O mais antigo texto português é em galaico-português, nome que se dá à antiga fase do português arcaico, em que era maior a semelhança do português com o galego que posteriormente, depois da independência de Portugal, enquanto a Galiza permaneceu englobada no reino de Leão.
Posto este esclarecimento, para uns é a Notícia de Torto, em português, mas com vários termos em latim bárbaro, e sem data, o qual segundo o sábio Leite de Vasconcelos é dos princípios do séc. XIII (talvez 1211); sustentam outros, possivelmente com mais razão, que o mais antigo é o Auto de Partilhas em que intervém Elvira Sanches, de Março de 1192. Em verso, os primeiros textos são igualmente dos fins do séc. XII ou princípios do XIII. Em verso, segundo a opinião de alguns eruditos, entre os quais a grande professora D. Elza Paxeco, o mais antigo texto é de 1213 (data averiguada pela sábia D. Carolina Michaëlis), da autoria de João Soares de Paiva, o mais antigo dos nossos trovadores, pois nasceu em 1141. Quando as línguas têm documentos primitivos, consideram-se geralmente como mais antigas as que os possuem com data mais recuada; é o caso do francês (em prosa, Serment de Strasbourg, 842, em verso Cantilène de Sainte Eulalie, cerca de 880), do castelhano (Poeme do Cide, 1180), do provençal (século X). Também o alemão e o inglês têm documentos muito antigos, mas a língua germânica com documentação mais antiga é o gótico (tradução da Bíblia, séc. IV), língua extinta no séc. IX. O grego moderno, precedido do bizantino (ou médio grego), até o séc. XVI, data portanto daí para cá e tem igualmente a designação de romaico.