a) Não, o Galego-Português não é um irmão lusófono. O Galego-Português foi uma língua comum aos povos de aquém e além-Minho, unidade orgânica e coerente (bem distinta do Castelhano) que floresceu literariamente com a poesia trovadoresca.
O delinear das fronteiras políticas, no século XII, e a progressiva deslocação da corte portuguesa para Sul favoreceram o afastamento e a cisão, donde resultaram duas línguas com destinos bem diversos: o Português, afirmando-se como língua de um Estado soberano; o Galego secundarizado e abafado, quando não reprimido, pelo poder centralizador de Castela.
Segundo Carolina Michaëlis de Vasconcelos o afastamento iniciou-se precocemente, e já no reinado de D. Dinis «...muitas formas e pronúncias galego-portuguesas seriam pouco usadas entre os cortesãos e desconsideradas pela geração nova como arcaísmos e galeguismos». (Cancioneiro da Ajuda, I, 1904, pág.19)
Falar em fraternidade lusófona com os galegos, neste momento, é pouco realista. É, de alguma forma, descartarmo-nos de culpas seculares: ignorámos os galegos, desprezámos a sua língua e a sua cultura. Galego era termo pejorativo, sinónimo de bronco, de burro de carga. E, de facto, emigrados e saudosos da sua terra, eles eram nossos criados, nossos carregadores, armados de cordas e de força pelas esquinas de Lisboa. Depois serviram-nos nos restaurantes.
Hoje, com a autonomia pátria, a progressiva imposição da Língua Galega dentro das fronteiras do Estado, e o próprio desenvolvimento económico da região, outro galo cantará...E então, talvez a aproximação de duas comunidades, linguística e culturalmente tão idênticas, se revitalize. Assim o espero.
b) Penso que a posição dos linguistas não anda longe do que aqui se disse.