1. Em plena atividade, o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa volta às atualizações regulares, trissemanalmente – às segundas, quartas e sextas. Um regresso que, como já é hábito, coincide com o arranque do ano letivo em Portugal, justificando os nossos votos de trabalho profícuo e enriquecedor para alunos e professores, nos próximos meses. É para eles, mas também para quantos fora do ensino formal, onde quer que se fale português, desejam saber mais para o usar melhor, que se destina o labor aqui desenvolvido há mais de 22 anos, desde 15 de janeiro de 1995, data de lançamento destas páginas pelos seus fundadores, João Carreira Bom (1945-2002) e José Mário Costa. Duas décadas materializadas pelo extenso arquivo constituído pelos milhares de respostas do Consultório e pelos não menos numerosos artigos de rubricas como O nosso idioma, Lusofonia, Ensino, Pelourinho ou Antologia, que muito devem à atenção constante de quem as segue e lhes dá incentivo. Reconheçamo-lo: o que aqui se faz é, no fundo, fruto de ação coletiva num espaço em linha, aberto, ao serviço de todos, onde se recolhe, divulga e debate informação à volta das questões que alimentam a unidade e a diversidade desta nossa língua.
Na imagem, Puxada da rede (1959), de Candido Portinari (1903-1962). Fonte: Projeto Portinari.
2. Este dia é, portanto, ocasião para dizer «pronto, já cá estamos outra vez», num jeito coloquial bem típico do português de Portugal. Em O nosso idioma, Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, constrói uma pequena ficção acerca do desenvolvimento de pronto e das suas variantes vulgares "prontos" e "prontes", irritantes bordões linguísticos que inçam a conversação diária dos Portugueses. Na mesma rubrica, transcreve-se coma devida vénia um muito interessante trabalho do tradutor e professor universitário português Marco Neves sobre as origens do alfabeto com que escrevemos: qual a sua origem mais remota? E como se desenvolveu? Um texto que o referido autor assinou no seu blogue Certas Palavras em 13/09/2019.
3. A propósito da escrita, cuja invenção muito deve à economia, que dizer do uso exagerado das siglas nos nossos dias? Em Diversidades, Sara Mourato faz breve inventário das abreviaturas que circulam na troca apressada de mensagens.
4. No consultório, pergunta-se: o que significará esgalfo, termo usado na região de Aveiro? Gracioso pode ser sinónimo de gratuito? Estará correto colocar as conjunções (ou advérbios) porém e pois no final de uma frase? Não terá Machado de Assis cometido um erro ao escrever a frase «vi-lhe fechar o cofre»? Pode dizer-se que uma ferida "se cicatrizou"? Em que situações se associam vírgulas ao advérbio de afirmação sim? Para rematar, um problema de sintaxe que continua a dar que fazer até aos gramáticos: como distinguir o sujeito do predicativo em frases identificadoras como «o meu amigo é o padrinho»?
5. Em Portugal, as notícias têm dado conta da desgraçada "atualidade" dos incêndios florestais, seguida da inevitável e necessária mobilização de meios de combate, acompanhada de medidas de proteção das populações mais martirizados por este flagelo repetido na época do verão no país. Inevitável continua, também e infelizmente, o flagelo que constitui ler ou ouvir expressões como «populações "evacuadas"»... Porque todo o cuidado é pouco, lembramos, uma vez mais, que o verbo evacuar apenas se refere ao esvaziamento de espaços, pelo que o correto é falar em «aldeias/lugares/casas evacuadas». Consulte-se, portanto, as seguintes respostas e artigos: "Evacuar", "Evacuar", "Evacuar indivíduos?", "Os sinistrados foram 'evacuados'", "Evacuação".