1. Em Portugal, enquanto prosseguem as greves, enche agora as manchetes o anúncio do pacote governamental dedicado à habitação. Vem, portanto, a propósito recordar que, do radical do verbo habitar, deriva habitação e outras palavras da mesma família como habitante, habitáculo, habitacional, habitável, inabitável ou desabitado; marginal a esta série de derivados é habitat, vocábulo de configuração menos usual (ver aqui). Do ponto de vista histórico, sabe-se que habitar já ocorria no século XV, como termo certamente introduzido por via erudita. Com efeito, habitar resulta diretamente do latim habĭto, «ter muitas vezes, trazer habitualmente» e «habitar, morar, residir», verbo que partilha, afinal, o radical escondido em haver, de habere, «ter, possuir, ser, estar senhor de, conter, encerrar, abranger, exibir», e em hábito, de habĭtus, «condição ou estado de algo; condição, hábito, aparência, compromisso». Na língua-mãe do português, parece, portanto, que à noção de morada se associa um forte sentido de posse e até de identidade, suscetível de favorecer choques individuais e de grupo em matéria de direito ao (mesmo) espaço.
2. Nas oito novas respostas que atualizam o Consultório, dominam os tópicos de sintaxe, com esclarecimentos relativos a um caso de modificador apositivo, à sintaxe do advérbio não, ao uso de vírgula com adjuntos adverbiais, à colocação pré-verbal de orações subordinadas substantivas completivas e ao verbo crer seguido de oração com o verbo no conjuntivo. Completam este conjunto as respostas sobre as locuções «na ótica de» e «perder a vida», bem como a respeito do significado de revidendo.
3. Na Montra de Livros, duas apresentações:
– O volume Português Língua Não Materna: contextos, estatutos e práticas de ensino numa visão crítica, (U.Porto Press, editora da Universidade do Porto), que reúne estudos que evidenciam as particularidades de ensino-aprendizagem de Português Língua Não Materna em diferentes espaços geográficos.
– A nova edição do Vocabulário de Nomes Próprios, publicada pela UA Editora e organizada por João Paulo Silvestre (Universidade de Aveiro – UA), que dá assim visibilidade à amplitude da intervenção de Rafael Bluteau (1638-1734) entre os precursores dos estudos de onomástica em Portugal, em especial no tocante aos nomes próprios pessoais (antropónimos).
4. Em O Nosso Idioma, disponibiliza-se um apontamento do revisor de textos e escritor brasileiro Gabriel Lago publicado no mural Língua e Tradição (Facebook, em 27 de janeiro de 2023), à volta da histórica semântica das locuções «graças a» e «apesar de».
5. O tema "Políticas de língua para emigrantes e imigrantes" vai ser discutido em 28/02/2023, pelas 18h00, no ciclo O Desassossego das Palavras, promovido pela Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva e realizado via Zoom. Nesta ação são intervenientes as professoras Margarita Correia (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e Micaela Ramón (Universidade do Minho), com moderação do linguista e escritor José Moreira da Silva.
6. Relativamente a programas sobre temas da língua portuguesa, na rádio pública de Portugal, salientam-se:
– Língua de Todos, todas as sextas-feiras na RDP África, que dedica a emissão de 17/02/2023, às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*) à relação da consciência sintática com a pontuação numa entrevista com a linguista e professora Ana Luísa Costa (Escola Superior de Educação de Setúbal e Centro de Linguística da Universidade de Lisboa).
– Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, aos domingo, centra o programa de 19/02/2023, às 12h30* (repetido em 25/02/2023, às 15h30*) na obra Português Língua Não Materna: Contextos, Estatutos e Práticas de Ensino, numa Visão Crítica, (ver acima ponto 3) numa conversa com um dos seus organizadores, o professor Sweder Souza. Conta-se ainda com um apontamento gramatical da professora Carla Marques.
– Refira-se ainda Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2, de segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50*. Nas emissões de 20 a 24 de fevereiro, o tema são os tremores de terra.
* Hora oficial de Portugal continental.
7. Como em 21 de fevereiro se festeja o dia de Carnaval – a chamada Terça-Feira Gorda –, a próxima atualização fica marcada para 24 de fevereiro.
Entretanto, deixam-se as ligações para material em arquivo sobre esta festa tradicional, a que muitos chamam também Entrudo: "Entrudo, novamente", , "A palavra confete", "Do Carnaval ao futebol", "O Carnaval e o futebol são o ópio do povo»", "Portugal, Alentejo, no Carnaval", "'Enfezar o Carnaval': etimologia", "'Enfezar o Carnaval', mais uma vez", "Partidas de Carnaval", "Sobre a origem de Quaresma", "Natal, Carnaval, Páscoa: palavras variáveis". Na imagem, capa de Roberto Nobre (1903-1969) para a revista Ilustração, n.º 52 (16 fevereiro de 1928).
1. Em Portugal, foi dado a conhecer o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja, um documento que revela a chocante realidade dos abusos sexuais no seio da Igreja Católica, apontando 512 testemunhos validados e prevendo um horizonte potencial de pelo menos 4815 vítimas. A intensa discussão que o assunto tem gerado na esfera pública envolve, não raro, o uso da construção «foi abusado sexualmente». Recordamos que esta construção não é aceitável em português porque o verbo abusar não é transitivo direto, pelo que não aceita ser integrado numa frase passiva. Será possível expressar a mesma ideia por meio de estruturas como «foi vítima de abuso sexual», «que sofreu abusos», «foi violado», entre outras desta natureza.
No acervo do Ciberdúvidas, vários textos abordam esta questão: «Três irmãs "foram abusadas" sexualmente», «Abusados, os alunos da Casa Pia?» ou «Ainda à volta do abusado» e «O uso de abusada e de abusiva».
2. A incorreção presente na frase «Ele lia todos os livros quanto podia» é o ponto de partida para uma reflexão proposta pela professora Carla Marques a propósito do uso do quantificador relativo quanto e do seu antecedente todo(s)/toda(s) ou tudo, na rubrica Dúvida da semana, divulgada no programa Páginas de Português, da Antena 2 e nas redes sociais do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
3. As expressões «(não ser) nada por aí além» ou «(não ser) nada para aí e além» podem ser usadas com o valor de «não é nada de extraordinário», o que se explica nesta resposta. Na nova atualização do Consultório, estão disponíveis igualmente respostas relacionadas com o significados do verbo levar, uso do verbo desculpar, o apelido Serelha, o significado de «estar com (uma) rebarba», a modalidade presente em «Ninguém entra cá», as construções «por trás», «por detrás» e «atrás de», os significados de «tomar a peito» e «levar a peito» e o uso de «enquanto não» com conjuntivo num verso de Miguel Torga.
4. O desafio que a tecnologia coloca à língua portuguesa, que terá de se preparar para dar respostas às necessidades lexicais que a evolução nesta área exige, sob pena de ficar relegada para segundo plano, sendo substituída por outras que encontraram já formas de referir as novas realidades. Esta é uma reflexão com importantes notas para o desenvolvimento de uma política de língua, uma proposta conjunta de Ana Paula Laborinho, diretora da representação em Portugal da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), e António Horta Branco, professor universitário e presidente da Associação Europeia de Recursos de Linguagem, apresentada no artigo divulgado no jornal Público (aqui transcrito com a devida vénia).
5. A linguista e professora universitária Margarita Correia apresenta, no seu artigo publicado no jornal Diário de Notícias, algumas das iniciativas legislativas no âmbito da língua promovidas pela Eslovénia, uma situação que contrasta, de forma chocante, com a ausência de documentos desta natureza em Portugal, «um pequeno e velho país de 10 milhões, berço de uma das línguas mais faladas no mundo», tal como afirma a autora (partilhado com a devida vénia).
1. A par das palavras dos campos lexicais de guerra e terramoto, em referência, respetivamente, à intensificação do conflito na Ucrânia e à catástrofe sísmica de 6 de fevereiro na Turquia e da Síria, nas notícias publicadas em Portugal são também recorrentes os termos associados às greves que se agudizam no país. Avulta, por exemplo, o nome sindicato, derivado de síndico, genericamente «defensor dos interesses de uma associação ou de uma classe», pela sufixação de -ato1. É formação motivada pelo francês syndicat, que evoluiu semanticamente até à aceção de «associação que tem por finalidade a defesa dos interesses profissionais» e deriva de syndic, cognato de síndico, ambos com origem na latinização do grego σύνδικος (súndikos), «o que dá assistência a alguém na justiça». É curioso notar a (paradoxal) polissemia de sindicato, que, além de «agrupamento de uma classe profissional para defesa dos seus interesses económicos, laborais e sociais», pode significar «agrupamento de capitalistas interessados na mesma empresa». A família de palavras de sindicato tem dimensão apreciável, com significados nem sempre convergentes: por um lado, há sindical, sindicalismo, sindicalizar, de evocação reivindicativa, e, por outro, sindicância, «averiguação de determinados factos». Por último, voltando a síndico, observe-se que, no Brasil, quer dizer o mesmo que «administrador de condomínio» em Portugal.
1 Toda a informação sobre sindicato, a sua etimologia e família de palavras foi recolhida nos dicionários Houaiss e Priberam. Fonte da imagem: "Trade Union", Wikipedia (versão em inglês).
2. É correto empregar a palavra vernáculo com o significado de «calão, gíria»? A resposta está no Consultório, onde se esclarecem ainda outras questões, num total de oito: garupa pode ser sinónimo de passageiro? Escreve-se «busto relicário» ou «busto-relicário»? Os judeus expulsos de Portugal e radicados em Amesterdão ainda falavam português no começo do século XX? Como saber se um verbo é transitivo ou intransitivo? Que função sintática tem dele em «a pele dele»? O nome de uma marca comercial pode escrever-se com inicial minúscula? E, na aceção de «ter semelhanças com outra pessoa», diz-se «puxar a alguém» ou «por alguém»?
3. A investigação experimental tem registado avanços importantes na compreensão dos processos associados à aprendizagem da leitura e da escrita pelas crianças. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se Ensino da Leitura e da Escrita Baseado em Evidências, uma publicação da Fundação Belmiro de Azevedo, que reúne um conjunto de textos que abordam sobretudo os contributos trazidos pela investigação em neurociências, psicolinguística e linguística para este domínio escolar.
4. O passado e o presente da língua portuguesa dão mote à atualização da rubrica O Nosso idioma, com dois textos transcritos, com a devida vénia, de outras publicações:
– A respeito da história linguística de Lisboa entre a Idade Média e o século XVII, disponibiliza-se o texto que o professor universitário e tradutor Marco Neves publicou no seu blogue Certas Palavras em 24/03/2022.
– No Jornal de Notícias em 08/02/2023, a discussão do peso do exame nacional de Português do ensino secundário no acesso à universidade motiva um artigo de opinião do empresário e cronista Manuel Serrão, que faz a seguinte consideração: «Não faz nenhum sentido, nem dá qualquer resultado, querer muito que a nossa língua seja falada e entendida em todo o Mundo, se não começamos a tratar disso desde logo aqui.»
5. No Reino Unido, o debate da linguagem neutra tem alcance teológico, com sectores da Igreja Anglicana a proporem que, para referir Deus em inglês, se adote o pronome neutro it em lugar do pronome masculino he. É o que revela uma notícia da revista Visão em 09/02/2023, agora incluída em Diversidades.
6. Relativamente a programas da rádio pública de Portugal sobre temas da língua portuguesa, salientam-se:
– Língua de Todos, todas as sextas-feiras na RDP África, que dedica a emissão de 10/02/2023, às 13h20* (repete-se no dia seguinte, c. 09h05*) a algumas particularidades do português de Moçambique na oralidade e na escrita. A especialista convidada é a linguista moçambicana Inês Machungo.
– Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, aos domingos. O programa de 12/02/2023, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 18/02/2023, 15h30*), centra-se na relação da pontuação com o conceito de consciência sintática numa conversa com Ana Luísa Costa, professora na Escola Superior de Educação de Setúbal e investigadora do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. Conta-se ainda com um apontamento gramatical da professora Carla Marques.
– Finalmente, Palavras Cruzadas, um programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2, de segunda a sexta-feira, às 09h50 e às 18h50*. De 13 a 17 de fevereiro, o convidado é José Manuel Durão Barroso, antigo primeiro-ministro de Portugal e presidente da Comissão Europeia, para falar sobre a linguagem política nos diferentes cargos que ocupou.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Dois terramotos, um de magnitude 7,8 na escala de Richter e outro de 7,5, abalaram a Turquia e a Síria, provocando mais de 43 mil mortos, na mais recente estimativa avançada pela ONU e a OMS. Este trágico acontecimento envolve palavras e expressões tais como sismo, «tremor de terra» ou «abalo sísmico», que, por vezes, oferecem dúvidas aos falantes no que respeita à sua significação. Esclareça-se que estes termos pertencem ao campo lexical da geologia e são considerados sinónimos, sendo usados para descrever a libertação súbita de energia que desencadeia movimento na superfície terrestre. Esta significação retoma valores como o movimento ou o abalo, que, do ponto de vista etimológico, se encontravam já na origem das palavras aqui assinaladas. Equivalentes às anteriores são também as formas terramoto (forma preferida no português europeu) e terremoto (forma mais antiga e preferida no português do Brasil). Para descrever estes fenómenos são ainda usados termos como epicentro (que designa a área superficial do sismo, onde a intensidade do abalo é máxima e onde o sismo atingiu a superfície em primeiro lugar) e magnitude (que refere a medida da quantidade de energia libertada por um sismo).
A este propósito, recordem-se estes textos disponíveis no Ciberdúvidas: «Terramoto/terremoto», «Sismos: hipocentro / epicentro», «Terramoto»? Ou será «terremoto»? Ou «sismo»?
2. Na rubrica Dúvida da semana, promovida nas redes sociais do Ciberdúvidas, a professora Carla Marques atenta, desta feita, nas diferenças entre as palavras parónimas eminente e iminente (apontamento divulgado no programa Páginas de Português, da Antena 2).
3. A pronúncia da palavra litígio não corresponde a um caso de dissimilação, como ocorre, por exemplo, em ministro, um fenómeno que se explica nesta resposta. No Consultório, poderão ainda ser acompanhadas as seguintes novas entradas: «A grafia de super-heteródino», «Sobre a sequência «...e mas»», «A ideia de «génio da língua»», «Palavras unívocas, equívocas e análogas», «A locução «até a»: «até àqueles dias»».
4. A questão competência plurilingue e das implicações e exigências desta realidade na formação de professores e na sua prática letiva dá matéria para o artigo de Margarita Correia, professora universitária e linguista (aqui partilhado com a devida vénia).
5. A presença da literatura africana no sistema de ensino brasileiro é um tema de grande complexidade. Neste âmbito, o professor brasileiro Roberto Lota apresenta um artigo onde desenvolve uma radiografia à situação, evidenciando lacunas e problemas que urge resolver (artigo partilhado com a devida vénia).
6. Entre as notícias relacionadas com a língua, destaque para as seguintes:
– O exame da disciplina de Português do 12.º ano volta a ser obrigatório para a conclusão do ensino secundário em Portugal, uma medida que entrará em vigor a partir do próximo ano letivo;
– A realização de um curso de formação relacionado com a produção de materiais didáticos produzidos com base em canções (mais informações aqui);
– A publicação em linha Plural: português pluricêntrico, que se centra em temas como o pluricentrismo da língua portuguesa, a pedagogia da justiça social e o ensino baseado em projetos (disponível em acesso aberto);
– O EMDA 12 (Encontros mensais sobre discurso académico) terá como oradora a professora universitária Paula Cristina Ferreira, que abordará o tema (Com)textos: da planificação à produção textual (encontro zoom, com lugar no dia 13 de fevereiro, entre as 18h00 e as 19h30 - mais informações aqui).
1. A comunicação mediática continua a dar conta da tensão entre os EUA e a China, da guerra na Ucrânia, dos conflitos laborais no Reino Unido e em Portugal, da inflação galopante e da imparável degradação ambiental. Mas destacam-se ultimamente os avanços em IA, abreviatura de Inteligência Artificial, ao ponto de a revista Nature revelar a publicação de artigos científicos em que é coautor o ChatGPT, um chatbot1 recente, suscitando reações entre o entusiasmo e a apreensão. Um tema que foi também notícia em Portugal, pelo destaque dado ao prémio Vencer o Adamastor, cuja primeira edição teve como vencedor Gonçalo Correia, dos quadros da Priberam e professor convidado do Instituto Superior Técnico, com um trabalho intitulado Modelos Neuronais mais Transparentes e Compactos Usando Esparsidade. Sobre esparsidade, que deriva de esparso, «solto, espalhado», observe-se que a palavra pode ocorrer como palavra não especializada com o significado genérico de «qualidade do que é esparso, do que se encontra disperso»; em IA, a palavra evoca a expressão «matriz esparsa», um conceito que provém da álgebra linear numérica e designa uma matriz algébrica que possui uma grande quantidade de elementos com valor zero (informação colhida na Wikipédia).
1 Um chatbot é um «programa desenhado para simular uma conversa com utilizadores humanos, utilizado sobretudo em ambiente online» (Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa.). Mais informação aqui.
Cf.: Há uma ferramenta de Inteligência Artificial que simula conversas com pessoas que “já não estão entre nós” e tem mais de 3 mil utilizadores + Media e Inteligência Artificial: como é que o jornalismo sobrevive na era dos ''deepfakes" e da fragmentação do consumo digital? + As Iniciativas Regulatórias Europeias na Inteligência Artificial + Tradução Automática com IA vs Interpretação Profissional em congressos e eventos: a análise detalhada + Google reforça IA para combater anúncios falsos e desinformação política + OpenAI desenvolve modelo para clonar vozes. É possível evitar abusos? + Na luta contra a desinformação, Google vê a IA como vilã e heroína + Língua portuguesa entra na era da IA + Nicolelis explica por que não precisamos temer a Inteligência Artificial
2. Como se explica que um erro escolar seja aceite sem censura em textos de autores literários? A observação parece justificar-se perante as muitas dúvidas que suscita a colocação de vírgulas antes da conjunção e, mas encontra resposta no Consultório, onde outros tópicos são também esclarecidos: o significado de iteroparidade; o uso de alíneas em documentos jurídicos; o regionalismo «das horas que...» (Brasil); os advérbios de modo atenciosamente e cordialmente; a concordância verbal; o impartivo de introduzir; o futuro perfeito do conjuntivo. Finalmente, voltando ao domínio da informática, agora aplicada às línguas, pergunta-se: é possível um algoritmo que diferencie a escrita do Brasil da escrita de Portugal?
3. Ainda falando de ciência e tecnologia, diga-se que o termo algarismo é recorrente. Em O Nosso Idioma, transcreve-se, sobre a origem desta palavra, um apontamento do professor universitário e tradutor Marco Neves.
4. Na rubrica Diversidades, disponibiliza-se o artigo que a linguista e professora universitária Margarita Correia publicou no Diário de Notícias, em 30/01/2023, acerca da língua curda, da sua diversidade e das dificuldades encontradas para manter a unidade.
5. O desaparecimento de Cleonice Berardinelli, decana dos estudos brasileiros sobre a literatura de Portugal, é tema comum aos dois programas de rádio da Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Para recordar a figura e a obra da especialista, são convidados:
– o crítico António Carlos Cortez, em Língua de Todos, programa difundido na RDP África, na sexta-feira, 03/02/2023, às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*);
– Gilda Santos, coordenadora do Real Gabinete Português de Leitura e discípula de Cleonice Berardinelli, em Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 05/02/2023, às 12h30* (repetido em 11/02/2023, às 15h30*).
Entre os programas que, na rádio pública de Portugal, versam sobre temas do português, refira-se ainda Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2, de segunda a sexta-feira, às 09h50 e às 18h50*.
* Hora oficial de Portugal continental.
6. Um registo final para o artigo de opinião do economista Luís Aguiar-Conraria, no semanário Expresso de 2/2023, que, comentando a decisão de inconstitucionalidade proferida pelo Tribunal Constitucional sobre a lei da eutanásia em Portugal, se apoia numa antiga resposta do Ciberdúvidas, a respeito das conjunções coordenativas e e ou.
Sobre este mesmo tema, cf. Abertura de 31/01/2023
1. A palavra eutanásia regressa, uma vez mais, à atualidade, desta feita pelo facto de o Tribunal Constitucional português ter voltado a declarar o decreto da Assembleia da República inconstitucional. No Ciberdúvidas, a origem e significado do lexema (derivado do grego euthanasía, -as, «boa morte») e daquelas que integram a sua família de palavras (como distanásia ou ortotanásia) foram já abordados em diversas ocasiões («Eutanásia», «Eutanásico», «O direito à eutanásia» ou «A eutanásia em discussão»). É também a altura de recordar que a dinâmica própria da língua faz evoluir o léxico, sobretudo quando ele é atualizado pelos falantes e quando a realidade convoca novas palavras. A prová-lo está o facto de os dicionários já acolherem o verbo eutanasiar, o que ainda não se verificava em 2004, tal como afirmávamos nesta resposta.
2. O verbo recorrer e a natureza sintática dos seus complementos dão matéria à resposta que se centra na análise da frase «A Mónica recorre aos pais». Na atualização do Consultório, pode também acompanhar-se a justificação para a grafia de tem-lo (relativa à pronominalização de «tens o livro», por exemplo). Para além destas, ficam também disponíveis para leitura outras cinco novas respostas: «O termo cotociente», «A grafia e a pronúncia de bisavô», «O valor modal de basta», «Safra-nafra e escargo» e «A locução "para que" na tradução da Eneida».
3. A palavra dele pertence à classe dos pronomes possessivos? Esta é a dúvida que abre caminho ao apontamento de Inês Gama, colaboradora do Ciberdúvidas, na qual se analisa a natureza da contração da preposição de com o pronome pessoal ele, em contexto de valor possessivo.
4. Com a devida vénia, partilhamos, nas rubricas O Nosso Idioma, Lusofonias e Diversidades, vários textos relacionados com a língua portuguesa:
– Frederico Lourenço, escritor, tradutor e professor universitário, aborda a questão da linguagem inclusiva à luz de determinadas opções presentes em textos bíblicos;
– A diferença, na lei, entre injúrias e boçalidade é o tema do artigo do advogado português Francisco Teixeira da Mota, publicado no jornal Público do dia 28 de janeiro de 2023;
– O escritor e jornalista angolano João Melo apresenta um artigo de análise crítica à falta de unidade existente entre os vários países que têm a língua portuguesa como elo comum;
– As diferentes linguagens (verbal, visual, sonora ou sensorial) que usamos e aprendemos a usar dão-nos uma leitura particular do mundo em que vivemos e ilustram as diferenças entre vários povos, uma realidade que é também importante para compreender o português e a sua riqueza, tal como recorda a professora universitária brasileira Edleise Mendes, no seu apontamento divulgado no programa Páginas de Português, da Antena 2.
1. Em Portugal, recebeu-se no meio de grande polémica o anúncio dos custos associados à construção do altar e do palco onde decorre em agosto de 2023, em Lisboa, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O evento conta com a presença do Papa Francisco e é pretexto para obras de requalificação na parte oriental da capital portuguesa. Do ponto de vista linguístico, a palavra altar, «estrutura geralmente elevada onde sacerdotes de religiões diversas oferecem sacrifícios ou fazem imolações; ara» (Dicionário Houaiss), facilmente se relaciona com alto, mas historicamente não é um derivado deste adjetivo, pois terá tido transmissão culta a partir do latim, num processo que pouco afetou a configuração original. Mais problemática parece a designação do espaço onde decorrerá a JMJ: é altar-palco ou um palco-altar? Não é indiferente a escolha de um dos compostos, porque «o elemento que surge na primeira posição recebe uma um predominância pragmática (uma leitura de foco), realçando-se o seu papel», conforme se assinala na Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian, p. 3192). A consulta rápida das notícias aponta para a preferência por altar-palco, dando primazia à religiosidade. Mas não faltam ocorrências de palco-altar, com uma sugestão teatral (talvez) profana.
Palco tem origem no italiano palco, «estrado, plano» (séc. XIII) e «tablado para uso variado» (séc. XIV-XV), termo, por sua vez, proveniente do lombardo (língua germânica) *balk, «viga, trave» (Dicionário Houaiss). O italiano palco também designava o estrado mais elevado do que a plateia e ligeiramente inclinado onde os atores representam, em espetáculos teatrais. A denotação mantém-se no português palco, mas no italiano contemporâneo passou a estar associada à palavra palcoscenico (ver dicionário Treccani). Na imagem, o projeto do altar-palco para a JMJ (Expresso, 26/01/2023).
2. Estará correto dizer ou escrever «levar a rojo» em vez de «levar de rojo», isto é, «arrastar»? O esclarecimento faz parte de um total de oito novas respostas disponíveis no Consultório. Além do tópico já mencionado, fala-se de atos ilocutórios indiretos, da locução «nas proximidades de», de talvez com imperfeito do conjuntivo, da sintaxe do verbo aspirar, do termo variométrico, do estrangeirismo surenho e da duplicação de pronomes pessoais átonos (clíticos) que ocorre por vezes na aquisição da língua materna.
3. Na Montra de Livros, faz-se a apresentação do número especial de homenagem que a revista Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto dedica à linguista e professora universitária Fátima Oliveira, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. São 16 estudos linguísticos sobretudo centrados em tópicos da investigação em semântica, pragmática e argumentação.
4. «Fazes mesmo questão de dizer aos que se colocam diante do teu microfone que lhes vais "fazer uma questão"?» – pergunta retoricamente o jornalista Fernando Alves, na sua rubrica radiofónica Sinais na TSF (23/01/2023), a respeito da expressão incorreta «fazer uma questão». Trata-se de um apontamento que passa a estar também disponível no Pelourinho.
5. Como traduzir o anglicismo fraudster, que deriva de fraud, ou seja, fraude? O escritor e jornalista Miguel Esteves Cardoso explora o campo lexical de fraude e testa, de forma bem-humorada, os limites da morfologia e do léxico do português em crónica incluída no jornal Público (18/01/2023) e transcrita com a devida vénia em O Nosso idioma.
6. A linguagem das ciências e as terminologias são o novo tema explorado pelo professor universitário e tradutor e divulgador Marco Neves, com Cristina Nobre Soares, especialista em comunicação de ciência, em Palavrões da Ciência, um programa em formato de podcast («difusão por ficheiro digital»). O primeiro episódio é dedicado à matemática, numa conversa com Rogério Martins, matemático português e autor do programa Isto É Matemática.
7. Quanto a três dos programas que, na rádio pública de Portugal, são dedicados à língua portuguesa:
– Em Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira (27/01/2023, 13h20*, repetido no dia seguinte, c. 09h05*), inclui-se uma entrevista com Gladis Almeida, da Universidade de São Carlos, do estado de São Paulo, acerca do projeto Terminologias Científicas e Técnicas Comuns (TCTC), no âmbito da CPLP. No programa, participa igualmente a professora Carla Marques, com um esclarecimento sobre o uso da forma pronominal -lo.
– O projeto Revistas de Ideias e Cultura, para digitalização das revistas portuguesas do século XX, que abrange títulos como A Águia (1910-1912) e Orpheu (1915), é o tema central de Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo (29/01/2023, 12h30*; repetido em 04/02/2023, 15h30*). O programa conta ainda com uma crónica da professora Edleise Mendes (Universidade Federal da Bahia) e com um apontamento da consultora Inês Gama sobre as classes de palavras.
– Recorde-se, por último, Palavras Cruzadas, um programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 de segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50*.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. O aumento da inflação um pouco por todo o mundo está a trazer à luz do dia inúmeras situações de pobreza, com os seus diversos contornos: da pobreza extrema, à pobreza relativa, passando pela pobreza energética ou pela pobreza material, entre outras manifestações de algum tipo de carência acentuada. A palavra pobreza, que traz consigo uma história relacionada com a produtividade em meio agrícola, deriva de pobre, que evoluiu do latim pauper-. Esta forma, por seu turno, formou-se pela junção do elemento pau-, que significava «pequeno», com pario, com o significado de «dar à luz», resultando numa palavra que adquiriu, assim, o valor de «o que produz pouco» e que era usada para descrever um terreno agrícola ou o gado quando eram pouco férteis. Através dos tempos, o seu significado alargou-se e ajustou-se à descrição de situações de carência em geral, sobretudo económica. O radical latino pauper- evoluiu para a forma popular pobr-, que está na base de muitas palavras da mesma família, como pobreza, pobretão ou pobrete, mas o radical culto manteve-se em palavras como paupérie, pauperismo ou pauperização.
Primeira imagem: Misère accroupie (Mulher agachada), de Pablo Picasso, 1902.
2. A rubrica A covid-19 na Língua continua a acompanhar a evolução da situação sanitária, registando a entrada das expressões «Doença X», «Fábrica de vacinas» e «Primeiro trimestre de 2023».
3. A construção «transmitir em direto desde Bragança» dá o mote para o apontamento da professora Carla Marques sobre o uso da preposição no contexto em que se refere o local a partir de onde se fala ou difunde algo (divulgado no programa Língua de Todos, da RDP África).
4. O uso das preposições dá igualmente matéria para a reflexão de Inês Gama, colaboradora do Ciberdúvidas, desta feita, no contexto do ensino-aprendizagem do português como língua estrangeira.
5. A busca por uma expressão com o significado de «castanho-arruivado» leva-nos à exploração da forma "fusco-rubro", cuja adequação se avalia nesta resposta. A atualização do Consultório permite ainda consultar as respostas relacionadas com os seguintes temas: «Verbo de estado com valor perfetivo num poema de Álvaro de Campos», «O uso pronominal do verbo orientar», ««50 anos da sua morte» vs. «50 anos após a sua morte»» e «Modo indicativo: perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito».
6. Partilhamos, com a devida vénia, na rubrica Na 1.ª Pessoa, alguns textos relacionados com diferentes aspetos da língua portuguesa:
– Miguel Esteves Cardoso, autor e cronista, ensaia uma tradução dos termos ingleses bullying e bully, na sua crónica divulgada no jornal Público;
– A língua inclusiva e os problemas que coloca dão matéria à reflexão do arquiteto e escritor brasileiro Eduardo Affonso, na crónica publicada no jornal O Globo;
– A jornalista Bárbara Reis analisa os usos da palavra ilação e a sua significação, enquanto justifica a sua recusa em usar este chavão, num artigo transcrito do jornal Público.
7. Entre as notícias relacionadas com a língua, destaque para a homenagem ao escritor angolano Pepetela, que terá lugar no festival Escritaria, que, este ano, terá uma edição em Benguela, Angola (notícia).
1. Na Europa, a atualidade é marcada por intensa contestação social. No Reino Unido, milhares de enfermeiros manifestaram-se contra os salários baixos e as condições de trabalho no setor da saúde. Na França, greves e manifestações paralisaram o país em 19/01/2023, por causa da alteração da idade da reforma de 62 para 64 anos. Em Portugal, a greve e as manifestações dos professores do ensino básico e secundário público preenchem notícias e colunas de opinião. Outra vez recorrente, a palavra greve, recorde-se, é um galicismo, com origem num antigo topónimo parisiense, Place de Grève (hoje Place de l'Hôtel-de-Ville), nome do lugar onde se reuniam os operários sem trabalho ou descontentes; esta situação motivou a expressão faire grève («fazer greve»), com o significado de «abstenção deliberada do trabalho» (Dicionário Houaiss)*. Na comunicação social, circula também a palavra negociação, cuja história não é menos interessante: vem (indiretamente) do vocábulo latino negotiu-, o qual se formou da junção de nec e otium (cf. ibidem). Daí a sua significação de base: «sem possibilidade de inatividade, de lazer», descrevendo, portanto, uma atividade difícil, árdua, trabalhosa. Atualmente, significa sobretudo «acordo, entendimento», mas mantém a ideia da dificuldade em chegar ao ponto desejado.
* Pode levar-se mais longe a etimologia de greve, porque o topónimo francês se desenvolveu a partir do nome comum grève, que denota «(um) terreno de areia e cascalho à beira-mar ou à beira-rio», de um termo pré-latino *grava, «areia, cascalho» (Dicionário Houaiss). Na sua origem, a Place de Grève era, portanto, um espaço urbano situado num terreno cheio de cascalho, à beira do rio Sena. Na imagem, os paços do concelho de Paris e a praça de Grève em 1610, numa representação do arquiteto Claude Chastillon (1559/1560-1616).
2. Na frase «não lhe desculpou a indelicadeza, esta senhora vaidosa», aceita-se a vírgula antes de «esta senhora vaidosa»? A resposta está no Consultório, onde se abordam outras cinco questões: a forma «o que» é uma locução? É incorreto dizer «estar em luto», em vez de «estar de luto»? Escreve-se «pró-União-Ibérica» ou «pró-União Ibérica»? Provavelmente é sinónimo de certamente? E está correta a frase «faz um ano em julho em que nos mudámos»?
3. Já aqui assinalado, aquando do seu lançamento, o Dicionário da Língua Portuguesa Medieval (DLPM), publicado em 2022 pela Editorial Caminho, é o livro apresentado na atualização da rubrica Montra de Livros. Trata-se do resultado de um projeto desenvolvido pelo Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, sob a coordenação dos professores João Malaca Casteleiro (1936-2020), Maria Francisca Xavier (1944-2019) e Maria de Lourdes Crispim.
4. A herança cultural e linguística de Gregos e Romanos continua bem viva na cultura contemporânea, levantando sempre questões, como a da adaptação de nomes próprios do grego antigo ao português. É caso de Poseidôn (em carateres gregos, Ποσειδῶν), equivalente a Neptuno (ou Netuno) no panteão romano. Em O Nosso Idioma, transcreve-se com a devida vénia um apontamento do professor universitário, classicista, tradutor e escritor Frederico Lourenço (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra) no seu mural de Facebook, a respeito do aportuguesamento do referido nome – Posídon ou Posêidon?
5. Um registo da atualidade editorial: o lançamento do Dicionário Português-Árabe (Edições Colibri), da autoria de Abdeljelil Larbi, professor na Universidade Nova de Lisboa, e de Délio Próspero, investigador de língua e cultura árabes. Mais informação no Diário de Notícias (18/01/2023).
6. Um registo final aos três do programas dedicados a temas da língua portuguesa na rádio pública de Portugal:
– No Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 20/01/2023, às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), fala-se do ensino de Português em Cabo Verde e, num apontamento da professora Carla Marques, da pontuação e das suas subtilezas.
– No Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 22/01/2023, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 28/01/2023, 15h30*), abordam-se a experiência de um curso realizado em Brasília sobre ferramentas computacionais para criação de textos, bem como o ensino da gramática na sala de Português, numa crónica da professora Ana Sousa Martins.
– De segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50*, na Antena 2, transmite-se Palavras Cruzadas, um programa realizado por Dalila Carvalho.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Assinala-se a 19 de janeiro o centenário do nascimento do poeta português Eugénio de Andrade (1923-2005), marcante, na sua vasta obra literária, pela contenção no uso das palavras e pela busca incessante da forma precisa e depurada, resultado de um trabalho ímpar da língua. O autor de Sal da Língua deixou aos seus leitores uma herança poética riquíssima, onde é sempre desafiante regressar e onde se encontram frequentemente as palavras que dão voz aos arquétipos da sua poesia e ritmo à sua escrita: fonte, água, árvore, flor, brisa ou campo.
No acervo do Ciberdúvidas, podem ser recordados alguns dos poemas de Eugénio de Andrade. Vide, ainda: Voltar a ler Eugénio como se fosse a primeira vez + Eugénio de Andrade + Recordar o centenário do nascimento, quando Eugénio foi senha da revolução de Tiananmen + Em louvor de Eugénio de Andrade + Documentário da RTP
Primeira imagem: Pintura de Eugénio de Andrade por Bottelho.
2. A rubrica A dúvida da semana, divulgada nas redes sociais do Ciberdúvidas, tem complemento semanal no programa Páginas de Português, da Antena 2. Aí se apresenta uma explicação um pouco mais desenvolvida para a questão que coloca aos consulentes à segunda-feira (e cuja resposta pode ser consultada à terça-feira). Nesta semana, a professora Carla Marques trata a dúvida relacionada com a forma assumida pelo clítico na substituição do sintagma nominal na frase «Compras este livro mais tarde.»
3. A correção da expressão «salvo engano» e o uso de minúscula nas preposições que integram os nomes próprios abrem a atualização do Consultório. A estas entradas juntam-se outras quatro respostas: «Aspeto perfetivo e aspeto imperfetivo», «O valor aspetual do gerúndio pedindo», «O verbo destrocar II» e «Locução coordenativa correlativa: «não só... mas também»».
4. A linguista e professora universitária Margarita Correia explica a diferença entre os conceitos linguísticos de variação, variedade e variante, que, pode ler-se no seu artigo, «nomeiam conceitos diferentes, que a própria morfologia das palavras ajuda a entender» (texto publicado originalmente no Diário de Notícias e aqui transcrito com a devida vénia).
5. Edleise Mendes, professora universitária brasileira, trouxe à antena uma reflexão sobre as relações que se estabelecem entre a língua e os valores democráticos, um apontamento que parte da análise dos acontecimentos que tiveram lugar a 8 de dezembro de 2022 em Brasília (texto divulgado originalmente no programa Páginas de Português, da Antena 2).
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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