Inês Gama - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Inês Gama
Inês Gama
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Licenciada em Português com Menor em Línguas Modernas – Inglês pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e mestre em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda (PLELS) pela mesma instituição. Fez um estágio em ensino de português como língua estrangeira na Universidade Jaguelónica em Cracóvia (Polónia). Exerce funções de apoio à edição/revisão do Ciberdúvidas e à reorganização do seu acervo.

 
Textos publicados pela autora
A língua portuguesa <br>sob os holofotes do Coliseu dos Recreios
Uma reflexão sobre o espetáculo O Céu da Língua, apresentado por Gregório Duvivier

Reflexão da consultora Inês Gama sobre o espetáculo O Céu da Língua, apresentado pelo famoso ator e comediante brasileiro Gregório Duvivier, na passada sexta-feira, dia 4 de julho, no Coliseu dos Recreios

Diz-se
A pronúncia correta de meteorologia

Diz-se "metereologia" ou "meteorologia"? A consultora Inês Gama responde a esta questão no desafio semanal divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2de 6 de julho de 2025.

O que é a <i>manosfera</i>?
Misoginia digital

Neste apontamento, a consultora Inês Gama aborda a palavra manosfera, termo usado para referir uma cultura digital que defende a subalternização da mulher.

O estatuto internacional da língua portuguesa
Síntese do artigo "Cinquenta anos que mudaram os estatuto internacional da língua portuguesa", de Margarita Correia

Sobre o artigo “Fifty years that changed the international status of the Portuguese language” ("Cinquenta anos que mudaram os estatuto internacional da língua portuguesa"), da autoria da professora universitária Margarita Correia, incluído na publicação catalã Revista de Llengua i Dret/Journal of Language and Law, a consultora Inês Gama apresenta uma síntese deste texto, destacando os pontos principais.

Pergunta:

Agradecia que me elucidassem sobre as duas frases. Devemos usar o indicativo ou o conjuntivo, ou ambos, tendo neste caso significado diferente?

«É difícil declarar que ainda é necessário.»

«É difícil declarar que ainda seja necessário.»

Sinceros agradecimentos,

Resposta:

Ambas as frases estão corretas, contudo, apresentam sentidos um pouco distintos. 

A forma verbal é, presente na frase «é difícil declarar que ainda é necessário», está na terceira pessoa do singular do presente do indicativo. Por outro lado, a forma verbal seja, presente na frase «é difícil declarar que ainda seja necessário», está na terceira pessoa do singular do presente do conjuntivo. 

Como se pode observar, a única diferença entre estas duas formas verbais é o modo, categoria verbal que normalmente exprime a atitude de quem fala.

O modo indicativo serve para expressar as certezas do enunciador e as ações com existência efetiva na realidade ou que estão prestes a realizar-se. Por esta razão, o que se está a exprimir na frase «é difícil declarar que ainda é necessário» é um valor de certeza. 

Já o modo conjuntivo exprime a incerteza, a dúvida, o desejo pela realização de alguma coisa, a condição, a possibilidade, a eventualidade. Neste sentido, na frase «é difícil declarar que ainda seja necessário» aquilo que se está a exprimir é uma ideia de probabilidade/dúvida.

Note-se ainda que, segundo Rui Marques no volume I da Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian), com verbos declarativos que selecionam orações completivas finitas, como é o caso do verbo declarar nas frases apresentadas, o modo preferencial é o indicativo, sendo que o modo ...