Prosa e verso são dois princípios de segmentação do discurso. A primeira forma de expressão literária é o discurso metrificado, só relativamente mais tarde surge a prosa em escritos filosóficos e, muito depois, o romance helenístico.
O conceito de prosa poética remete para o Romantismo (movimento artístico do final do séc. XVIII e princípio do séc. XIX) com a desagregação dos géneros literários e a assunção do fragmentário e do misto. Pode-se considerar que a opção por uma prosa claramente poética representa a desintegração da visualização e legibilidade da poesia. Neste sentido, de acordo com o E-Dicionário de Termos Literários de Carlos Ceia, a prosa poética é prosodicamente prosa.
A expressão sujeito poético é usada para se referir o sujeito da primeira pessoa do texto lírico, ou seja, menciona aquele que revela a sua interioridade através de um texto poético, transparecendo os seus sentimentos e emoções. Contudo, uma vez que a prosa poética é, no fundo, um texto em prosa e não em verso, a nível literário, o mais correto é designar o seu sujeito por sujeito de enunciação, uma expressão genérica que designa aquele que enuncia um discurso, uma mensagem, um texto literário, quer seja um “eu” lírico (também designado por sujeito poético), um narrador ou a voz que fala na prosa poética.
Áudio disponível aqui:
[AUDIO: O Sujeito da Prosa Poética]
Nota: Este apontamento baseia-se na resposta "Sujeito poético, sujeiro lírico, eu" de Eunice Marta.
Apontamento incluído no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 25 de junho de 2023.