Não são compostos, mas pode considerar-se que estão entre os compostos morfossintáticos e as associações livres de nome e adjetivo (formando sintagmas). A este tipo de associações recorrentes, já quase fixas, os estudos linguísticos chamam colocações, solidariedades lexicais ou lexias.
É, portanto, frequente o uso de «trabalho duro» e «trabalho árduo», expressões praticamente sinónimas (sendo a segunda uma alternativa intensificadora da primeira), em que a adjetivação tem caráter convencional; e, para estas colocações, não é difícil encontrar abonações, algumas até bem antigas (Corpus do Português, de Mark Davies):
trabalho duro
(1) «Despeço-me com saudade – nem me peja dizê-lo diante de vós: é virar as costas ao Éden de regalados e preguiçosos folgares, para entrar nos campos do trabalho duro, onde a terra se não lavra senão com o suor do rosto [...].» (Almeida Garrett, "Memória ao Conservatório Real", Frei Luís de Sousa, 1844)
(2) «No melhor dela, quando tudo parecia fantasia e sonho, os corpos lembraram-se do dia seguinte e do trabalho duro que os esperava.» (Miguel Torga, Vindima, 1945)
trabalho árduo
(3) «O major tentou imaginar Teresa de cabelos esverdeados, mas isso era um trabalho árduo, que exigia boa vontade e persistência.» (Maria Judite de Carvalho, "Anica nesse Tempo" in Paisagem sem Barcos, 1963)
(4) «Na verdade, não só se confirmaria como viriam a ser identificadas outras características singulares que fazem da descoberta de Isabel e Horácio Mateus um património provavelmente inultrapassável para a paleontologia. Mas essa constatação iria exigir quatro anos de trabalho árduo.» (Expresso, 27/12/1997)