1. A atualidade internacional centra-se na destruição da barragem de Kakhovka, na Ucrânia, e nos enormes incêndios que lavram no Canadá, mas, em Portugal, também se dá destaque às eleições realizadas em 04/06/2023 na Guiné-Bissau, que deram a maioria absoluta à coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI)-Terra Ranka. Recorde-se que a Guiné-Bissau, membro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), revela importante diversidade linguística, onde o português, apesar de língua oficial, continua pouco consolidado. Grande parte da população tem o crioulo nacional como língua materna, e, desde o berço, muitas pessoas falam igualmente as línguas históricas deste território, como sejam o balanta, o fula, o manjaco, entre outros idiomas pertencentes à grande família linguística Níger-Congo. Esta situação, associada a grande instabilidade política, torna de algum modo pouco expressivo o envolvimento deste país nas iniciativas de política linguística da CPLP.
A respeito da situação do português da Guiné-Bissau, sugere-se a leitura dos seguintes artigos: "Um alerta guineense", "A língua e os nomes na Guiné-Bissau", "O ensino na Guiné-Bissau", "Jornalismo em crioulo de Cabo Verde e da Guiné-Bissau exercido pela primeira vez em Portugal" e "A Guiné-Bissau e a luta pelo futuro". Sobre outros aspetos linguísticos, ler também: "Os gentílicos da Guiné, da Guiné-Bissau e da Guiné Equatorial", "Os nomes pátrios da Guiné Equatorial e da Guiné-Bissau" e "'Fiz cinco anos no Brasil' (português da Guiné-Bissau)". Na imagem, "Boémio", do pintor guineense Lemos Djata (Bissau, 1981).
2. Se se diz «esse argumento pouco vale», por que razão se usa também «de pouco vale»? Não será a preposição de aqui supérflua? A resposta está no Consultório e faz parte do conjunto de oito esclarecimentos que constituem a atualização deste dia. Além da expressão «de pouco vale», comentam-se o uso de «a seu lado», a grafia de Porto Novo (capital do Benim), a etimologia de animação, a construção «pode ser que...», um caso de haplologia sintática, a análise de um complemento do adjetivo e a identificação de um caso de coesão lexical por substituição.
3. O que significa exatamente aprender uma língua? Será que aprender a língua materna na infância é cognitivamente o mesmo que aprender uma segunda língua já na idade adulta? Em O Nosso Idioma, um apontamento de Inês Gama, consultora do Ciberdúvidas, aborda a distinção entre dois conceitos nos estudos linguísticos mais recentes, o de aquisição e o de aprendizagem.
4. No final de 2022, as Edições Colibri (Lisboa) lançaram o Dicionário Português-Árabe, de Abdeljelil Larbi e Délio Próspero. Na Montra de Livros, dedica-se uma breve nota a este um trabalho pioneiro em Portugal.
5. Nas Controvérsias, a propósito do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas, o qual se festeja em 10 de junho, transcreve-se um artigo de opinião (Público, 08/06/2023), da professora Maria do Carmo Vieira, muito crítica em relação ao ensino da língua materna no contexto do currículo dos ensinos básico e secundário de Portugal. Na mesma rubrica, partilha-se outro conteúdo sobre um tema também polémico, mas discutido em tom conciliador e reflexivo: trata-se do vídeo que o professor universitário e tradutor Marco Neves elaborou a respeito do impacto social e cognitivo das ferramentas que as tecnologias de Inteligência Artificial produzem (Youtube, 05/06/2023).
6. O Dicionário Priberam Online de Português apresentou-se em 06/06/2023 com aspeto renovado e funcionalidades melhoradas. Nas Notícias, dá-se conta da novidade.
7. Dos programas que, na rádio pública de Portugal, versam sobre língua portuguesa, salientam-se:
– O programa Língua de Todos, difundido na RDP África, cuja emissão de sexta-feira, 09/06/2023, 13h20* (repetido no dia seguinte, 09h05*), tem a participação da professora Sandra Duarte Tavares, para falar de renovação lexical e explicar com exemplos a diferença entre neologismos, estrangeirismos e empréstimos.
– Páginas de Português (Antena 2), que, no domingo, 11/06/2023, às 12h30* (repetido em 17/06/2023, 15h30*), conta também com a intervenção de Sandra Duarte Tavares para analisar aspetos do funcionamento do português, por exemplo, o valor semântico do prefixo des nas palavras desleal e desmentir; ou, ainda, a confusão resultante da semelhança fonética e gráfica de alguns verbos (mungir e mugir, folhear e desfolhar, e descriminar e discriminar).
– No programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2, o tema é o léxico do amor online, nas emissões de 12 a 16 de junho (segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50). A convidada é Rita Sepúlveda, investigadora do Instituto da Comunicação da Universidade Nova e do ISCTE, que estuda há sete anos os relacionamentos românticos em plataformas de encontros.
* Hora oficial de Portugal continental.