DÚVIDAS

«É a tua irmã» vs. «é tua irmã»

Ultimamente tenho recebido muitas perguntas dos meus amigos que imigraram recentemente para Portugal e estão a tentar aprender a língua. De facto são muitas as dúvidas e poucas as fontes de informação.

Uma das questões mais confusas é o uso do artigo definido antes dos pronomes possessivos.

Por exemplo:

– Pedro, a Filipa é (tua/ a tua) irmã?

– Qual é (sua/ a sua) profissão?

Acho que as duas formas são aceitáveis, no entanto, sendo estas perguntas retiradas de um teste de português, acredito que haja “a resposta”.

Agradecia que me esclarecessem essa questão.

Resposta

No português de Portugal, o possessivo é geralmente acompanhado de artigo definido:

(1) Já falei com o teu professor.

Depois do verbo ser, também se verifica este uso:

(2) Este senhor é o meu professor.

Em (2), diz-se que a pessoa em referência («este senhor») é a mesma pessoa que é «o meu professor», sugerindo que quem profere a frase só tem um professor.

Contudo, há também a possibilidade de omitir o artigo definido, com uma pequena diferença de significado:

(3) Este senhor é meu professor.

Em (3), indica-se que há outras pessoas que podem também ser «meu professor» ou «minha professora».

Trata-se, portanto, de um caso muito particular, que só se domina com algum tempo de prática de uso do português. Em todo o caso, não é um ponto essencial para a comunicação.

Quanto ao possessivo que ocorre na interrogação, não se trata de uma frase com o verbo copulativo ser, a forma normal em Portugal é a que associa o artigo definido ao possessivo:

(4) Qual é a sua profissão?

Há outras situações em que o artigo definido também se omite, mas são casos de expressões fixas, muitas vezes utilizadas no discurso escrito e oral mais formal:

(4) Esta casa está em meu nome. (ou seja, eu sou o proprietário oficial desta casa)

(5) Na conta do restaurante havia um erro a meu favor. (eu paguei menos do que devia)

Lembramos que, no Brasil, é mais frequente a omissão do artigo definido:

(6) Você conhece meu pai? (também o «meu pai»; em Portugal, a forma corrente é «o meu pai») 

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