O vocábulo sorte apresenta, no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa (II, 3457), duas acepções principais: 1) «Força imaginária que supostamente condiciona os acontecimentos, as circunstâncias..., independentemente da vontade humana» — são apresentados como sinónimos acaso, destino, fado — e 2) «Efeito imprevisível, agradável ou favorável, resultante do decurso dos acontecimentos» — é apresentado como antónimo azar. Isto quer dizer que o vocábulo pode ser usado, em certos contextos, com um significado lato ou, por assim dizer, "neutro" (o primeiro) e, noutros casos, com o significado mais restrito — e, por assim dizer, "marcado".
Por isso, não parece que haja repetição ou redundância quando se empregam expressões como boa sorte ou má sorte — isto é, azar —, na medida em que, nestes casos, sorte é tomada na sua ace(p)ção mais ampla, mas, por seu turno, a sua referência aparece limitada pelos adje(c)tivos bom ou mau. Pelo contrário, quando se deseja a uma pessoa sorte, parece que neste caso se utiliza o substantivo na sua ace(p)ção mais restrita — isto é, boa sorte.