Sobre arraial, diz o «Dicionário Onomástico da Língua Portuguesa» de José Pedro Machado o seguinte: «Esta forma ocorre ao lado de real, 'acampamento'. Corominas (s. v. rehala) crê tratar-se de voc. com origem arábica (rahl, 'albarda, sela de camelo; lugar onde se faz paragem', ou rahl, rihâla). Tal hipótese é, foneticamente, inaceitável, pois não só fica por esclarecer o destino do -h- arábico, mas também a história, no caso português, do grupo -aia-. Verifico ainda como o autor fugiu à cronologia, quando se ocupou das citadas formas portuguesas arraial-real. Antes de mais nada, parece-me dever, ainda uma vez, de chamar a atenção de quem me lê para a importante circunstância de a documentação apresentada nesta obra ser aquela de que tenho notícia no momento em que escrevo, pelo que esses dados podem, graças a investigações posteriores, ser devidamente substituídos por outros, sobretudo no que toca a datas. (...) Corominas crê inadmissível a evolução arraial en el Cid no indica el campamento de uma hueste, sino el albergue de un caballero particular, anomalía que habría debido llamar la atención tratándose del doc. mas antíguo... otra anomalía es la forma del port. arraial, com la sospechosa aglutinación de a-, y la sospechosa a segunda, ambas difíciles de compreender con el étimo regalis... Que este real tiene origen diferente de regalis lo comprueba el hecho de que ningún significado análogo tienen el oc.-cat. reial, fr. royal, it. reale, b. lat. regalís. (...).»