As orações completivas são tipicamente introduzidas pelo complementador que:
(1) «Eu sei que ele já chegou.»
Não obstante, é possível converter frases interrogativas e exclamativas em orações completivas, como se verifica em (2) e (3):
(2) «Quando chega a Rita?» - «Ele perguntou quando chega a Rita.»
(3) «Como ela está fantástica!» - «Já me disseram como ela está fantástica.»
Em situações desta natureza, as orações completivas podem ser introduzidas por como, quando, quanto, se.
Na frase apresentada pelo consulente não estamos perante um caso de frase exclamativa ou interrogativa, pois nela não se identificam valores como a dúvida, a inquirição ou o espanto. Todavia, o sintagma «quando o casal se xingou na frente de todos» desempenha a função de sujeito, como se observa pela possibilidade de substituição pelo pronome isto:
(4) «Isto foi péssimo.»
Poderemos entender a oração em análise como equivalente à que se destaca em (5), o que facilita a compreensão do seu funcionamento como sujeito da frase:
(5) «O momento em que casal se xingou na frente de todos foi péssimo.»
Esta frase pode enquadrar-se na visão de Veloso1, que propõe classificar quando como um constituinte relativo que introduz uma oração relativa cujo antecedente é geralmente implícito. Esta interpretação permite considerar que a função de sujeito é desempenhada por um sintagma nominal cujo núcleo está implícito.
Diga-se ainda que este será um caso marginal e que o que aqui se apresenta é uma interpretação possível deste fenómeno que não encontrámos descrito nos textos consultados.
Disponha sempre!
1. Cf. Raposo et al., Gramática do Português. 2013, p. 2107-2109.