A palavra eleições veio, neste janeiro de 2022, assumir a dianteira, passando a ocupar lugar de topo entre as palavras mais convocadas. Uma eleição é um ato de escolha ou de dar preferência a algo ou a alguém.
A origem desta palavra encontra-se no termo latino electio, que, por seu turno, derivou do verbo eligere. Este formou-se em latim a partir da junção do prefixo e, com valor de «para fora», e do verbo legere, com o sentido de «tomar». Desta união resultou a ideia de arrancar ou colher. Tirar uma maçã da árvore é tomá-la para fora do seu espaço e este ato expressava-se com o verbo eligere.
Desta significação de âmbito físico nasceram outras de natureza psicológica como as ideias de escolher, selecionar, separar ou a de fazer uma escolha feliz. Assim, atualmente proceder a uma eleição é escolher alguém ou manifestar preferência por alguém. Mas esta palavra ganhou também a ideia de qualidade bem patente em expressões como «livro de eleição» ou «um restaurante de eleição». Um traço semântico que virá talvez da ideia de escolha feliz que estava na origem da palavra.
O certo é que ainda hoje eleger alguém é tirá-lo para fora de um espaço onde se encontram todos os candidatos, é separá-lo e distingui-lo dos restantes. E isso significa que ele é o melhor, que ele é, para nós, o trigo no meio do joio.
Este é o desafio que nos trazem estas eleições que agora se aproximam. Por isso, é chegada a hora de tomar para fora alguém e de procurar fazer uma escolha feliz.
Áudio disponível aqui:
[AUDIO: Eleições_Carla Marques]
Crónica incluída no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 9 de janeiro de 2022.