1. Os recentes acontecimentos políticos em Portugal geraram dois neologismos que têm ocupado as primeiras páginas da imprensa nacional: Galambagate e Costagate. Estes termos recentes estão relacionados com o escândalo político que envolve o ministro das Infraestruturas João Galamba e os acontecimentos que tiveram lugar a 26 de abril, nas instalações do seu Ministério, envolvendo vários membros da sua equipa e que vieram juntar-se ao escândalo político que envolve a TAP, a transportadora aérea portuguesa. Os factos que aí tiveram lugar, de contornos ainda pouco claros e com versões diferentes, encontram-se a ser averiguados por uma Comissão Parlamentar de Inquérito e fazem correr muito tinta, abalando as estruturas do governo português. As palavras Galambagate e Costagate resultam da junção dos apelidos dos políticos João Galamba e António Costa, primeiro-ministro português, ao sufixo inglês -gate, o qual refere uma situação que causa choque público ou reprovação social. A forma sufixal -gate é abstraída de Watergate, nome do conjunto de edifícios que se situa em Washington, nos Estados Unidos, e que esteve no centro do escândalo político ocorrido na década de 1970 que levou à renúncia do presidente Richard Nixon.
2. Poderá o complemento indireto ser introduzido pela preposição para? Esta é uma questão que envolve alguma complexidade no plano da análise sintática e para a qual propomos uma interpretação numa de oito respostas que disponibilizamos na atualização do Consultório. Neste âmbito, poderão ainda ser consultadas as seguintes questões: ««Fora de» e «de fora de»», «O tipo de sintagma de lhe», «Qualquer associado à negação», «O verbo imprescindir», «Anosognosia e anosognose», «O nome pernoite» e «Antecedentes de anáfora nominal e de pronomes relativos».
3. A propósito de uma incorreção relacionada com uma possível etimologia das palavras chá e te, no decurso de um espetáculo, a colaboradora do Ciberdúvidas Sara Mourato vem esclarecer, num breve apontamento, que tea advém do português chá, que, por sua vez, tem origem no mandarim ch'a.
4. O professor universitário Marco Neves dedica um novo artigo à escrita e à sua evolução, que organiza em três fases: a invenção da escrita, a criação da imprensa e a generalização da aprendizagem da escrita a grande parte da população (divulgado no blogue do autor Certas Palavras e aqui transcrito com a devida vénia).
5. O que se considera correto e incorreto no português do Brasil é, muito frequentemente, alvo de discussões que se processam em diferentes planos. Já em 2011, o escritor, analista e cronista José Horta Manzano discutia esta questão defendendo que os brasileiros deveriam aceitar que existem variantes no uso do português do Brasil. Esta é uma questão que mantém toda a sua atualidade (texto publicado originalmente no jornal brasileiro Correio Braziliense).
6. O ex-jornalista português João Querido Manha apresenta um breve texto no qual reflete sobre os seus apelidos, a sua origem e a forma como se foi relacionando com eles (texto apresentado no blogue do autor, aqui transcrito com a devida vénia).
7. Nos três programas que a rádio pública em Portugal dedica à língua portuguesa, os temas centrais são:
– Os preconceitos dialetais numa conversa com a professora e investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra Clara Keating, em Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 26/05/2023, às 13h20* (repetido no dia seguinte, pouco depois do noticiário das 09h00*);
– A conceção e a elaboração de manuais escolares numa entrevista com a professora e investigadora de CELGA/ILTEC da Universidade de Coimbra Carla Marques, no Páginas de Português, emitido na Antena 2, no domingo, 28/05/2023, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, dia 3/06/2023, às 15h30*). Este programa conta ainda com a participação da linguista Sandra Duarte Tavares, que analisa gramaticalmente as frases «Obrigado por teres aceite o meu convite» e «Obrigado por teres aceitado o meu convite»;
– Que palavras ficaram no léxico do português após as invasões francesas é o mote da conversa com o historiador e romancista João Pedro Marques, no programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*).
*Hora oficial de Portugal continental