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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Em 15 de janeiro, soma-se outro ano no funcionamento deste espaço de divulgação, esclarecimento e discussão de temas da língua portuguesa. Cumprem-se, portanto, 26 anos desde que, em 1997, surgiu a primeira Abertura do Ciberdúvidas – "A língua é como um rio" –, para dar resposta, em acesso livre e gratuito, às interrogações e perplexidades dos falantes no uso diário da língua e de tudo à  volta do idioma oficial dos oito países lusófonos. As dificuldades têm sido numerosas, e o horizonte de 2023 também as anuncia, porque se torna urgente uma renovação gráfica e estrutural capaz de agilizar o processo de atualização e promoção destas páginas. Com efeito, a produção dos conteúdos em linha – quer no Consultório, quer nas demais 10 rubricas, desde O Português na 1.ª Pessoa (com sete sub-rubricas temáticas) à Antologia, passando por outras mais recentes e atuais como A covid-19 na língua –  debate-se com os desafios permanentes do avanço científico e da inovação tecnológica, com a consequente diversidade dos canais de divulgação, exigindo assim recursos financeiros e humanos adequados, condição que anda atualmente longe do Ciberdúvidas. Felizmente que, para enfrentar contrariedades desalentadoras, há sempre um fator de estímulo e esperança: o apoio constante e firme de quantos nos acompanham em qualquer parte do mundo onde se fale português, em toda a sua diversidade geográfica, com consultas pertinentes e palavras generosas de incentivo. A todos os consulentes do Ciberdúvidas, o nosso obrigado.

2. «A língua portuguesa não tem de ser e não é um entrave à internacionalização do ensino superior», defendeu a linguista e professora universitária Margarita Correia, referindo-se ao papel das universidades na promoção do português, para lançamento da discussão do painel “Internacionalização da universidade e o português como língua do conhecimento”, que integrou o programa do Encontro Nacional Universidade: chave para o futuro, organizado pelo Iscte em 07/12/2022. O texto integral da sua intervenção passa a estar disponível em O Nosso idioma.

3. O adjetivo coetâneo significa exatamente o mesmo que contemporâneo? Nem sempre, como se revela no Consultório, onde também se abordam outros tópicos, designadamente, a respeito dos sufixos -ita e -ida, e o uso genérico do pronome tu. Atenção especial é dada à sintaxe, com comentários referentes a construções com a expressão «ter medo de», o verbo portar-se e o verbo ensinar.

4. Em Espanha, na chamada América Latina e noutros pontos do globo, fala-se espanhol... ou castelhano? Um trabalho da jornalista Berna González Harbour publicado no jornal El País em 09/01/2023, aborda esta questão recorrente, dando conta de várias perspetivas. Na rubrica Diversidades, traduz-se, com a devida vénia, o texto original, ao qual se associa uma imagem curiosa, a do neologismo casteñol, uma alternativa sintética e jocosa à disputa entre as duas palavras, que pode adaptar-se ao português como castenhol.

5. No mural do Ciberdúvidas no Facebook, prossegue o passatempo "A Dúvida da Semana", que suscita bastante interesse, assinalando-se a grande participação dos consulentes, com visualizações, "gostos" e comentários. Destaca-se nos últimos dias o contributo de Ana Boléo, que tomando a melodia da canção de "Sei lá", de Bárbara Tinoco, lhe mudou criativamente a letra, tendo por mote os usos da  vírgula. A nova versão pode ser escutada no TikTok.

6. Dois registos da atualidade, ao encontro de quantos defendem maior acompanhamento e afirmação da língua portuguesa:

– O Instituto de Lexicologia e de Lexicografia da Academia das Ciências de Lisboa tem nova presidência, na sequência da eleição da linguista e lexicógrafa Ana Salgado (Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa), que se torna assim a primeira mulher a ocupar o cargo.

– A pressão da língua e literatura anglo-saxónicas em Portugal é tema da crónica que o diplomata e escritor Luís Filipe Castro Mendes assina no Diário de Notícias de 10 de janeiro de 2023. Partindo de uma anedota, o autor conta que, entre candidatos à carreira diplomática e perante uma questão sobre Eça de Queirós, alguém terá respondido assim: «Ah, Senhor Embaixador, eu nunca leio romances portugueses, só leio obras em língua inglesa.» O texto integral encontra-se aqui.

7. A respeito de três dos programas que, na rádio pública de Portugal, são dedicados à língua portuguesa:

Para falar do conceito de diplomacia linguistica, entrevista-se a professora e linguista Margarita Correia, em Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 13/01/2023, às 13h20*.

♦ Acerca da necessidade de criar e fixar terminologias científicas nos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Gladys Almeida, professora da Universidade de São Paulo, é a convidada de Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 15 de janeiro de 2023, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 21 de janeiro de 2022, às 15h30*). O programa inclui ainda um apontamento da professora Carla Marques sobre temas gramaticais.

Em Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2, o tema das emissões de 16 a 20 de janeiro (segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50*) são os erros falsos e mitos do português, em conversa com novo convidado, o professor universitário e tradutor Marco Neves.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. Instabilidade parece ser o termo que melhor define este início de 2023: caracteriza a política, tanto em Portugal como no Brasil; descreve os fenómenos atmosféricos que têm abalado várias regiões de Portugal; retrata a evolução da guerra entre a Ucrânia e a Rússia; marca ainda o caminho de evolução da covid-19 no mundo. Por esta última razão também a rubrica A covid-19 na língua continua a registar novas entradas que ficam associadas ao caminho do novo coronavírus, com a chegada ao «Ano três» e a criação do Pango (o sistema internacional de classificação de linhagens do coronavírus), onde se incluem as novas duas sublinhagens respetivamente designadas XBB.1.5 e XQ

Primeira imagem: Pintura de Di Cavalcanti vandalizada no Palácio do Planalto, no Brasil.  

2. O uso da vírgula com orações relativas está associado ao valor que estas veiculam na frase, como explica a professora Carla Marques no seu apontamento divulgado no programa Páginas de Português (Antena 2), justificando a incorreção no uso da vírgula na frase «O jovem que chegou ontem, ficou a descansar.» Esta é também a frase que está na base da rubrica Dúvida da semana (desafio linguístico do Ciberdúvidas nas redes sociais). 

3.  No Consultório, registamos sete novas respostas. Entre elas destacamos as que se relacionam com questões ortográficas, nomeadamente a grafia de Benjamim e a forma correta de microsserviço. Retomamos também a questão da concordância do verbo ser em duas situações: numa construção pseudoclivada («Quem canta assim é») e na expressão de localização temporal. Analisamos ainda a possibilidade de flexão no plural da locução «como tal» e o possível sentido da expressão «neutro universal». Por fim, elencamos os códigos dos estados dos EUA

4.  A jornalista Luciana Leiderfard recorda o caminho literário de António Mega Ferreira (recentemente falecido), evocando as obras publicadas, com um destaque particular para o Roteiro Afetivo de Palavras Perdidas, o último livro que o autor deixou aos seus leitores, no qual recupera palavras perdidas numa perspetiva pessoal carregada de emoção (artigo aqui transcrito com a devida vénia). 

5.  Entre as notícias relacionadas com a língua destacamos:

– A divulgação da Palavra do Ano de 2022 em Angola, que este ano é cuiar, um termo coloquial, eventualmente originário do quimbundo kuya, que significa «agradar», «estar ou ser animado» ou «ter sucesso» (informação Infopédia; ver notícia aqui);

– A tomada de posse, a 9 de janeiro, do novo Diretor Executivo do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), João Laurentino Costa Pinho Neves, que foi eleito para o biénio 2023-2024; 

– A abertura da terceira edição do concurso “Contos do Dia Mundial da Língua Portuguesa”, uma iniciativa da Porto Editora, em articulação com o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e o Plano Nacional de Leitura (PNL2027). A este concurso poderão concorrer alunos dos cursos de Língua e Cultura Portuguesas da rede Camões, I.P. no mundo por meio da apresentação de um conto inédito em português (até 28 de fevereiro). 

 

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1. Os tempos continuam conturbados, tornando o ano novo mera formalidade, pois são várias as palavras das manchetes de 2022 que se mantêm em 2023. Entre elas, figura o vocábulo guerra, o mais votado em Portugal na edição de 2022 de A Palavra do Ano (ver Notícias), em alusão direta ao conflito russo-ucraniano. Entretanto, a Rússia anuncia uma trégua nas hostilidades com a Ucrânia nos dias 6 e 7 de janeiro, coincidindo com a celebração do Natal ortodoxo*. E a pandemia de covid-19 é sempre notícia, como documenta o reportório vocabular e fraseológico A covid-19 na língua, com a entrada cremação, relativa ao que sucede na China. Neste país, o agravamento da situação epidémica e a sobrelotação dos crematórios no último trimestre de 2022 forçam as famílias a cremarem elas próprias os seus mortos nas ruas de várias localidades.

* O Natal ortodoxo segue o calendário juliano, anterior ao calendário gregoriano. A fechar a quadra natalícia no mundo católico, também em 6 de janeiro se celebra tradicionalmente o Dia de Reis (ou Epifania). Sobre esta data festiva e o nome janeiro, sugere-se a consulta de alguns conteúdos em arquivo: "A linguagem do Natal",  "A grafia de Melchior e Baltasar", "As variantes Belchior e Melchior", "Epifânia e epifania", "Plural de bolo-reibolos-reis", "Cantar os/dos Reis", "História da língua em dia de Reis", "O primeiro de janeiro" e "O calendário e os meses do ano".

2. Para a paz e o entendimento, é preciso diplomacia, mesmo em matéria de língua. Na Montra de Livros, apresenta-se o número 9 da revista Platô, uma publicação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, na qual se reúne uma série de estudos à volta de dois temas: o léxico e o pluricentrismo da língua portuguesa. A respeito de política linguística, destaca-se o artigo da professora universitária e linguista Margarita Correia, que manifesta preocupação pela falta de formação nesta área entre os diplomatas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

3. Como é habitual, a entrada em 2023 foi marcada por grandes festas, designadas pelo galicismo réveillon. Será legítimo aportuguesar esta palavra como "revelhão", forma que, aliás, já ocorre espontaneamente entre os falantes? Ao tópico desta pergunta juntam-se os de outras seis na atualização do Consultório: o verbo desancar; a sequência «acabei de começar»; o nome carrossel; a anáfora como recurso de estilo; a vogal /i/; e o sujeito sintático em português.

4. Diz-se «fim de ano» ou «final de ano»? O escritor e revisor Gabriel Lagos, assinala que «final já é empregado também como substantivo (sinônimo de fim, oposto a início) pelo menos desde 1873, segundo aponta o dicionário Houaiss», em texto publicado no mural  Língua e Tradição (Facebook, 31/12/2022) e transcrito com a devida vénia em O Nosso Idioma.

5. Até que ponto é corrente o uso do ponto e vírgula na escrita do português? Parece não haver dados exatos, mas, para o inglês, a investigação linguística conclui que é sinal de pontuação em declínio. Sobre este assunto, traduz-se e disponibiliza-se, na rubrica Diversidades, um artigo assinado pelo jornalista britânico Will Lloyd na plataforma de notícias UnHerd.

6. Dois registos com interesse para os estudos do léxico do português:

– as palavras despiorar e despiorio, criadas com base em piorarpiorio pelo escritor Miguel Esteves Cardoso, em crónica incluída no Público, em 03/01/2023;

– dez palavras portuguesas de origem persa (por exemplo, açúcar, xadrez e pijama), um apontamento de 2022 que o professor universitário e tradutor Marco Neves retomou no começo de 2023 (blogue Palavras Certas).

7. Por último, faça-se referência a três dos programas que, à volta da língua portuguesa, são transmitidos pela rádio pública de Portugal:

– No Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 06/01/2022, às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), entrevista-se Joana Simões Piedade, autora, com Sofia Lopes, de Migrações e Interculturalidades: Conhecer para intervir em Sala de Aula. Recursos Pedagógicos para Formadores/Professores, obra dedicada à didática do Português para comunidades migrantes.   

– O número 9 da revista Platô, do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, é também tema de conversa com a linguista e professora universitária  Margarita Correia (ver supra), em Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 08/01/2023, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 14/01/2023, 15h30*). No programa, participa ainda a professora Carla Marques, com um apontamento acerca da pontuação, em especial, do uso da vírgula.  

Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2,  tem como como convidado o antigo jornalista e hoje vitivinicultor Pedro Luiz de Castro para falar do vinho de talha, da linguagem da TV e da rádio, e do anglicismo lobbying.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. O Ciberdúvidas retoma as suas atividades habituais e deseja a todos os seus consulentes um excelente ano de 2023, sem esquecer, claro, o cuidado que a língua merece e exige. Este novo ano traz, por um lado, a notícia do falecimento de figuras públicas de importância maior em áreas muito distintas: o Papa emérito Bento XVI e o futebolista Pelé. Estes acontecimentos convocaram para o espaço mediático a palavra velório, que designa a vigília feita a um defunto. Relativamente a este termo, esclareça-se que a sua origem é comum à de vela, pois ambos derivam do verbo latino vigilare, que significava «vigiar, ficar acordado». Velório resultou da junção do verbo radical vele do sufixo -ório, e passou a designar o ato coletivo de velar o defunto. Já vela formou-se a partir de velar por derivação não afixal (derivação regressiva), referindo o objeto de cera que iluminava no decurso das vigílias noturnas feitas aos defuntos. O início de 2023 fica marcado, por outro lado, pela tomada de posse de Lula da Silva, no Brasil. Este acontecimento deu particular realce à palavra cuidar, usada pelo novo presidente no seu discurso de tomada de posse. Este é um verbo de significação muito rica, que vai do plano físico ao emocional. Assim, o novo presidente do Brasil comprometeu-se perante os brasileiros a «prestar atenção», a «realizar algo com atenção», a «preocupar-se com algo», a «tomar conta»,  a «tratar» ou a «responsabilizar-se». Um excelente exemplo de como falar também implica intrinsecamente uma ação, como defendia o filósofo da linguagem Austin.   

2. Em português, a palavra cetro pode também grafar-se ceptro, um caso de dupla grafia que se justifica pelas duas possibilidades de pronúncia da palavra (com ou sem articulação do -p-). Esta é a explicação que integra a atualização do Consultório, à qual se vêm juntar sete novas respostas: «A regência de filiado», ««Morar com», «morar em» e «morar para»», ««A quantas ando» II», «Casadela», «Concordância no plural com dois infinitivos», «O português língua e o inglês language», «Inundamento, inundação».  

3.  A língua é sempre permeável a novidades e a criatividade linguística pode contribuir para enriquecer o léxico. É o caso do termo basculação, usado pela primeira vez pelo treinador português José Mourinho, como conta o jornalista João Querido Manha no trabalho que está a publicar no seu blogue sobre sobre a linguagem e a semântica do futebol, de A a Z.

Cf. BasculaçãoFutebolês

4. O crioulo de Querala, no sul da Índia, é ainda usado no país por um número muito residual de falantes, uma situação linguística descrita no artigo traduzido do inglês, onde se apresentam pormenores da investigação desenvolvida pelo professor universitário Hugo Cardoso (artigo transcrito com a devida vénia).

5. A professora universitária Margarita Correia apresenta um artigo de reflexão sobre algumas políticas linguísticas e educativas dinamizadas na Turquia (aqui transcrita com a devida vénia).  

6. O árabe tem sofrido uma clara evolução ao longo dos tempos. A comunicação nos países de língua árabe, que não é feita em árabe clássico, uma língua formal e literária, deu lugar a um conjunto de línguas nacionais e dialetos por vezes tão distintos que impedem a intercompreensão entre povos árabes. Todavia, atualmente, emerge uma espécie de pan-árabe que parece assegurar a comunicação entre os diferentes países. Esta é a matéria que nos é apresentada neste artigo traduzido do francês da autoria do jornalista Akram Belkaïd, transcrito com a devida vénia.  

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Coincidindo com a interrupção da atividade escolar na quadra do Natal, as atualizações do Ciberdúvidas têm igual paragem até 3 de janeiro de 2023, data em que serão retomadas normalmente. Durante o período festivo, fica encerrado o Consultório e reduz-se a frequência da divulgação de outros conteúdos nas demais rubricas. Como sempre, mantém-se o livre acesso ao extenso arquivo do Ciberdúvidas.

Para assuntos que não digam respeito ao esclarecimento de dúvidas, continuam disponíveis os contactos indicados aqui. Na imagem, Sagrada Família, representação integrante do retábulo que se encontra na Sé Catedral de Viseu e que é da autoria de Grão Vasco (c. 1475-c.1542).

2. Na última atualização do Ciberdúvidas em 2022, abordam-se os seguintes tópicos:

– No Consultório, as respostas dizem respeito ao uso da nominalização de invasão, a colocação dos pronomes átonos depois do advérbio aqui, ao nome comum caulino, ao nome próprio Oxalá e à expressão «produção de vídeo». A propósito dos Reis Magos, uma última questão: a pronúncia do nome de um deles – Belchior ou Melchior.

– Nas demais rubricas, apresenta-se uma reflexão sobre os verbos impessoais no ensino de Português Língua Estrangeira (Ensino), e transcreve-se com a devida vénia um artigo do escritor João Melo sobre a 26.ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo (Controvérsias). No reportório vocabular e fraseológico A covid-19 na língua, há três novas entradas, relativas às sequelas físicas e psicológicas da doença, sobretudo entre os jovens: os  termos miocardite e pericardite, o nome infelicidade e o anglicismo brain fog («nevoeiro cerebral»).

3. Duas notícias e uma crónica à volta de acontecimentos e efemérides que marcaram 2022 ou que definem já o horizonte de 2023:

– A invasão da Ucrânia ditou que oligarca fosse a palavra mais pesquisada em 2022 no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, conforme comunicado da empresa Priberam, dando conta da publicação em linha de O Ano em Palavras. Trata-se de uma lista de 24 entradas (duas por mês) que, em colaboração com a Agência Lusa, foram selecionadas como definidoras de 2022. Entre elas, contam-se maioria absoluta, estagflação, monarca, bicentenário, prevaricação e intempérie. Para saber a razão destas e das restantes escolhas, consultar as páginas de O Ano em Palavras e a nota de imprensa da Priberam em 15/12/2022.

– Em Angola, discute-se a inserção das línguas nacionais bantas e não bantas no sistema de ensino. Na abertura do II Seminário da CPLP sobre Português Língua Segunda para Professores do Ensino Primário, que decorreu em Luanda de 12 a 14/12/2022, a ministra angolana de Estado para a Área Social, Dalva Ringote, realçou a importância deste encontro para a partilha de experiências «que contribuem para a definição de uma estratégia a adotar no processo de inserção das línguas [bantas e não bantas] no currículo escolar» (Jornal de Angola, 13/12/2022).

– O 50.º aniversário do ISCTE, assinalado pela reitora desta instituição, Maria de Lurdes Rodrigues, em crónica incluída no Jornal de Notícias, em 15/12/2022, e da qual se destaca a seguinte consideração: «[...] A guerra mobiliza os jovens, não lhes permite continuar a estudar. A guerra destrói vidas humanas, cidades inteiras, infraestruturas, e também instituições, como as universidades, que demoram décadas a [ser construídas], mas que podem desaparecer num curto lapso de tempo.»

4. Recorde-se que também nas Notícias bem como no Facebook se encontra sempre informação atualizada sobre os conteúdos de três dos programas que, à volta da língua portuguesa, são transmitidos pela rádio pública de Portugal. São eles:

Língua de Todos, na RDP África, às sextas-feiras, às 13h20* (repetido no dia seguinte, pouco depois do noticiário das 09h00*);

Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, às 15h30*);

♦ e Palavras Cruzadas, um programa realizado por Dalila Carvalho e emitido nAntena 2, de segunda a sexta, às 09h50 e 18h50*.

* Hora oficial de Portugal continental.

5. Finalmente, associando-as aos nossos votos de Festas Felizes, ficam as palavras (também) evocativas do ambiente desta época no interior norte de Portugal, num poema de Miguel Torga (1907-1995):

Foi tudo tão pontual
Que fiquei maravilhado.
Caiu neve no telhado
E juntou-se o mesmo gado
No curral.

Nem as palhas da pobreza
Faltaram na manjedoira!
Palhas babadas da toira
Que ruminava a grandeza
Do milagre pressentido.
Os bichos e a natureza
No palco já conhecido.

Mas, afinal, o cenário
Não bastou.
Fiado no calendário,
O homem nem perguntou
Se Deus era necessário...
E Deus não representou.

Miguel Torga, Diário V

 

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1. A época festiva que se aproxima vem habitualmente acompanhada de um aumento da circulação rodoviária, o que implica, não raro, um crescimento do número de acidentes nas estradas. Esta é uma situação que coloca, entre outras, a questão da segurança dos automóveis, um domínio pelo qual as empresas automobilísticas se interessam cada vez mais. Neste âmbito, promovem estudos que visam desenvolver estruturas de proteção dos habitáculos das viaturas de modo a minimizar os efeitos de um choque no corpo humano. É neste contexto que Astrid Linder, engenheira sueca no ramo automóvel, desenvolveu o que foi descrito em português como o primeiro "dummy" feminino. Trata-se de um protótipo do corpo feminino que permite estudar os efeitos de colisão no corpo das mulheres, um domínio que, segundo a investigadora, está muito pouco estudado, uma vez que os protótipos são inspirados nos corpo masculino. Sendo esta uma experiência que merece reflexão e sobre a qual certamente muito se falará, sugerimos que se substitua o anglicismo "dummy", por exemplo, pelo termo «boneco de treino».

     Primeira imagem: Natividade (1720-22), Painel de azulejos atribuídos ao pintor Manuel da Silva, Claustro da Sé Catedral de Viseu. 

2. A palavra morrinhanha, que não tem registo dicionarístico, motivou uma análise de natureza lexical e morfológica, que procura identificar os processos de formação e o seu percurso de significação, cuja síntese se pode ler no Consultório. Aí encontram-se também as seguintes novas respostas: «O meu tempo e dinheiro», «Colocação pronominal depois de assim», «A sintaxe de ânimo», «Junta-panelas», «Os significados de aconchegado e aconchegante» e «A grafia de imuno-histoquímica». 

3. A identificação das classes de pertença de muito motivam a análise do comportamento da palavra em frases como «Este livro é muito interessante» e «Ao ler fiquei com muito medo», apresentada pela professora Inês Gama, no programa Páginas de Português, da Antena 2

4.  No Pelourinho, Paulo Barata, consultor do Ciberdúvidas, reflete sobre o uso indevido do termo expletivo em referência aos palavrões usados por Cristiano Ronaldo no contexto de um jogo do Mundial de Futebol. 

5. A professora brasileira Edleise Mendes apresenta algumas valências do projeto Cruzando Fronteiras, no âmbito da formação de professores em interculturalidade e bi/multilinguismo (crónica do programa Páginas de Português, da Antena 2). 

6. A importância das palavras, que tanto podem matar como salvar, é o ponto de partida para a reflexão de Alexandra Manes, deputada do Bloco de Esquerda na Assembleia Regional dos Açores, na qual se elencam as consequências destruidoras das palavras mal usadas e o caminho que importa percorrer para uma sociedade mais equilibrada, também no uso da língua (artigo publicado na página Esquerda.net transcrito aqui, com a devida vénia).  

7. Foi lançado o n.º 5 da revista Platô, organizada pelo ILLP e pelo Itamaraty. Trata-se de uma publicação que tem como título Nível lexical: as palavras e os termos, desafios político-linguísticos para o português, língua pluricêntrica.  A apresentação deste número é feita pela professora universitária Margarita Correia no seu artigo "A Platô, os projetos pluricêntricos do ILLP e as coincidências", publicado no Diário de Notícias

8. Registo ainda para as seguintes notícias:

– O projeto de tradução Ulisses a 18 vozes, da Ateliê Editorial, que apresenta a tradução de Ulisses, de James Joyce por 18 tradutores distintos (um por capítulo), como forma de celebrar os 100 anos da publicação do autor irlandês;

– O lançamento do Da Vinci 003, um chatbot (programa desenhado para simular uma conversa com utilizadores humanos, utilizado sobretudo em ambiente online) capaz de responder a perguntas sobre literatura ou de redigir um ensaio, tal como se explica nesta notícia

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1. Em Portugal, as notícias deram relevo a um escândalo de fuga ao fisco que permitiu arrecadar fortunas numa conta pessoal movimentada em homebanking. Este anglicismo tornou-se recorrente na atividade bancária e já tem registo dicionarístico em português, como designação do «serviço disponibilizado pelos bancos que permite aos clientes registados efetuar vários tipos de operações bancárias através do telefone ou usando a Internet» (Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa). Que o nome anglo-saxão ainda não tem equivalente exato em português é a conclusão a tirar perante a ausência de uma entrada lexicográfica vernácula. Numa pesquisa na Internet*, perfilam-se várias soluções adequadas, mas ainda em processo de seleção, a aguardarem usos estáveis*: telebanco, «banco ao domicílio», «banco eletrónico», «banco digital», «banco internético» ou «banco em linha» (melhor do que «banco online»).

* Consultaram-se em 09/12/2022 as páginas do Linguee, artigo "Banco internético" da Wikipédia e o portal da Agência de Gestão de Tesouraria e da Dívida Pública. Mencione-se a formulação económica e expressiva que a Caixa Geral de Depósitos (Portugal) achou para este tipo de serviço, «caixa direta», a qual, no entanto, parece limitar-se à comunicação deste banco.

2. No reportório vocabular e fraseológico A covid-19 na Língua, uma nova entrada: «covid zero flexibilizada», relativa ao pacote de medidas anunciado oficialmente na China e indicativo da flexibilização, a partir de 7 de dezembro de 2022, da rígida política de «covid zero», em resultado de uma onda de protestos sem precedentes no país.

3. A expressão «amigo pessoal» é um pleonasmo, mas o seu uso está absolutamente errado? A resposta junta-se a outras seis, num total de sete, que constituem a atualização do Consultório: "A grafia de ecoílha", "Como causal com indicativo ou conjuntivo", "Os significados de diálogo e conversa", "Os significados de acabar por, acabar em e acabar de", "O verbo deteriorar com pronome", "Fêmea com e aberto (Portugal)".

4. Na rubrica Notícias, dá-se conta das palavras e dos assuntos mais procurados pelos portugueses no Google – gugladas, forma aportuguesada já dicionarizada –, em 2022, conforme se pode apurar da informação veiculada pela comunicação social em Portugal. Entre as dez palavras mais procuradas, encontram-se nomes comuns – «alterações climáticas» –, nomes próprios – Mundial 2022UcrâniaRússia – e amálgamas de siglas associadas a estrangeirismos – por exemplo, IVAucher.

5. Do diversificado conjunto de atividades da Biblioteca Palácio Galveias (rede de Bibliotecas de Lisboa –BLX), é de destacar a comemoração dos 20 anos da Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação (APDSI). Esta entidade tem também desenvolvido ação importante na fixação terminológica da área da informação, materializada no Glossário da Sociedade da Informação. Sobre as muitas atividade que têm lugar na Biblioteca Palácio Galveias, ver aqui.

6. Relativamente a estudos e ensaios académicos acerca da língua portuguesa, assinale-se o presente dinamismo das publicações em linha. São exemplos:

– À volta da codificação do português em Angola, avulta o artigo "Proposta de Concepção de Dicionário de Português: um projecto em curso assente em análise de corpus sobre a variedade angolana", do linguista Márcio Undolo, na revista Modern Languages Open (MLO), da Liverpool University Press (Reino Unido). Este trabalho de Márcio Undolo faz parte do número especial de novembro de 2022, publicado em inglês e português com o título Língua e educação nos países lusófonos: teoria e prática.

– Do professor Onésimo Teotónio Almeida, refira-se o artigo "De 'Ilha da Vera Cruz' a 'Brasil' – revisitação à origem" (revista Antíteses, número especial Independência do Brasil – 200 anos, novembro de 2022, pp. 321-340), no qual o autor retoma uma questão ainda por esclarecer cabalmente: a da origem do nome Brasil.

7. Finalmente, uma referência a programas dedicados à língua portuguesa na rádio pública em Portugal:

– Em Língua de Todos, transmitido na RDP África, na sexta-feira, 09/12/2022, 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), De que modo podem os alunos aperfeiçoar a sua competência linguística? Sandra Duarte Tavares, linguista e habitual colaboradora do Ciberdúvidas, dá indicações para o melhoramento das competências linguísticas dos alunos.

– O Dicionário Crítico das Ciências Sociais dos Países de Fala Oficial Portuguesa é tema central em Páginas de Português, difundido pela Antena 2, no domingo, 11/12/2022, 12h30* (repetido no sábado seguinte, 17 de dezembro de 2022, às 15h30*). Este programa conta ainda com a crónica da linguista brasileira Edleise Mendes, sobre formação em interculturalidade e bi/multilinguismo.

– De segunda a sexta, às 09h50 e 18h50*, nAntena 2, emite-se Palavras Cruzadas, um programa realizado por Dalila Carvalho.

 * Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A eutanásia está, de novo, em discussão em Portugal. A Assembleia da República debate, pela terceira vez, a lei da eutanásia, que foi já objeto de dois vetos presidenciais. No plano linguístico, o termo formou-se a partir do grego eu- + thanatos, que se poderá traduzir como «boa morte» ou «morte sem dor». A par desta palavra, encontramos outras da mesma família que referem diferentes conceitos relacionados com o fim de vida: distanásia, que descreve o prolongamento da vida de um doente em fase terminal e do seu sofrimento através de processos artificiais (trata-se de uma opção eticamente reprovável por se tratar de uma morte lenta com dor); ortotanásia, que refere o ato de suspender os tratamentos que prolongam a vida de um doente de forma artificial e sem melhoria do seu estado de saúde. Este é também um momento pertinente para revisitar alguns textos disponibilizados no Ciberdúvidas que se relacionam com o tema: "Eutanásia", "Eutanásico" e "O direito à eutanásia".

2. A expressão «envelhecimento mais rápido», relativa aos resultados de um estudo sobre os sinais de envelhecimento patentes nos jovens no período pós-pandemia, é a nova entrada em A covid-19 na língua.  

3. A origem da palavra periclitante leva-nos até ao latim e ao verbo periclitare, como se explica na primeira das seis novas respostas da atualização do Consultório. A ela juntam-se «Município e concelho (Portugal)», «Mandar com oração subordinada infinitiva», «Coesão referencial e coesão frásica», «Os nomes prédio e edifício» e «A expressão latina odium figulinum».

4. A identificação da classe de pertença da palavra olhar na frase «O olhar é fundamental» e o processo de formação de palavras por conversão dão matéria à rubrica Dúvida da semana, apresentada pela professora Carla Marques no programa Páginas de Português da Antena 2. 

5. Na Montra de Livros, apresentamos duas novas publicações:

 – Porque se chama assim?, da jornalista Vanessa Fidalgo (ed. Oficina do Livro), que se dedica ao estudo de topónimos portugueses "estranhos", como Mil Almas ou Degolados;

Brevíssimo dicionário dos snobs, da escritora Rita Ferro (ed. D. Quixote), no qual, de forma bem-humorada, se faz o levantamento de algum léxico usado pela alta sociedade portuguesa. 

6. Com a devida vénia, partilhamos os seguintes artigos:

– A professora universitária e linguista Margarita Correia redige um artigo de apresentação do Encontro Nacional "Universidade: chave para o futuro", que assinala os 50 anos da criação do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, a reforma da universidade em Portugal, promovida por Veiga Simão, e o papel da universidade; 

Miguel Faria de Bastos, advogado e estudioso de interlinguística, apresenta as linhas gerais da tese de doutoramento da investigadora belga Heidi Goes, dedicada ao estudo da língua quiconga, falada em várias regiões de África, como por exemplo em três províncias de Angola;

– A malagueta e outros produtos naturais mais ou menos picantes são apresentados no artigo do vice-presidente da Sociedade Portuguesa de NaturologiaMiguel Boieiro

7.  A RTP, no âmbito do projeto #EstudoEmCasa, disponibiliza cursos de livre acesso, que permitem aos alunos dos diferentes ciclos de ensino não universitário estudar autonomamente diversas matérias.  

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Será que dizer ou escrever «a horrivelmente hipócrita sociedade contemporânea», com o adjetivo hipócrita anteposto ao nome, é uma expressão incorreta, por trair interferência gramatical do inglês? O tópico é comentado numa das sete respostas que atualizam o Consultório e que tratam ainda dos seguintes temas: os termos bifólio e epíteto; o uso de defunto e falecido; a elipse nas expressões «jornalista RTP» e «Mercedes-Benz Portugal»; e a contração daí.

2. Quando se fala de língua franca e de língua universal, supõe-se que generalizar um único idioma a toda a humanidade seja extremamente benéfico, por facilitar a comunicação. Ao longo da história, o inglês e outras línguas – naturais ou planeadas – têm ido ao encontro desse sonho, mas o monolinguismo pode bem ser, afinal, um pesadelo. Tal é o ponto de partida do jornalista francês Philippe Descamps para o editorial do recente número da revista Le Monde Diplomatique, texto que se traduz e disponibiliza na rubrica Diversidades.

3. No mês de dezembro, é com frequência que a comunicação social se refere aos passatempos que empresas da área editorial promovem para seleção das palavras que marcaram o ano que finda. É o caso da Porto Editora, que, em 01/12/2022, divulgou uma lista de dez palavras «[elaborada] através das sugestões recebidas no site da iniciativa, das pesquisas dos utilizadores feitas no Dicionário da Língua Portuguesa e do trabalho permanente de observação e acompanhamento da realidade da língua portuguesa». As palavras sujeitas a votação para escolher “a palavra do ano” de 2022 são abusos, ciberataque, energia, guerra, inflação, juros, nuclear, rainha (referente a Isabel II), seca e urgências (pormenores em Palavra do Ano e nas notícias do Público).

4. Registo de três dos programas dedicados à língua portuguesa na rádio pública de Portugal:

Língua de Todos, transmitido na RDP África, (sexta-feira, 02/12/2022, 13h20*; repetição no dia seguinte, 09h05*), centra-se no debate "Internacionalização da universidade e o português como língua de conhecimento", que se realiza em 07/12/2022, integrado nas comemorações do 50.º aniversário do ISCTE.

– Em Páginas de Português, difundido pela Antena 2 (no domingo, 04/12/2022, 12h30*; repetição em 10/12/2022, 15h30*), fala-se do lançamento do Dicionário da Língua Portuguesa Medieval, resultante de um projeto desenvolvido no Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (CLUNL), e de classes de palavras (apontamento da professora Carla Marques).

– Refira-se ainda o programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2, de segunda a sexta, às 09h50 e 18h50*.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O futebol relata-se, analisa-se, questiona-se, sempre por meio de uma língua veicular. Por essa razão, o português é também língua de futebol. Este está presente nas transmissões em direto ou em diferido, nos tempos de antena, nas entrevistas, nas conferências de imprensa ou nos momentos de debate. No entanto, a língua portuguesa, como fonte fundamental de comunicação, não tem, no Campeonato Mundial de Futebol 2022, tido direito ao cuidado e à atenção que merecia, ora porque é facilmente substituída pelo inglês ora porque a ortoépia deixa muito a desejar, ora simplesmente porque a pobreza lexical grassa à mistura com uma informalidade que não se coaduna com o contexto e que chega a ser constrangedora. Estes e outros aspetos são assinalados no apontamento Futebol a rodos – e o pior do futebolês, da autoria do jornalista José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas. 

2. Em A covid-19 na língua, registamos a entrada da expressão Centros de quarentena, que dá conta da medida extrema que está a ser adotada na China como medida de contenção da evolução da pandemia face ao aparecimento de novas infeções, com os  correspondeentes protestos da pppulação, sem precedentes no país.  

3. A questão da linguagem inclusiva, que se vai impondo a par da crescente procura por situações de igualdade de género em diferentes contextos, oferece dúvidas em muitas situações de escrita formal por ainda não existirem usos estabilizados e considerados normativos. É esta situação que dá origem à dúvida relacionada com o uso do artigo definido com nomes como trabalhador. O significado algo opaco da expressão «Aqui há atrasado» é explicado noutra resposta disponível na atualização do Consultório. A estas questões juntam-se outras três: «Ato ilocutório assertivo: «Ele assegura que ela dialoga»», «Coesão: «duas irmãs mais velhas» e «a irmã mais nova» e «O uso de ante  em Pernambuco (Brasil)».

4. A escrita de Saramago e, em particular, a sua forma de transpor o discurso direto da oralidade para a escrita constitui o assunto nuclear do apontamento da professora Carla Marques no programa radiofónico Páginas de Português da Antena 2, que aqui se pode ler na sua versão escrita.

5. O lançamento do Dicionário da Língua Portuguesa Medieval, coordenado por João Malaca CasteleiroMaria Francisca Xavier e Maria de Lourdes Crispim, constitui o foco do artigo da professora universitária e linguista Margarita Correia, publicado no Diário de Notícias (aqui transcrito com a devida vénia).  

6. Um registo final para o portuglish, um produto do contacto de línguas que designa utilização de palavras adaptadas do inglês pelas comunidades portuguesas a viver nos Estados Unidos, de que são exemplo jumpar ou ou ringar, tal como se pode ler neste apontamento