(Ser) uma odisseia. Tratando a "Odisseia", de Homero, do regresso pleno de percalços e dificuldades de Ulisses à sua terra natal, Ítaca, a expressão anda à volta disso mesmo. Ou seja, é tudo o que comporte acontecimentos imprevistos, aventurosos ou de algum modo singulares.
Ficar em águas de bacalhau. Significa «sofrer malogro», «ficar em nada», «não se realizar». [«Uma das tradições mais arreigadas nos pescadores portugueses diz respeito à faina dos bacalhoeiros nos mares da Terra Nova ou Gronelândia. Além dos êxitos e aventuras desse tipo de pesca, muitas tragédias ocorreram, muitas cargas e barcos ficaram nessas águas para sempre. Se o sentido da frase é qualquer coisa "se perder", "ficar sem efeito", "não chegar a bom termo", "se frustrar", parece razoável supor-se a sua origem na actividade piscatória dos bacalhoeiros» (in Dicionário das Origens das Frases Feitas, de Orlando Neves, Lello & Irmãos Editores, Porto.]
Andar de Herodes para Pilatos. Quer dizer «andar de um lado para outro, por não ser atendido em nenhum». [«A origem está na paixão de Jesus Cristo, que, antes de ser julgado, andou de Herodes para Pilatos aguardando quem o sentenciasse. Daí que a frase queira dizer "andar de um lado para o outro à espera que um dado problema seja resolvido"» (in Dicionário das Origens das Frases Feitas, de Orlando Neves, Lello & Irmãos Editores, Porto).]
Regressar (ou recolher) a penates. Tem o sentido de «ir para casa».
Levar (ter ou trazer) água no bico. Significa «ter intenções reservadas, propósitos ocultos». [Segundo a obra acima citada, «água no bico» provém da linguagem naval: «(...) O bico de uma embarcação é (...) a sua proa. Usado isoladamente ou, outras vezes, “bico de proa”. Assim se designa, realmente, a parte mais avançada de um navio... Ora, quando, em linguagem da marinha, se diz que se “navega com a água no bico”, isso quer dizer que se navega contra a corrente, em situação de perigo que não permite prever o que pode suceder, isto é, eventualmente, um golpe traiçoeiro do mar.»]
O primeiro milho é dos pardais. Sentido: «Os fracos ou inexperientes precipitam-se para colher as primeiras vantagens (estando implícito que estas não são as melhores nem as mais decisivas).» [in Novos Dicionários de Expressões Idiomáticas, de António Nogueira Santos, Edições João Sá da Costa, Lisboa] Origem: (...) No tempo dos Romanos, os agricultores lançavam às aves os primeiros frutos que surgiam, oferenda que os seres divinos recebiam da boca dos pássaros. E, assim, este gesto mecânico de atirar os primeiros cereais às aves permaneceu na memória popular com as substituições inevitáveis: o milho, que surgiria, na Europa, só no século XVI, os pardais como símbolo de todas as aves, e a deturpação do significado votivo que passou a irónico, ligeiro» [in Dicionário das Origens das Frases Feitas, de Orlando Neves, Lello & Irmãos Editores, Porto.]
Ser um trouxa (ou: bancar o trouxa). O mesmo que ser tolo, ingénuo, simplório, confuso, bobo, etc.
Há de tudo como na botica (botica ou farmácia). Diz-se quando se pretende referir que nada falta em certo sítio, estabelecimento comercial, organização, casa particular, etc.
Meter a colherada (ou a colher)1. Quer dizer meter-se em assuntos ou conversas alheias. Com uma ou outra leve diferença, usa-se também «meter o bedelho», «meter o bico», «meter-se onde não é chamado», «meter a foice em seara alheia», «meter o nariz (onde não é chamado)», «meter-se na vida alheia», etc., etc.
Ir para o maneta (ou para o major) = desaparecer, acabar-se, avariar-se; morrer.
1 «Entre marido e mulher não metas a colher» significa que não nos devemos intrometer nos assuntos que digam respeito à vida conjugal de cada um.
Cf. O significado de 6 expressões populares curiosas + A curiosa origem de 27 expressões populares portuguesas