1. A hesitação linguística é, na oralidade, vista como um fenómeno de descontinuidade no texto produzido. Inúmeras poderão ser as razões que justificam as hesitações. Todavia, entre elas, poderemos assinalar o esforço de clarificação do discurso, a reorientação discursiva e também a busca de correção gramatical. É também a hesitação entre duas possibilidades de realização linguística ou perante a duvidosa correção de uma expressão que motiva algumas das questões colocadas ao Ciberdúvidas: «Deve dizer-se «pedir que» ou «pedir a alguém que»?», «É preferível a expressão «sair pela porta fora» ou «sair porta fora»?», «Existe a forma "freinar" ou será frenar?» e «Qual a grafia correta de «meninos bem»?». Nesta atualização, ainda uma questão sobre a diferença entre antonomásia e perífrase.
Primeira imagem: Hesitação, de Alfred Stevens, 1867.
2. Em época de festejos relacionados com os santos populares, em Portugal, Aida Alves, diretora da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, vem recordar a importância da poesia popular, um género literário muito ligado ao canto popular, centrado no quotidiano do homem e na sua forma de estar no mundo. Num pequeno apontamento, somos levados numa viagem a uma breve história da poesia popular: da Poesia Trovadoresca, com a sua simplicidade, singeleza e ritmo natural, ao Romantismo, que acarinhou o folclore como representante da essência da alma pátria (texto originalmente publicado no jornal Correio do Minho e aqui transcrito com a devida vénia). A poesia popular convive de perto com a linguagem popular, rica em criações lexicais e em explorações semânticas. Recordemos alguns textos publicados no Ciberdúvidas relacionados com o tema: «A diferença entre linguagem popular e expressões regionais», «Verbo ougar (linguagem popular)», «Encertar (linguagem popular)», «Exemplos de registo popular da língua», «Níveis de língua popular e familiar vs. registo de língua informal», «Olhò e vivà» e «Algumas expressões populares portuguesas».
3. As perguntas típicas dos portugueses sobre o galego dão o mote a nova publicação de Marco Neves, professor universitário e tradutor, que anunciou no seu blogue Certas Palavras o lançamento para o final de junho da obra O Galego e o Português são a mesma língua? (Editora Através), que conta com um prólogo do linguista João Veloso. Esta mesma questão tinha já sido tratada num artigo divulgado pelo autor em 2017 (disponível aqui). O Galego e as suas relações com o Português nas várias vertentes, da linguagem falada aos textos de literatura, não esquecendo os idiomatismos, são aspetos que têm sido também profusamente abordados no Ciberdúvidas, como aqui se recorda: «Sobre o galego», «Sobre a expressão «és mesmo um galego», «Galaico-português / Galego-português», «Galego-Português», «Galego-português e galego medieval», «Do galego-português ao português», «O galego / o português», «Primeiros textos em Português», «Idade das Línguas» e o artigo «O galego-português existe?», de Fernando Venâncio.
4. No âmbito da atualidade, destacamos:
— o lançamento de um conjunto de publicações destinadas a apoiar o ensino do Português na China, pelo Instituto Politécnico de Macau: Fonética e Fonologia para o Ensino do Português como Língua Estrangeiro e Exercícios Práticos de Fonética de Português Língua Estrangeira, ambos da autoria de Adelina Castelo, Português com Textos 2 — Textos narrativos para o ensino do Português como Língua Estrangeira, de Sara Augusto e Caio Christiano; Português em Uso, de Rui Pereira, e Guia de Preparação para o DAPLE — Diploma Avançado de Português, de Liliana Inverno (notícia aqui);
— o início do período de exames nacionais do ensino secundário em Portugal, que abre neste dia, 17 de junho, com a realização do exame nacional de Filosofia, e cuja 1.ª fase se prolonga até ao dia 27 de junho. Os exames a realizar neste final de ano letivo incidem, pela primeira vez, sobre conteúdos de disciplinas envolvidas no Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular, enquadradas pelas Aprendizagens Essenciais, o que implicou que os conteúdos visados por alguns exames tivessem sido reduzidos relativamente a anos anteriores, como explicou ao jornal Público Luís Santos, diretor do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) (notícia aqui).