1. O grave sismo ocorrido em Marrocos traz para a atualidade todas as palavras envolvidas neste campo lexical, algumas das quais pedem esclarecimentos para que os seus usos sejam ajustados. Assim sismo, terramoto (forma preferida no português europeu) e terremoto (forma preferencial no português do Brasil e termo mais antigo do que o anterior) são palavras sinónimas que designam o movimento na superfície terrestre desencadeado por uma libertação súbita de energia. Este fenómeno convoca também a noção de quantidade de energia libertada, que é referida por meio do termo magnitude, usado para expressar a ideia da intensidade do sismo. O local onde a intensidade do abalo é máxima designa-se epicentro. Normalmente, um sismo é seguido de uma ou mais réplicas, termo que descreve a oscilação da crusta terrestre após o sismo inicial, fenómeno que tende a ser menos violento. Na avaliação do sucedido – assim como no que aconteceu posteriormente na parte oriental da Libia, com os efeitos devastadores do furacão Daniel –, voltámos a encontrar expressões como «crise humanitária» ou «catástrofe humanitária», que, como já foi sublinhado noutras ocasiões, deveriam ser substituídas por «crise humana» ou «catástrofe humana», que seriam mais coerentes, pois o adjetivo humanitário significa «em prol da humanidade». Ao contrário, as expressões «assistência humanitária» ou «ajuda humanitária» são aceitáveis neste contexto.
Cf. textos divulgados sobre este assunto: «Humanitário?», «Errar é humanitário?», «Quando é que um drama pode ser humanitário?», «Humanitário e humano», ««Crise humanitária», expressão válida?», «Como é que uma tragédia pode ser humanitária?!», «Caos "humanitário"?!», «Ainda propósito de humanitário».
2. No regresso após as férias, abrimos o Consultório com uma dúvida relacionada com a procura de uma expressão correta para fechar um e-mail. Face à possiblidade de decalque da expressão inglesa "I hope to hear from you soon", propõe-se uma estrutura mais natural em língua portuguesa. A esta questão vêm juntar-se três de âmbito lexical («Geronto e idoso», «A origem do nome próprio Job (ou Jó)» e «A palavra relho») e duas de natureza sintática («Colocação pronominal numa oração introduzida por como», «Para + infinitivo: «paramos para nos olharmos»»). Finaliza-se a atualização com uma questão relacionada com o uso de maiúsculas na publicidade.
3. A professora Carla Marques retoma os seus apontamentos relacionados com dúvidas de natureza gramatical, apresentado no programa Páginas de Português, na Antena 2. Desta feita, trata uma dúvida relacionada com a classe da palavra de na frase «Está na hora de descansar», cuja explicação aqui se partilha.
4. Na Montra de Livros apresenta-se a publicação de autoria de Analita Santos, intitulada Erros de Português nunca mais, com a chancela da Manuscrito, na qual a autora apresenta um conjunto de propostas para ultrapassar algumas dificuldades do português.
5. O facto de Droupadi Murmu, presidente da Índia, ter assinado um convite como «presidente do Bharat» abriu uma polémica relacionada com as intenções políticas na base da seleção toponímica na Índia. Esta é uma situação que a professora universitária Margarita Correia analisa do ponto de vista linguístico no seu artigo publicado no Diário de Notícias e aqui partilhado com a devida vénia.
6. A forma como os brasileiros assumem e desculpam os erros de uso do português leva o linguista Aldo Bizzocchi a adotar uma posição muito crítica relativamente ao que ele designa de «jeitinho brasileiro», um problema que, na sua ótica, precisa de ser encarado com toda a seriedade (texto divulgado em Diário de um linguista, blogue do autor, aqui transcrito com a devida vénia).
7. Entre os acontecimentos de relevo, destacamos o centenário do nascimento de Natália Correia, celebrado em 13 de setembro. A poetisa açoriana, que nos deixou uma obra marcada pela criatividade, coragem e ousadia, descreveu desta forma o seu próprio nascimento:
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