1. Na sequência das eleições eleitorais na Turquia, a comunicação social considera que Erdoğan, o vencedor, é o «homem de ferro da Turquia». Por seu turno, este afirmou, no seu discurso de vitória, que «a Turquia é feita de aço inoxidável». Em ambos os casos, estamos perante um processo de criação metafórica. A metáfora é usada como forma de associar conceitos preexistentes, retirados de um determinado campo lexical, a novas realidades que se pretende descrever. Deste modo, ao associar-se Erdoğan ao Homem de Ferro, está-se a atribuir ao presidente turco a capacidade de resistir a todas as dificuldades. Quando o próprio presidente considera que o seu país é feito de aço inoxidável, pretende atribuir aos cidadãos o mesmo traço de resistência, de alguém que não é corroído nem pelas maiores adversidades. A metáfora surge, assim, como um processo muito rico e, simultaneamente, económico para caracterizar pessoas e situações por meio da sua identificação com aspetos de realidades previamente conhecidas.
A este propósito, recorde-se como a metáfora se revelou um processo muito importante em períodos como o da covid-19 ou em momentos políticos mais intensos, tal como o documentam os textos disponibilizados no Ciberdúvidas: «Metáforas, terreno fértil da política», «O túnel e a luz», «Das linhas de trincheira ao olho do furacão», «Bala de prata contra a imortalidade», «Dos caminhos da pandemia às doenças da sociedade» e «A nossa casa e as portas que se fecham e que se abrem».
2. Integrará a expressão «meio ambiente» a lista de pleonasmos viciosos? Dever-se-á preferir a palavra ambiente a «meio ambiente», dado que são termos sinónimos? Estas são as dúvidas que marcam a controvérsia na qual se inclui o texto apresentado por Carlos Rocha, coordenador executivo do Ciberdúvidas.
3. O Ciberdúvidas é, para milhares de leitores e consulentes, um espaço de referência e de qualidade no âmbito do esclarecimento de vários aspetos relacionados com a língua e da orientação para os usos corretos. Neste quadro, a professora Carla Marques apresenta uma breve nota que dá a conhecer as três respostas mais visitadas do Ciberdúvidas.
4. Será possível a utilização da expressão «círculo virtuoso» a par de «círculo vicioso»? Esta é a questão que abre a atualização do Consultório. A ela juntam-se as respostas às seguintes dúvidas: Como abordar as noções de sujeito e de predicado no primeiro ciclo? Qual a concordância do verbo com pronomes coordenados pela conjunção ou? Poderemos utilizar o verbo evoluir com um comportamento transitivo? Como identificar frases optativas e frases imperativas? É possível o neologismo credencialismo? Cotitularidade é sinónimo de contitularidade?
5. Na Montra de Livros apresenta-se a nova publicação da Porto Editora destinada a falantes de português como língua estrangeira: Português Já – Iniciação, que visa essencialmente a prática gramatical e o desenvolvimento lexical.
6. Margarita Correia, professora universitária e linguista, no seu artigo intitulado «A descolonização da língua portuguesa» questiona as relações que Portugal mantém com os países de língua oficial portuguesa e a relação que estes, por seu turno, mantêm com a língua portuguesa. Um assunto que exige uma reflexão séria (partilhado com a devida vénia).
7. O professor universitário e tradutor Marco Neves analisa o provérbio «Quem não tem cão caça com gato» no sentido de determinar a sua correção (apontamento partilhado com a devida vénia).
8. Entre os acontecimentos de relevo relacionados com a língua, destaque para a aula aberta dinamizada pela professora Carla Marques a propósito da didática do oral, um evento com lugar na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, com possibilidade de acompanhamento por zoom (https://videoconf-colibri.zoom.us/j/5718913258 / ID da Reunião – 571 891 3258) (notícia aqui).