As grafias que apresenta só se admitem como reprodução do discurso e da pronunciação populares. O acento grave assinala uma contração vocálica, a da vogal final de uma palavra com a vogal do artigo definido que incia uma expressão nominal («olha o comboio» > «olhò comboio»; «viva a República» > «vivà República»).
O acento grave fica legitimado por formas como comà ou comò (da conjunção arcaica coma, seguida de artigo definido), ou ainda cà ou còs (da conjunção arcaica ca, seguida de artigo definido), as quais só ocorrem quando se pretende reproduzir a linguagem popular e regional («tomara eu ter amigos "comòs" teus»; «o teu carro é maior "cò" meu»).
Sobre o uso do acento grave nestas formas, ver Rebelo Gonçalves, Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa (1947, p. 184-188 – trata-se de uma obra associada à norma ortográfica de 1945, mas mantém a sua atualidade).