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), num artigo intitulado "Viva a língua portuguesa!" (originalmente publicado no Diário de Notícias de 5/05/2019), faz o ponto da situação relativamente a algumas ações levadas a cabo no âmbito da promoção da língua e do Acordo Ortográfico de 90, com especial destaque para o lançamento (em 2017) e desenvolvimento do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC), que, atualmente, inclui já os vocabulários nacionais do Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste, estando preparado para receber os restantes vocabulários dos países da CPLP.
2. A pena de Ferreira Fernandes, jornalista do Diário de Notícias, leva-nos numa viagem pelas sonoridades do português que se fala no mundo: de Portugal a Angola, de Brasil a Moçambique, de Malaca ao Havai. Uma língua burilada ao longo de séculos, que se herda e se guarda.
3. Também em louvor da língua portuguesa, Marco Neves, tradutor e docente universitário, explora uma compilação de vinte e três palavras do português, aproveitando para recordar que a língua pertence a todos os falantes (palavra Camões), que o erro é característico da língua (palavra filhos) bem como os mitos em seu redor (palavra queria) e outras tantas curiosidades a partir de palavras de A a Z (texto originalmente divulgado na plataforma eletrónica Sapo 24 e no blogue Certas Palavras).
4. O género feminino em nomes de profissões tradicionalmente masculinas é a problemática que está na base do apontamento de Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, no qual sublinha um conjunto de fenómenos neste processo de adequação da língua à realidade feita no feminino (e quiçá também no masculino).
5. No Consultório, encontramos uma questão relacionada com uma história que assenta em questões de correção e estilo pessoal que teve lugar entre o escritor Augusto Abelaira e um gramático. A atualização traz ainda dúvidas a propósito do uso da palavra rímel, da possibilidade da locução de sempre poder ser um deítico temporal e do campo lexical de praia.
6. Destacamos as seguintes notícias relacionadas com a língua portuguesa:
— A recomendação de algumas alterações ao Acordo Ortográfico de 90 feita pelo grupo de trabalho constituído pelo parlamento português (notícia do semanário Expresso, aqui transcrita). Este artigo merece, contudo, algumas correções, uma vez que alguns exemplos selecionados para ilustrar as palavras que deverão sofrer alterações têm grafias que não se devem ao acordo (como é o caso de reabilitar, que já antes do acordo se grafava com esta forma) ou não sofreram alteração com o acordo, ao contrário do que se afirma (como acontece com o verbo pôr, que continuou a ter acento gráfico). Importa ainda lembrar que qualquer alteração ao Acordo Ortográfico em Portugal ou em qualquer outro país onde ele se encontre em vigor oficialmente só poderá ocorrer no âmbito multilateral do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, o instrumento para a gestão comum da idioma oficial dos Estados-membros da CPLP*;
* conforme as orientações traçadas na VI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, realizada em São Tomé e Príncipe, em 2002.
— A conferência de Carlos Reis, professor Catedrático da Universidade de Coimbra, intitulada "Malhas que o cânone tece: a língua em contexto de diversidade", que abordará questões relacionadas com a diversidade linguística, o cânone literário e traumas e condicionantes da língua, com lugar na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, no dia 8 de maio, a partir das 8h30; e
— A publicação em Portugal da lei 31/2019, que permite a utilização de dispositivos digitais para a reprodução de documentos e o uso da fotografia digital para uso pessoal, em bibliotecas e arquivos públicos, a partir de 1 de junho (notícia aqui).
1. Festeja-se em 5 de maio o Dia da Língua e da Cultura na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que em 2019 completa 10 anos de comemorações. A data – cujo objetivo é mostrar a importância da língua portuguesa como um património cultural comum e a diversidade linguística e cultural dos Estados-membros da comunidade – é marcada por vários eventos (ver programa e também aqui). Com um total de 190 iniciativas na UNESCO e em 56 países, entre os quais Cuba, China e Rússia, no dia 3 de maio, na sede da CPLP, em Lisboa, a data fica assinalada com uma sessão solene subordinada ao tema "A cultura e a aproximação dos povos da CPLP: realidades, desafios e perspetivas futuras". A ela se associa o “Debate Africano na CPLP”, transmitido em direto pela RDP África e através do portal da CPLP, a partir das 17h00.
Ainda na região de Lisboa, a data é também assinalada no Mercado da Língua Portuguesa, que decorre de 3 a 5 de maio em Cascais, numa iniciativa da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa.
2. No Consultório, levantam-se questões que se concentram em tópicos da sintaxe: na frase interrogativa «quem sou eu?», onde está o sujeito? Como analisar a frase «ele dá pulos de tão contente que está»? Como classificar a construção «seja amanhã ou depois»? Completam esta atualização uma pergunta sobre um caso de redundância num programa de televisão e um comentário sobre o topónimo Bornazeiro Cortado, do concelho de Castelo Branco.
3. Um ponto pode fazer falta, sobretudo na escrita dos numerais ordinais – 1.º, 2.º, 3.º –, de modo a evitar trocas com o sinal em expoente do símbolo °C, que representa o grau Celsius (ler "O grau centígrado: um fóssil terminológico", da autoria do professor Guilherme de Almeida). No Pelourinho, a consultora do Ciberdúvidas Sara Mourato dá conta de mais um caso suscetível de gerar confusão, ocorrido no concurso Joker, transmitido pela RTP1, um dos canais da televisão pública portuguesa. Sobre esta questão, ler "O ponto é ou não obrigatório para marcar uma abreviação?".
4. O estudo da nossa língua não dispensa o do latim, por este constituir a matriz do português e, a par do grego, facultar numerosos radicais para a formação de termos científicos e técnicos. Na Montra de livros, apresenta-se a Nova Gramática do Latim, do professor universitário, tradutor e escritor português Frederico Lourenço.
Recorde-se que o programa Páginas de Português deu igualmente atenção a esta obra, com uma entrevista feita ao próprio autor e transmitida em 7/04/2019.
5. Da atualidade relacionada com a língua portuguesa, fazemos registo:
– do anúncio da construção do novo polo da Escola Portuguesa de Macau, coincidindo com a deslocação que Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa, fez em 1 de maio p. p. à Região Administrativa Especial de Macau, assim concluindo a sua visita à República Popular da China (ver também Abertura de 26/04/2019; sobre o interesse internacional pela aprendizagem a língua portuguesa, leia-se a entrevista que Luís Faro Ramos, presidente do Camões-Instituto da Cooperação e da Língua concedeu ao jornal Mundo Português);
– em Santiago de Compostela, no dia 4 de maio, da estreia do documentário Pacto de Irmãos, trabalho que reúne os depoimentos de um conjunto de especialistas sobre um texto do século XII descoberto pelo filólogo galego José Souto Cabo há quase duas décadas, na Torre do Tombo (Lisboa), e provavelmente o documento galego-português mais antigo que se conhece (ver a apresentação em vídeo aqui).
6. As políticas linguísticas na perspetiva da diáspora portuguesa e nos países africanos lusófonos, abordadas pela investigadora Teresa S. Ferreira, do CELGA/ILTEC, são o tema central do programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África na sexta-feira, 3/05/2019, depois do noticiário das 13h00* (com repetição no dia seguinte, pelas 9h15*). No programa Páginas de Português, na Antena 2, no domingo, 5/05/2019, às 12h30** (com repetição no sábado seguinte, dia 11 de maio, às 15h30**), uma conversa com a diretora do escritório em Portugal da Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) para a Educação, a Ciência e a Cultura, Ana Paula Laborinho, e com o responsável do Observatório da Língua Portuguesa, Francisco Ramos, dá relevo ao seminário “Importância da Língua Portuguesa para as Gerações Futuras”, inserido nas comemorações do 10.º aniversário do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, em 5 de maio.
* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.
1. Neste dia, 29 de abril, assinala-se o Dia Mundial da Dança, uma data instituída pela UNESCO, em 1982, que pretende dar visibilidade a esta forma de arte, destacando a sua importância e alguns dos seus momentos marcantes. Vale a pena recordar a polissemia do verbo dançar, que, para além do sentido denotativo de «mover o corpo de forma cadenciada» (Dicionário Priberam , em linha), pode também significar «sair-se mal», «ser detido», «ser posto de lado», «não dar certo» e mesmo «ser morto» – como esclarece o professor Carlos Rocha na resposta Dançar = «não ser bem-sucedido».
Recordamos ainda as respostas A relação de hiperonímia de dança, «Portugal vai parar para dançar» e Melhor aprendiza de dança...
Na imagem: Dança (II), de Henri Matisse, 1910.
2. Na presente atualização do consultório, ficam disponíveis quatro novas respostas. Versam a origem e o significado do sufixo -um (por exemplo, na palavra cabrum), a razão do x em palavras como enxabido, a adequação da fórmula «Gostaríamos de convidá-los...» para abertura de um convite e a subclasse do verbo estar na frase «Estar guardado num cofre».
3. Ainda sobre o ataque terrorista no Sri Lanka – Sri Lanca ou Seri Lanca na grafia aportuguesada –, em crónica publicada no seu blogue Certas Palavras, o professor universitário e tradutor Marco Neves rememora a herança dos portugueses de quinhentos neste país da antiga Tapobrana: «Se aterramos nessa ilha em forma de lágrima e folhearmos uma lista telefónica, encontramos apelidos como: Silva, Fernando, Pereira, Almeida, Costa, Fonseka… São nomes relativamente comuns. O atual governo do Sri Lanka tem um ministro de apelido Fernando e outro de apelido «Perera» (uma variante de Pereira).»
A propósito dos crioulos de base portuguesa, recordamos algumas respostas no arquivo Ciberdúvidas: Crioulos, Crioulos de Ceilão, Dialecto, crioulo e patoá, Crioulo, dialecto e «pidgin».
4. A perda de vitalidade de algumas expressões típicas é o tema fulcral abordado pelo jornalista e escritor brasileiro Joaquim Ferreira dos Santos no artigo "Meter a língua onde não é chamado", que recorda o saboroso linguajar popular do Rio de Janeiro (originalmente divulgada no jornal O Globo e no blogue do autor). Em tom jocoso, numa visão atrevida da verbalização interjetiva do prazer sexual, leia-se também o texto "Orgasmo multilíngue", que o jornalista e escritor brasileiro Ruy Castro assinou no Diário de Notícias em 27/04/2019.
5. Na sequência da visita do Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, à China, o presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Luís Faro Ramos, concedeu uma entrevista ao Diário de Notícias, na qual destaca os 4000 estudantes chineses que atualmente se dedicam a estudar a língua portuguesa: «Dentro de dois ou três anos haverá 50 doutorados em Português na China. É impressionante!»
6. Um último registo para a Semana da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP. Organizada pela Universidade Cabo Verde, no âmbito da qual terá lugar o Painel Interagir para Aprender – Contributos para a Aprendizagem de Português Língua Segunda, decorrerá no dia 2 de maio, com organização da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa e do instituto Camões. «Dentro de dois ou três anos haverá 50 doutorados em Português na China. É impressionante!»
7. Devido ao feriado do 1.º Maio, Dia do Trabalhador, a próxima atualização fica marcada para sexta-feira, dia 3 de maio.
1. A situação política em Espanha – onde se realizam eleições gerais no domingo, 28 de abril* –, levou um grupo de académicos portugueses a manifestar a sua posição no jornal Público em 23/04/2019. Entre os signatários, um identifica-se como mediólogo – e que significa esta palavra? Como se formou? No Consultório comenta-se a construção deste termo; e aludindo ao lugar-comum de Portugal e Espanha viverem de costas voltadas (o mesmo é dizer «de espaldas», em castelhano), define-se a eventual destrinça entre «virar as costas», com artigo definido, e «virar costas», sem ele. Duas perguntas sobre análise gramatical completam esta atualização: o verbo chover é impessoal ou unipessoal? Em «tua procura», qual é a classe de palavras da forma tua?
* A propósito das eleições espanholas, leia-se a Abertura de 24/06/2016, acerca dos castelhanismos que se ocultam no português. Sobre a influência do castelhano na língua portuguesa literária, convém igualmente consultar os textos "O português como língua de Camões é um mito" (Público, 20/04/2019) e "Saramago, o ibérico" (Expresso, 1/04/2006), ambos disponíveis na rubrica O nosso idioma. Refiram-se ainda outros artigos e respostas: "Os 48 gentílicos de Espanha", "O significado do provérbio 'De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento'", "O verbo meter, um caso de empobrecimento vocabular, e a linguagem inclusiva vista de Espanha", "Costa del Sol (esp.), Costa do Sol (port.)" e "O significado do castelhanismo cantera". Na imagem, mapa de Espanha, distinguindo as comunidades autónomas (fonte: "Comunidades autónomas da Espanha", Wikipédia).
2. Tema da atualidade política, também, é a viagem oficial do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, à República Popular da China de 26 de abril a 1 de maio. Desta deslocação, são pontos do itinerário a capital, Pequim, a cidade de Xangai e a Região Administrativa Especial de Macau, onde a língua portuguesa mantém estatuto oficial.
A respeito da relação linguística (mas não só) de Portugal com a China, recordamos os seguintes artigos e respostas disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: "O português na China", "O português na televisão e na China", "O português em África e na China, do ângulo de Macau", "Português Língua Estrangeira: negócio da China?", "Macau, «enorme ponte virtual» entre a China e a língua portuguesa", "Portugal, o melhor amigo da China". Sobre palavras e expressões alusivos a este país: "Marco Polo e o negócio da China", "Iuane e yuan", "O sufixo -idade e o 'sentimento de ser chinês'", "O hífen em palavras como tinta da China", "O gentílico de Nanquim (China)".
3. Cinco anos decorridos desde a sua entrada como membro de pleno direito da CPLP, como escreve José Manuel Matias, em artigo disponível na rubrica Lusofonias, a língua portuguesa continua a ser uma ficção na Guiné Equatorial. E não só com responsabilidades do Governo de Malabo.
4. Quem rejeita o Acordo Ortográfico de 1990 segue a norma anterior. Quem o aplica – por exemplo, nos textos produzidos oficialmente – tem todos os meios de consulta para não errar, como lembra a professora Lúcia Vaz Pedro em apontamento escrito para O nosso idioma. Na mesma rubrica, a linguista Ana Sousa Martins revela o quão poupados e discretos são os falantes de português no uso da palavra dinheiro.
5. Nas Diversidades, transcreve-se com a devida vénia um texto da jornalista brasileira Carol Castro, que o publicou na revista Galileu, a propósito do que sociedades e países fazem ou não fazem pela vitalidade do idioma que, materno ou não, lhes confere identidade.
6. No programa Língua de Todos, emitido na RDP África, o fenómeno do contacto linguístico em Angola é o tema em destaque numa conversa com Liliana Inverno, investigadora do CELGA-ILTEC (sexta-feira, dia 26/04, depois do noticiário das 13h00*, com repetição no dia seguinte, pelas 09h15). No programa Páginas de Português, da Antena 2, o destaque é o recém-editado livro Contos com Nível – B1, da autoria de Ana Sousa Martins. No domingo, dia 28/04, às 12h30 *, com repetição no sábado seguinte, dia 4 de maio, às 15h30*).
* Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programa disponíveis posteriormente, aqui e aqui.
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