DÚVIDAS

Sobre morfemas flexionais e derivacionais

Tenho duas dúvidas que se me pudessem esclarecer, eu agradecia:

1. Os morfemas derivacionais podem alterar a classe gramatical da palavra a que se unem?

2. O português tem menos morfemas flexionais do que morfemas derivacionais?

Resposta

O morfema é a unidade mínima gramatical de uma língua portadora de significado.

Os morfemas derivacionais ou afixos participam em processos de formação de palavras e determinam a classe gramatical da palavra em que ocorrem. Por exemplo, o sufixo -idade origina apenas nomes e agrega-se apenas a bases adjectivais: 

formal adjectivo formalidade nome

Para além desta propriedade, os morfemas derivacionais determinam o valor das categorias morfológicas, morfossintácticas e morfossemânticas relevantes: 

formal tema adjectival formalizar verbo 1.ª conjugação

Os morfemas flexionais ou desinências não interferem na determinação da categoria sintáctica da palavra em que ocorrem, veiculando informação gramatical relevante para a concordância ou para outros fenómenos sintácticos: 

casa singular casas plural

Outros sufixos flexionais são também os sufixos que participam nos verbos e transmitem informações de pessoa, número, tempo, modo e aspecto:

falamos

Neste exemplo, o sufixo -mos transmite a informação de pessoa e número.

Relativamente à segunda questão da consulente, existem mais morfemas derivacionais que flexionais, uma vez que os flexionais são apenas aqueles que já mencionámos: plural -s na flexão nominal; sufixos que transmitem informações de pessoa, número, tempo, modo e aspecto na flexão verbal. 

Na Gramática da Língua Portuguesa, de Maria Helena Mateus et al., podemos encontrar uma lista de alguns morfemas derivacionais: -aço, -ado, -agem, -al, -ão, -aria, -deira, -douro, -edo, -eiro, -ez, -io, -ice, -icio, entre outros.

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