O primeiro número da Revista Entreletras, uma publicação a cargo do Laboratório Brasileiro da Oralidade, Formação e Ensino (LABOR) e da Universidade Federal do Tocantins, é dedicado ao ensino dos diferentes géneros orais nos vários níveis de escolarização básica. Esta edição foi organizada pelas professoras Débora Costa-Maciel (Universidade de Pernambuco), Letícia Storto (Universidade Estadual do Norte do Paraná), Tânia Magalhães (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Luiza Bueno (Universidade São Francisco) e pretende «soma[r] esforços em torno da temática da oralidade na escola que tem ganho crescente atenção de docentes e pesquisadores de diferentes áreas». Com o título «Gêneros Orais no/do Trabalho Docente e nas Práticas Educativas», este número discute a «conceção da oralidade, fala, gêneros orais e as repercussões dessas ideias para o ensino».
Composto por 14 artigos, este volume apresenta trabalhos de investigação organizados em três áreas temáticas: i) géneros do métier ("ofício") docente, ii) práticas educativas com oralidade na escola e na formação docente e iii) análise de documentos: currículos e materiais didáticos. Relacionado com a primeira temática, destaca-se o artigo "Oralidade e formação profissional docente: configuração do gênero oral prova-didática", de Adriana Aparecida Silva, Carolina Alves Fonseca, Daniela Silva Vieira, Dedilene Alves de Jesus, Elaine Cristina Forte-Ferreira, Tânia Guedes Magalhães e Vicente Lima-Neto. No que diz respeito ao segundo tema, salienta-se o texto "Práticas de oralidade no Ensino: do texto ao contexto", de Carla Marques. Já relativamente ao terceiro, realça-se "Entrevista em manuais de educação de jovens, adultos e idosos: em gênero textual para ensinar a oralidade", de Fabrini Katrine da Silva Bilro, Maria Lucia Ferreira Figueiredo Barbosa, Haila Ivanilda da Silva, Débora Amorim Gomes da Costa-Maciel e Latícia Storto.
No primeiro texto é apresentado um estudo sobre o género oral no contexto da formação de professores. As principais conclusões retiradas desta investigação apontam para o facto de o discurso oral na formação de professores ocorrer de forma mais intuitiva ou na convivência entre pares do que de maneira mais explícita, reflexiva e sistematizada. Portanto, os seus autores defendem uma reformulação dos currículos universitários e de formação contínua de professores que garanta a integração da aprendizagem do discurso oral.
No segundo artigo, Carla Marques demonstra que, no quadro da teoria de géneros do interacionismo sociodiscursivo, a inclusão de elementos do contexto comunicacional no ensino pode ter uma grande importância no aperfeiçoamento dos textos orais. A partir da análise de textos em corpora, esta investigadora infere que a consideração explícita dos componentes contextuais «indica que a diversificação de objetivos comunicativos, dos papéis discursivos e dos eixos espaciotemporais poderá constituir um elemento relevante a considerar na didática da expressão oral».
Por fim, no terceiro artigo aqui em destaque analisa-se o tratamento da entrevista em livros didáticos, tentando, com recurso aos pressupostos do estudo da oralidade, perceber quais as estratégias propostas por estes materiais para a abordagem do género textual na sala de aula. Neste trabalho, constata-se que os livros em estudo mobilizam a ação pedagógica de levantar conhecimentos prévios sobre a entrevista, contribuindo assim para a possibilidade de um planeamento do ensino da oralidade.
Em síntese, este número da revista Entreletras oferece ao leitor um conjunto de perspetivas interessantes sobre a oralidade e a sua abordagem em contexto de sala de aula e de formação de professores.
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