A Galiza celebra em 17 de maio mais um Dia das Letras Galegas, em 2023 dedicado à figura de Francisco Fernández del Riego, um dos grandes impulsionadores da importante Editorial Galaxia, sediada em Vigo.
O Dia das Letras Galegas é festejado desde 1963, e as figuras evocadas são sempre escolhidas entre autores já falecidos que se notabilizaram pelo uso literário do galego e pela defesa deste idioma. Desta vez, a personalidade homenageada, Fernández del Riego, é precisamente quem em 1963 escolheu o dia 17 de maio para assinalar o centenário da 1.ª edição, em 1863, de Cantares Galegos de Rosalía de Castro (1837-1885).
Francisco Fernández del Riego nasceu em 1913, em Lourenzá, no nordeste da província de Lugo. Em 1930 começou o curso de Direito em Madrid e, no ano seguinte, transferiu-se para a Universidade de Santiago de Compostela, onde concluiu estudos em 1934. Pertenceu à geração de intelectuais surgida à volta da geração Nós e, durante a Segunda República Espanhola (1931-1936), foi membro do Seminario de Estudios Galegos e do Partido Galeguista. No decurso da Guerra Civil Espanhola, alistou-se para evitar represálias por causa das suas atividades políticas. Com o fim do conflito, instalou-se em Vigo, onde começou a trabalhar, primeiro, como professor no ensino particular e, depois, como advogado. Com Ramón Piñeiro e Xaime Isla Couto, foi um dos principais impulsionadores da Editorial Galaxia (1950), a qual teve um papel fundamental no processo de recuperação cultural na Galiza do pós-guerra. Em 1963, esta editora lançou a revista Grial, que Fernández del Riego codirigiu e para a qual contribuiu assiduamente com recensões literárias e artigos. Mais tarde, foi presidente da Real Academia Galega (RAG) entre 1997 e 2001. Autor de extensa obra, da qual se destacam ensaios sobre a cultura e a literatura galegas como Historia de la literatura gallega (1951), Galicia no espello (1954), Diccionario de escritores en lingua galega (1990) e A xeración Galaxia (1996). Ao seu interesse pela literatura estrangeira, pela narrativa e pela literatura de viagens, devem-se também outros livros – por exemplo, Letras do noso tempo (1974), O cego de Pumardedón (1992) e As peregrinacións xacobeas (1984). Faleceu em Vigo em 2010.
Como aconteceu com quantos se comprometeram com o nacionalismo galego, Fernández del Riego participou ativamente no debate sobre a normalização e normativização do galego. Também participou na discussão da convergência do galego com a língua portuguesa, muito embora o reintegracionismo lhe tivesse suscitado reservas. Amigo de Ricardo Carballo Calero (1910-1990), linguista e filólogo que se distinguiu pelas suas teses lusistas, e grande admirador do filólogo português Manuel Rodrigues Lapa (1897-1989), Fernández del Riego conhecia bem o mundo de língua portuguesa, relação que deixou plasmada no livro Escritores de Portugal e do Brasil (1984).
Um extenso programa de atividades nos âmbitos literário, desportivo, musical, cénico, académico e escolar marca os festejos de 2023, por iniciativa da Xunta de Galicia, da RAG, do Consello da Cultura Galega e da Corporación Radio e Televisón de Galicia (CRTVG).
Mais informação num depoimento do próprio Fernández del Riego, no seguinte vídeo (Youtube, 13/05/2011):
"Francisco Fernández del Riego" (Wikipédia em galego) e Letras Galegas 2023 (Xunta de Galicia).