As interjeições ai e ui, entre outras aceções, podem usar-se quando exclamamos de dor, sofrimento ou em protesto. Assim, a expressão, de uso corrente e aceitável, «sem ai nem ui» – ou, no plural, «sem ais nem uis» – tem o significado de «sem expressar sofrimento ou sem protestar». São exemplos (Corpus do Português, de Mark Davies):
(1) «Em todas as crianças, os dentes põem abalo a romper, como o senhor sabe. Pois neste vieram, sem ai nem ui! » (Júlio Dantas, Os Galos de Apolo, 1927)
(2) «Ainda lhe deitei o cajado, mas ora, o pego enguliu-o sem dizer ai nem ui, como aqui o meu Farropo engole os tassalhos de pão que lhe eu jogo.» (Aquilino Ribeiro, Terras do Demo, 1919)
Esta expressão, à semelhança de outras expressões idiomáticas, não tem de ocorrer entre aspas, uma vez que o seu significado está atestado e é, em principio, reconhecida pela maioria dos falantes.