Novamente mídia, média e "media"
A directa assimilação de palavras estrangeiras, adaptadas à grafia ou à fonética, não é novidade em Portugal.
É de estranhar que os léxicos portugueses incluam uma "corrupção" fonética do termo inglês media (em inglês diz-se "mídia") que é usado em diversos contextos com significados diferentes:
— meios de comunicação social, suportes de dados, formatos de ficheiros áudio e vídeo.
Das novas palavras relativas à ciência computacional já inseridas nos dicionários e que por não terem correspondências ou homónimos foram adaptadas ao novos significados: clique/clicar (click), disquete (diskette), formato/formatar (format), etc.
Ser contra estes estrangeirismos é no mínimo bacoco, pois o vocabulário provém do inglês e contra isso não há nada a fazer, excepto evitar as divergências entre original, o significado e a sua tradução.
Dada a troca de sons, do inglês para português, o e inglês diz-se "i", devia-se neste caso particular de media adoptar a fonética em detrimento da grafia. Ou seja "mídia".
O principal problema é que as crianças e os jovens que se deparam com a palavra media ou média ambas com significados muito diferentes da palavra original em inglês. Se por um lado media é um tempo do verbo medir («eu/ele media»), média é o «quociente da divisão de uma soma pelo número das parcelas».
A minha pergunta é: como é que se pode "oficializar" um "erro de dicção de uma palavra inglesa" em dicionários respeitáveis, perpetuando assim esse erro, e afectando de sobremaneira a credibilidade dos responsáveis desses dicionários que aparentemente não sabem falar inglês?
