1. A língua é um instrumento de comunicação que se deixa impregnar pela natureza social, cultural e regional dos seus falantes. Esta versatilidade do sistema linguístico justifica as variedades que coexistem no mesmo tempo e espaço. Entre elas observa-se um fenómeno que tem uma enorme dinâmica: a gíria juvenil. É sabido que as inovações linguísticas têm frequentemente origem na linguagem juvenil. Não obstante, não deixa de ser verdade que nela encontramos palavras ou estruturas que têm um período de vigência que acaba por ser efémero. Não é fácil determinar o que justifica os dois fenómenos, mas ele é observável no contraste entre palavras como bué (termo que permaneceu e que se encontra dicionarizado) e "tótil" (palavra usada com significado equivalente ao da anterior, mas que quase desapareceu). Entre as palavras e estruturas com vitalidade na linguagem juvenil atual, para além do recurso frequente ao inglês, visível em usos como «bué da "nice"» ou "ganda fail", podemos sinalizar expressões como «"tasse" bem», «"tá" tudo bem», «isso (não) é a minha cena» ou «a todo o gás». Entre as palavras mais usadas, podemos apontar o recurso frequente a modismos como tipo ou imagina, que são mobilizados pelos jovens como bordões, que abrem, intercalam ou fecham o discurso, em enunciados como «Imagina, podíamos sair» ou «Tipo, ele chegou a casa eram tipo 8 horas». Este mesmo fenómeno foi observado pelo cronista e humorista Ricardo Araújo Pereira, que o analisa com tom humorístico na sua crónica intitulada «Tipo imagina», que aqui transcrevemos com a devida vénia.
No Ciberdúvidas, podem ser consultados diversos textos relacionados com o tema dos modismos: «Modismos da língua portuguesa (descartar, imperdível, torcida)», «A era do "eu diria que..."», «Os modismos "dizer que", "observar que", "acrescentar que"», «Ainda o modismo "É suposto..."», «O modismo expectável».
2. A questão sobre quais as preposições que o verbo distinguir pode reger abre as atualizações do Consultório, onde se podem também consultar as respostas às seguintes questões: Existe licença poética fora da literatura? O nome metralhamento é aceitável? Qual a diferença entre as expressões modus operandi e modus faciendi? Quais as regras de colocação do clítico com o advérbio após? Qual a origem da expressão «à babuja»?
3. Os pronomes demonstrativos isto, isso, aquilo estabelecem com os pronomes átonos algum tipo de relação sintática que exige a colocação destas palavras em posição proclítica? No seu apontamento divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2, a professora Carla Marques analisa esta questão.
4. A expressão «bala de prata» apresentada como metáfora com valor de "solução quase mágica para resolver algum tipo de problema" tem sido usada no discurso mediático em diversas ocasiões, embora nem sempre com total adequação. Esta é a posição de Paulo J. S. Barata, consultor do Ciberdúvidas, desenvolvida no apontamento «A "bala de prata" que mata os "problemas da habitação"?!...».
5. O mirandês foi reconhecido como segunda língua oficial em Portugal há mais de 25 anos. Todavia, o povo de Miranda do Douro aguarda agora que a Assembleia da República ratifique a Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias do Conselho da Europa, um documento que permitirá a implementação de um conjunto de medidas para a proteção e ensino de uma língua que se encontra ameaçada de extinção. No jornal Público, foi feito o ponto da situação num artigo aqui partilhado com a devida vénia.
6. Divulgamos, para finalizar, a crónica do contista Fernando Évora, onde este ficciona o momento da criação dos adjetivos por Adão e Eva (partilhada com a devida vénia).