Na frase «Já havia quem lhe apontasse o defeito...», a oração «quem lhe apontasse o defeito» desempenha a função sintática de complemento/objeto direto do verbo haver.
Quando o verbo haver tem a aceção de «existir», só pode ser usado na terceira pessoa do singular, uma vez que é impessoal, o que significa que não seleciona um sujeito, mas pode selecionar complementos.
No caso particular da frase apresentada pela consulente, o verbo haver (verbo principal da frase) seleciona um argumento interno oracional com a função de complemento/objeto direto, na medida em que tem um sentido existencial. Sobre isto, na Gramática da Língua Portuguesa de Maria Helena Mira Mateus et. al., afirma-se que haver «seleciona um argumento interno complemento/objeto direto, marcado com caso acusativo» (p. 302).
Atente-se, por exemplo, na frase (1). É possível substituir o termo barulho pelo pronome clítico acusativo o, como se verifica pela gramaticalidade de (2), comprovando que se trata do complemento/objeto direto da frase.
(1) Já havia barulho.
(2) Já o havia1.
O espaço que é preenchido por barulho em (1), é, na frase apresentada pela consulente, preenchido pela oração «quem lhe apontasse o defeito», que tal como barulho desempenha a função de complemento/objeto direto.
1. O pronome clítico acusativo nesta frase está colocado antes do verbo devido ao advérbio já.