1. O português é sempre mencionado como uma das dez línguas mais faladas no mundo, e na cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em agosto de 2023, em São Tomé e Príncipe, o presidente do Brasil, Lula da Silva frisou que «era tempo de o português ser língua oficial das Nações Unidas e os países deveriam, em conjunto, desenvolver esforços nesse sentido» – assinala Ana Paula Laborinho, diretora em Portugal da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), em artigo publicado no Diário de Notícias de 27/09/2023. Na rubrica Lusofonias, transcreve-se com a devida vénia este texto, no qual a autora comenta o regresso do Brasil à cena internacional e sublinha o futuro que o português pode ter na definição de uma estratégia geopolítica no seio da CPLP.
À volta do nome Brasil, leia-se um estudo de Onésimo Teotónio Almeida intitulado "De 'Ilha da Vera Cruz' a “Brasil” – revisitação à origem do nome" (Antíteses, Londrina, v.15, nov. 2022, p.321-340). Sobre a identidade brasileira, registe-se "Identidade brasileira é quase indecifrável aos estrangeiros, diz Valter Hugo Mãe" (Exame, 27/09/2023). Finalmente, a respeito do português no século XVI, ou seja, na época em que começou a colonização do Brasil, sugere-se a leitura de "O léxico patrimonial no quinhentismo português", um importante trabalho de Fernando Venâncio (comunicação ao IV Congresso Internacional de Linguística Histórica, Universidade de Lisboa, Julho de 2017).
2. Retoma-se nestas páginas o tema do discurso inclusivo e das diferentes estratégias adotadas para inscrever a defesa de direitos em diferentes línguas, entre elas, o português. Em Montra de Livros, apresenta-se No Meu Bairro, um livro que, entre outros motivos de interesse, tem o de pôr em prática o chamado «sistema gramatical neutro ELU», o qual consiste em substituir vários morfemas flexionais por outros. Nas Controvérsias, divulga-se, devidamente atribuído, o texto "Bom dia a todos e todas", uma reflexão que o gramático brasileiro Fernando Pestana incluiu no mural Língua Tradição (Facebook, 25/09/2023) e na qual considera que quem profere a saudação «bom dia a todos!» não tem de ser tachado de machista ou não inclusivo.
3. De integração fala-se também na rubrica Ensino, a propósito da situação da disciplina de Português Língua Não Materna (PLNM) nas escolas portuguesas. A consultora Inês Gama propõe um diagnóstico dos desafios e das dificuldades que o PLNM enfrenta no sistema de ensino de Portugal.
4. O inglês impõe-se como língua hegemónica, e a linguagem publicitária é instrumento dessa interferência noutras línguas. No Pelourinho, perante a profusão de palavras e frases anglo-saxónicas nos anúncios feitos e exibidos em Portugal, a consultora Sara Mourato tece críticas e interroga-se: será a língua inglesa obrigatória na publicidade?
5. Não poderá «iremos poder contar» ser uma maneira complicada de dizer simplesmente «contaremos»? Não propriamente, porque os auxiliares poder e ir marcam valores ausentes em contaremos. Esta resposta e outras oito constituem a presente atualização do Consultório, onde se apresentam as seguintes questões: o coletivo equipa pode ter nosso como possessivo? A expressão «tudo de bom» é incorreta? A palavra trás é um advérbio? Porque se hifeniza paterno-filial? Qual é a pronúncia correta de saem e caem? Numa frase entre aspas, o ponto fica dentro ou fora das aspas? Para designar certo gigante mitológico, o nome correto é Tífon ou Tifeu? Como se analisa a frase «pesa-me dos dissabores que lhe causei»?
6. Nas Diversidades, um apelo de Aníbal Fernandes, membro do Movimento Cultural da Terra de Miranda, para que o mirandês seja reconhecido em Portugal no quadro da Carta Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias. Texto transcrito, com a devida vénia, do jornal Público de 29/09/2023, conforme a publicação original, em língua mirandesa.
7. Quanto a atividades académicas que tomam o português e as línguas em geral como objeto de estudo, uma chamada de atenção para o ciclo de conferências que a linguista Olga Ivanova, da Universidade de Salamanca, profere nos dias 2, 3 e 6 de outubro, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. As sessões são organizadas pelo CELGA-ILTEC e pelos grupos do 2º ciclo em Português como Língua Segunda e Língua Estrangeira e 3.º ciclo em Linguística do Português.
8. Relativamente aos três programas sobre língua portuguesa na rádio pública de Portugal:
– Em Língua de Todos, programa difundido na RDP África, na sexta-feira, 29/09/2023 às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), conversa-se com os professores Célia Barbeiro e Luís Barbeiro do CELGA-ILTEC (Universidade de Coimbra) sobre "As escolhas na reescrita conjunta: orientação e apreciação pelo professor das propostas dos alunos", uma comunicação feita no âmbito do 3.º Encontro Nacional do Discurso Académico (ENDA 3).
– Em Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, 01/10/2023, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 07/10/2023 às 15h30*), a professora Micaela Aguilar (Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho) responde a questões a respeito das perspetivas que a Inteligência Artificial e as ferramentas digitais abrem à produção de texto académico. Ainda neste programa, um apontamento da professora Carla Marques sobre o processo de prefixação das palavras irracional e indispensável.
– Os problemas de comunicação que um viajante enfrenta preenchem, de 2 a 6 de outubro, as emissões do programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (de segunda a sexta-feira, às 09h50* às 18h50*). O convidado é Gonçalo Cadilhe, conhecido autor português de vários livros de viagens.
*Hora oficial de Portugal continental.