A escritora, ensaísta, artista plástica, crítica literária, pedagoga e ativista cívica e cultural portuguesa Eduarda Dionísio, autora, entre outros livros, de Retrato Dum Amigo Enquanto Falo, considerado um «livro fundamental da ficção portuguesa dos anos 70, simultaneamente reportagem e vivência pessoal do período que vai do final da ditadura ao pós-25 de Abril», faleceu em Lisboa, no dia 22 de maio de 2023, vítima de doença oncológica. Tinha 77 anos de idade.
Nascida em Lisboa, em 1946, filha do escritor e pintor Mário Dionísio e da professora Maria Letícia Silva, Eduarda Dionísio era licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa.
Foi professora do ensino secundário em várias escolas de Lisboa, autora, com a mãe, de livros escolares para o ensino do Português, tendo participado no movimento estudantil contra o salazarismo antes do 25 de Abril. Fundou a revista Crítica em 1971, com colaborações em publicações como a Seara Nova e o Diário de Lisboa, entre outras.
Em nota de pesar publicada na página oficial da Presidência da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa evocou a «ficcionista, dramaturga, tradutora (Shakespeare, Schnitzler, Brecht, Müller, Fosse), ensaísta, jornalista, professora, sindicalista e ativista cultural, [que] foi figura muito relevante de uma geração politicamente empenhada, antes e depois do 25 de Abril». Como dramaturga, colaborou com o Teatro da Cornucópia, nomeadamente com uma colagem de textos de Raul Brandão, Primavera Negra.
Eduarda Dionísio dirigia a Casa da Achada, em Lisboa, onde se encontra o espólio do pai.