Fernando Venâncio - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Fernando Venâncio
Fernando Venâncio
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Fernando Venâncio (Mértola, 1944) formou-se em 1976 em Linguística Geral, na Universidade de Amesterdão. Aí se doutorou em 1995, com um estudo sobre as «ideias de língua literária em Portugal no século XIX». Publicou estudos sobre «brasileirismos em Portugal», as reformas ortográficas e o Português Fundamental. Tem escrito no Jornal de Letras (JL), no semanário Expresso e na revista Ler. É autor dos romances Os Esquemas de Fradique (1999) e El-Rei no Porto (2001) e da antologia Crónica Jornalística. Século XX (2004). A sua mais recente obra é Assim Nasceu uma Língua (2019).

 
Textos publicados pelo autor
O léxico patrimonial<br> no quinhentismo português
A inovação vocabular de Gil Vicente a Camões

 «O enriquecimento adjectival pela pena camoniana foi, repita-se, uma realidade. Mas tudo isso é, como contributo original português, uma ampliação curta [...].»

Estudo do linguista, ensaísta e escritor português Fernando Venâncio sobre as alterações por que passou o léxico patrimonial português na época do Renascimento, conforme se observa nas obras de vários autores, com destaque para Camões. Trabalho originalmente apresentado no IV Congresso Internacional de Linguística Histórica (Universidade de Lisboa, Julho de 2017) e aqui transcrito parcialmente, com a devida vénia e mantendo a ortografia utilizada pelo autor, de Ernestina Carrilho et alii, Estudos Linguísticos e Filológicos Oferecidos a Ivo Castro (Lisboa: Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, 2019, pp. 1541-1560). Subtítulo da responsabilidade editorial do Ciberdúvidas.

 

O Português à Descoberta do Brasileiro
Por Fernando Venâncio

O livro O Português à Descoberta do Brasileiro (Guerra & Paz, 2022), de Fernando Venâncio, é um documento claro e incontornável relativo à história recente da língua portuguesa em território português, com enfoque a partir de 1977, data do início da transmissão televisiva de Gabriela, primeira telenovela brasileira divulgada em Portugal.

Mantendo um ponto de vista crítico face à introdução de brasileirismos no português luso, Fernando Venâncio estrutura o seu livro em seis partes. A primeira parte, intitulada «Contactos brasileiros», que poderíamos considerar introdutória, é constituída por nove textos nos quais se faz uma análise, talvez breve, mas não superficial, da situação de exposição de Portugal às características que individualizam a norma brasileira sob um olhar desatento de quem, na opinião do autor, deveria ter uma ação mais interveniente. Essa exposição linguística é desigual quer em quantidade quer em qualidade: regista-se no Brasil um contacto com uma versão formal da língua, sobretudo escrita, usada neste lado do Atlântico; em contrapartida, Portugal está exposto sobretudo a uma dimensão informal e oral da língua tal como é usada no Brasil e que difere da lusa na pronúncia e em aspetos do léxico e da sintaxe, com relevo para a posição dos pronomes pessoais, bem como para a perda de caso em algumas situações. Além da desatenção com que as autoridades tratam as questões da língua, Fernando Venâncio foca ainda a posição dos portugueses face ao problema, realçando os extremos, ou seja, os que são complacentes face à utilização acrítica de brasileirismos e os que são intolerantes.

Depois desta introdução geral, são apresentados seis artigos que foram sendo publicados entre 1984 e 2000, cinco no

Preconceito linguístico e intolerância
Uma sessão da tertúlia "O Desassossego das Palavras" (Braga)

O preconceito linguístico como forma de preconceito social foi o tema deste debate que contou com a presença dos linguistas Marcos Bagno (Universidade de Brasília), Fernando Venâncio (professor aposentado da Universidade de Amesterdão) e José Moreira da Silva (Universidade do Minho).

Sessão da tertúlia "O Desassossego das Palavras", promovida pela Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva (Braga) em 19 de fevereiro de 2021.

 

 

 

Como pôde o português castelhanizar-se, <br> e sobreviver?
A dinâmica da língua a partir do século XV

Vídeo da sessão da Classe de Letras da Academia de Ciências de Lisboa (ACL) que, intitulada "Como pôde o português castelhanizar-se, e sobreviver", se realizou em 14 de janeiro de 2021 e teve como orador o linguista e crítico literário  pruuguêsFernando Venâncio.

Assim Nasceu uma Língua
Sobre as Origens do Português
Por Fernando Venâncio

Um livro que se apresenta como uma nova maneira de contar uma história, neste caso, a da língua portuguesa. Do princípio ao fim, o estilo pode surpreender, porque o tema era, até há poucos anos, dos mais sisudos, pelo menos, para quem o vê de fora dos círculos académicos; mas não dececiona quem já conhece este autor e procura uma abordagem irónica e não raro provocatória. Para além disso, trata-se de discutir uma dimensão fascinante – a da língua  –, geralmente decisiva para qualquer identidade nacional, pelo menos, em muito pontos do globo desde o século XIX. Na verdade, falar da origem e elaboração do português como língua de expressão de arte literária e poder político-administrativo acaba muitas vezes por instaurar uma narrativa muito mais mítica do que a extraordinária estabilidade da fronteira política de Portugal: é que a língua que sempre foi tida como portuguesa não deixa de conhecer, afinal, linhas e pontos menos definidos, como é próprio da construção de um país e da(s) sua(s) cultura(s)1.

O livro compreende uma extensa introdução – 31 páginas –, numa promessa que prepara o leitor para as revelações que se desenrolam depois em 15 capítulos distribuídos por quatro partes. A primeira parte levanta o problema de identidade que suscita a discussão das origens do português, com uma proposta que talvez ainda encontre alguma reserva no discurso menos especializado que é produzido em Portugal sobre os primórdios da língua. A preponderância da área galaica – e mais da parte que hoje constitui o território da Galiza – é até ao século XIII uma realidade que, como aponta o autor, não teve a devida atenção por parte da investigação filológica e linguística portuguesa e mesmo brasileira, apesar dos protestos mais ou menos discretos dos especialistas galegos. Na segunda parte, F. Venâncio retoma a perspetiva que, partindo de Ivo Castro, alcançou maior desenvolvimento no t...